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Fernando Sobral - Jornalista fsobral@negocios.pt 15 de Dezembro de 2016 às 00:01

Lavoisier e a coligação

As leis da física podem ajudar-nos muito a perceber a natureza da política. Por exemplo: o que sobe desce.

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Mas as da física também. Lavoisier, nesse aspecto, usava a balança para o ajudar. Vislumbrou, por exemplo, que o peso dos óxidos que resultavam da combustão de certas substâncias era superior ao das que tinha usado para se combinar. PSD e CDS sabem isso há muito tempo: seja em termos autárquicos, seja a nível nacional. Não admira por isso que tenham voltado a assinar um acordo de coligações autárquicas para as duras batalhas de 2017. É um seguro de vida em muitas Câmaras. Mas diz-nos também algo sobre a tentativa de limitação de danos, já que não se sabe se o PS não vai merecer o benefício da dúvida por parte dos eleitores e se, especialmente o PSD, não será penalizado pela longa marcha de Passos Coelho como profeta da desgraça.

Os aparelhos usam assim Lavoisier como ideólogo. Sabem que nunca se cria nem se elimina matéria em qualquer sistema químico: não se pode criar algo do nada, nem transformar algo em nada. Afinal, na natureza, tal como na política, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.


Não é um acaso o acordo não incluir os cinco municípios que o CDS venceu em 2013 e, sobretudo, não preveja qualquer química de amor em Lisboa e Porto. Em Lisboa, o CDS delimitou o seu território: Assunção Cristas está no terreno, dando o corpo à luta.

O PSD, pelo contrário, vive em fase de apagão existencial. O que não é bom sinal para quem quer ser alternativa ao PS. Passos Coelho talvez tenha um qualquer número de mágica e venha a surpreender-nos com um candidato mediático, que não precise de muita rodagem, mas começa a ser exasperante para o PSD esta demora. Revela incapacidade de resposta. Por isso este acordo é bom para o CDS: não perde o que ganhou e poderá criar algo do nada. Assunção Cristas quer um bom resultado eleitoral para discutir o futuro. Passos Coelho, pelo contrário, parece que nem quer sobreviver. E assim Lavoisier não salvará o PSD. 


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