Criatividade

"Criatividade"

Ed Catmull tinha um sonho: fazer o primeiro filme de animação recorrendo apenas a computadores. Em "Criatividade", conta-nos de forma intimista o percurso até conseguir realizar o seu sonho e de como isso foi apenas o início de uma grande aventura.

A primeira longa-metragem de animação computorizada foi "Toy Story". O autor deste livro é o cofundador e presidente da Pixar, a empresa que nos trouxe também "À procura de Nemo", "Uma vida de inseto", entre outros.

Não é fácil perceber qual o propósito do autor com esta obra. Por vezes, parece que apenas nos quer contar a sua história, relatando a sua biografia, tentando deixar um legado e um registo. No entanto, o livro aparenta ter dois objetivos mais importantes. Após testemunhar o sucesso e colapso de empresas em Silicon Valley, há a preocupação de responder a estas perguntas: o que leva pessoas inteligentes a tomar decisões que fazem as suas empresas descarrilar? O que provoca a implosão de empresas de sucesso? O outro objetivo é deixar descrita uma filosofia de gestão, com marca de autor. Dado o percurso pessoal de Catmull, a forma como vê a gestão confunde-se com o ADN da Pixar. Percebe-se que o autor tem a vontade de preservar ao máximo o que tem distinguido a Pixar e que acredita ser o motivo do sucesso da empresa.

É dada importância à escolha das melhores pessoas, da lealdade e à criação de ambientes que promovam a franqueza. Pretende-se que qualquer dos membros da equipa possa detetar e resolver problemas com autonomia. "As ideias são menos importantes do que as pessoas" é um dos conceitos fortes e várias vezes repetidos. Apesar de não conseguir estar à altura da chamada da capa ("Talvez seja o melhor livro de gestão alguma vez escrito"), "Criatividade" consegue cumprir os seus objetivos e, além disso, ser uma leitura muito agradável.

O livro tem quatro partes e dois "extras". Começa por descrever o início da carreira do autor e da Pixar, lembrando o papel decisivo que George Lucas e Steve Jobs tiveram na empresa. Conta-se a história dos primeiros projetos, a afirmação da Pixar e a sua venda à Disney, sendo importante destacar como manteve a sua autonomia. Fala-se depois do futuro e do que há a fazer, abordando-se pelo caminho duas ferramentas importantes para assegurar que a Pixar e os seus projetos mantêm o objetivo final da excelência - o "Braintrust" e o "Dia de Notas". Os dois "extras" são interessantes: uma homenagem emocionada a Steve Jobs, reclamando ter sido a pessoa que mais tempo trabalhou com o fundador da Apple e um resumo da filosofia de gestão da Pixar que, espera, resulte numa cultura criativa.

Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros

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