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22 de Julho de 2014 às 20:40

Ser Espiritual

Luís Portela é médico e um gestor de reconhecido mérito e sucesso da Bial – uma das empresas farmacêuticas de referência no país e na Europa.

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Dele esperamos a ciência e o seu método nos seus expoentes máximos. Neste livro, escreve-nos sobre espiritualidade, a alma, a reencarnação, vida extraterrena, parapsicologia, telepatia, psicocenése e outras "pseudociências". Foi, para mim, o suficiente para suscitar a curiosidade e tentar descobrir, a conselho de um amigo, este "Ser Espiritual".

 

O autor começa por nos chamar a atenção para uma evidência: a Humanidade tem evoluído de forma significativa nos domínios da tecnologia, do material, do tangível, daquilo que é facilmente observado pelos sentidos e facilmente racionalizado. Mas, defende, tem sido esquecida ao longo dos últimos séculos, ou pelo menos negligenciada, a nossa vertente espiritual.

 

O autor coloca a "fasquia" alta: pretende-se cruzar os saberes tradicionais com os resultados da investigação científica recente. O autor pede-nos que a leitura seja feita de mente aberta, com "despojamento de conceitos e preconceitos".

 

A ideia de que o Homem é um ser espiritual está presente ao longo da obra e é algo que intuitivamente não custa a aceitar – basta olhar para a História, à nossa volta e para nós próprios, para o que sentimos. Bem mais difícil é aceitar como provado cientificamente o que nos vai sendo apresentado capítulo a capítulo. As referências aos estudos científicos são quase sempre precárias e vagas. Nesse sentido, é um livro muito especulativo, mais escrito com a perceção e intuição do que com a razão e a prova consciente. É verdade que a Humanidade não está, nem nunca estará, na capacidade da compreensão plena dos fenómenos e da própria sua condição, mas é difícil distinguir o "trigo do joio" entre o que Luís Portela nos apresenta. As teorias podem fazer "sentido", mas estão muito longe de se encontrarem demonstradas, pelo menos neste livro.

 

Mesmo assim, há muito de positivo neste "Ser Espiritual". Antes de mais, o destaque à componente não racional do Homem, que nos ajudaria no autoconhecimento, a aceitar os outros e a ter uma perspetiva mais holística do Homem. Além disso, o autor mostra-nos a importância da reflexão, da tolerância, da sensibilidade e da responsabilidade que cada homem tem na condução da sua vida. Os capítulos sobre Sensibilidade, Reflexão e Transparência são bem conseguidos e justificam a leitura desta obra.

 

Os temas abordados são presa fácil do charlatanismo. Não creio que seja o caso de Luís Portela que, de uma forma sincera, nos partilha o seu processo de descoberta pessoal. Para muitos, poderá ser a introdução a temas nunca antes abordados. Mas, importa destacar que o livro nada comprova, do ponto de vista científico, as teorias que o autor considera como válidas.

 

A obra vale pela importância dada à espiritualidade e por convidar o leitor mais humilde e curioso a uma reflexão individual sobre o que somos e onde nos inserimos. Num período de férias, em que poderá haver um pouco mais de tempo para deixar a mente "à solta", parece-me um exercício interessante.

 

Autor: Luís Portela

Editora e Data: Gradiva - 2013

Frase: "A grande maioria da Humanidade admite a existência de algo para além do corpo físico. Uns falam de alma, outros de espírito. Uns admitem a eternidade, outros não. (...) Mas vai existindo um certo consenso de que a nossa partícula essencial é imaterial e, por isso, não é suscetível de ser vista, ouvida, cheirada ou tocada."

Palavras-chave: "Mundo-Escola"; "Espírito/Alma"; "Reencarnação"; "Trajetória Evolutiva"; "Superstrings"; "Responsabilidades"; "Krishnamurti"; "Reflexão".

Apreciação: ***

 

 

Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros

 

Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico.

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