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As muitas crises da Coreia

Ao contrário das ameaças de parte a parte, não há opção militar para a crise na Coreia. A diplomacia segue dentro de momentos.

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Nos últimos dias diminuiu a tensão entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, depois de dias de retórica bélica exacerbada pelas palavras de Donald Trump e pela ameaça de Pyongyang lançar mísseis sobre Guam, a estratégica ilha dos EUA no Pacífico. Para já parece evidente que os EUA vão continuar a exercer pressões diplomáticas e económicas sobre a Coreia do Norte e esperar que a China, com quem Pyongyang faz 90% do seu comércio exterior, tenha uma acção de refrigeração da escalada vocal. Afinal, como reconhecia Steve Bannon, o agora afastado conselheiro de Trump, não há opção militar para o conflito, a menos que se deseje que exista uma carnificina em Seul, que fica a poucos quilómetros da fronteira entre as duas Coreias. A comédia de erros que se seguiram à experiência do míssil norte-coreano, testado a 28 de Julho, está a amainar. Não é por acaso: a política americana, independentemente do que pensa Trump, está agora nas mãos dos militares americanos: os generais Mattis, McMaster e Kelly. Nenhum deles parece acreditar na viabilidade de uma opção militar contra o regime de Kim Jong-un. E Pequim deseja um desanuviamento comercial com Washington, avançando em troca com uma tentativa de acalmia do regime da Coreia do Norte. Afinal a China, independentemente de não desejar qualquer conflito, não vê com qualquer simpatia um regime pró-americano na sua longa fronteira com a Coreia, algo que poderia ocorrer se Kim Jong-un caísse.

 

O papel de Pequim aumentou consideravelmente na região com os erros deWashington. Pode surgir como pacificador (porque ninguém deseja um conflito que teria implicações políticas e económicas inimagináveis) e aumenta o seu poder na região. Sabe, por outro lado, que Kim Jong-un só se lançará numa guerra se estiv per encurralado e não tiver nada a perder. A economia de Pyongyang depende da China. E Kim quer a sua sobrevivência e a do regime. Nunca ganharia uma guerra contra os EUA. Resta, por isso, a retórica bélica e o desejo de ser considerado uma voz tão importante como a do presidente dos EUA. Trump deu-lhe isso. Os EUA (com excepção talvez de Trump) sabem que neste momento só a China tem o poder para convencer a Coreia do Norte a suavizar a sua opção nuclear e a torná-la aceitável aos olhos da comunidade internacional. Além disso este conflito latente não é bom para as pretensões geoestratégicas de Pequim, assentes na economia. E esta estratégia e quer segurança.

 

Turquia e Irão: uma nova aliança

 

O chefe de Estado-Maior das Forças Armadas iranianas, o general Mohammad Hossein Bageri, tornou-se o o primeiro militar de topo iraniano a visitar a Turquia desde a revolução islâmica de 1979.

 

A visita, a 15 de Agosto, vale o que vale, mas evidencia que um novo grande jogo está em marcha no Médio Oriente, alimentado pela guerra na Síria, o desejo curdo de independência e o cerco da Arabia Saudota ao Qatar. Bageri esteve reunido com o seu congénere turco, o general Hulusi Akar, mas para além disso foi recebido pelo presidente Erdogan, o que mostra o simbolismo da viagem. Numa altura em que a Turquia está a ter crescentes problemas com os seus aliados ocidentais (seja na NATO, seja com a Comunidade Europeia), este encontro mostra como Ancara busca outras alianças.

 

Seja como for Bageri, disse, no final dos encontros, que turcos e iranianos decidiram alargar as suas operações de inteligência e cooperar operacionalmente na luta contra o terrorismo. Refira-se que ambos os países se colocaram ao lado do Qatar, depois do cerco da Arábia Saudita e dos seus aliados (algo que foi alimentado por Donald Trump durante a sua visita a Riade). A Turquia está ressentida com a opção americana pelas forças terrestres do YPG (forças de protecção curdas) na luta contra o Daesh, que têm forte ligação ao PKK turco. Se no teatro de operações sírio, os turcos e os iranianos estão em diferentes lados da barricada face a Bashar al-Assad. E ambos têm um inimigo comum: o PKK (até na sua versão iraniana, o PJAK). Isto numa altura em que o líder do governo curdo do Iraque, Masoud Barzani, anunciou um referendo em 24 de Setembro para a independência da região do Iraque. Algo que será o primeiro passo para a repartição deste país e para a criação de um Estado curdo na região. Isto apesar da oposição dos EUA ou da Turquia e do Irão. A próxima visita de James Mattis, o secretário da Defesa americano, nos próximos dias a Ancara, vai trazer mais luz sobre o caso.

 

Qatar: sem necessidade de visto

 

O Qatar alterou a sua política de circulação, que inclui a dispensa de vistos para os cidadãos do Conselho de Cooperação do Golfo, do espaço Schengen e ainda de cidadãos que residam no Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Os cidadãos destes países, onde se inclui Portugal, deixarão de pedir ou pagar por um visto, tendo apenas de preencher um formulário no momento da chegada, mediante a apresentação de um passaporte com validade mínima de seis meses, bem como um bilhete de ida ou volta confirmado.

 

Macau: cidade inteligente

 

O orçamento anual disponibilizado para o projecto para fazer de Macau uma "cidade inteligente" foi fixado em 200 milhões de patacas (25 milhões de dólares) para os próximos anos. Este ano serão despendidos 500 milhões de patacas (62,5 milhões de dólares) em tecnologia informática para sustentar o desenvolvimento inteligente da cidade ao abrigo do contracto recentemente assinado com a empresa Alibaba Cloud, subsidiária do grupo chinês Alibaba. O grupo Alibaba irá apenas fornecer apoio à criação do centro de computação em nuvem, à configuração do sistema de computação em nuvem e da plataforma dos dados, à concepção do método de computação dos dados, sem, no entanto, ter a eles ter acesso.

 

Macau: activo bancário aumenta

 

O total dos activos internacionais do sector bancário de Macau atingiu 1220,6 mil milhões de patacas (151,8 mil milhões de dólares) no final do primeiro semestre, valor que representa um crescimento homólogo de 4,5%. A actividade bancária internacional distribuiu-se pela Ásia e Europa, sendo no final do período as quotas das disponibilidades do sistema bancário de Macau em Hong Kong e na China de 36,6% e 27,5% e de 2,1% e 2,0% no Reino Unido e em Portugal. 

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