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15 de Novembro de 2017 às 19:00

Os 70 anos do CIRIEC Internacional

Os últimos setenta anos confirmaram as preocupações de Milhaud quanto às consequências da atuação do sistema económico dominante: aumenta a pilhagem dos bens comuns, crescem as assimetrias mundiais a favor de uma minoria cada vez mais pequena.

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Celebram-se hoje, dia 16 de novembro, em Liège, na Bélgica, os 70 anos do CIRIEC Internacional, uma associação científica que federa associações e redes nacionais de investigadores e outros atores da economia coletiva provenientes de mais de cinquenta países, desde a Ásia e a Oceânia, às Américas (do Norte, do Centro e do Sul), à África e à Europa, nesta última, desde a Suécia a Itália ou de Portugal à Turquia.

 

O CIRIEC deve-se à iniciativa do professor Edgard Milhaud, então titular da cátedra de economia política na Universidade de Genebra e para quem o CIRIEC era a estrutura que iria servir ao estabelecimento de uma rede internacional de apoio à investigação e debates científicos em torno da revista "Les Annales" que ele tinha criado 40 anos antes.

 

Foi assim que em 1947, numa Europa que renascia da barbárie, nasceu o CIRIEC, enquanto "Centre Internacional de Recherche et d'Information sur l'Economie Colective", cujo objeto consistia "na promoção de todas as investigações e distribuições de informações sobre a economia coletiva no mundo".

 

A análise profunda, científica, da economia coletiva deveria para Milhaud, que sofreu duas guerras mundiais que ele atribuía à partilha desigual da riqueza, proporcionar os caminhos de uma sociedade mais humana e pacífica, porque socialmente mais justa.

 

Os fundadores do CIRIEC, na senda de um conjunto de ativistas sociais que mantiveram viva a revista "Les Annales", preocupavam-se com a definição de um contexto relacional facilitador de uma construção social que, em vez de oferecer uma solução do tipo "pronto-a-vestir", fosse capaz de mobilizar as energias para uma ação consequente e progressiva.

 

Mais tarde, o próprio Milhaud teve de rever o conceito de economia coletiva para não o confundir com a economia coletivista e burocrática dos regimes que se foram desenvolvendo no Leste europeu, adotando o CIRIEC a designação atual de "economia pública, social e cooperativa", conceito que anima hoje o trabalho de mais de 450 cientistas que integram a rede mundial em que o CIRIEC se tornou.

 

 

Numa intervenção recente, Alain Arnaud, presidente do CIRIEC Internacional, afirmou que "a primeira das exigências consiste em dar sentido à economia pública e mais geralmente às políticas públicas", para acrescentar outra exigência, a de que "os Estados e as coletividades públicas favoreçam o desenvolvimento da economia social e solidária e organizem parcerias público-sociais com o objetivo de amplificar os meios de melhor servir o interesse geral".

 

É este o sentido da celebração dos 70 anos do CIRIEC e dos 110 anos da revista científica que mantém, hoje registada nos mais reputados indexadores internacionais.

 

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

 

Vai ser criada a Confederação da Economia Social Portuguesa

 

Realizou-se no dia 14 de novembro a sessão final do 1.º Congresso Nacional da Economia Social 2017. Várias centenas de pessoas assistiram, ao longo do dia, a painéis em que intervieram 30 oradores.

 

No final da sessão foram apresentadas 20 recomendações e assinada uma Carta Compromisso para a constituição da Confederação da Economia Social Portuguesa (CESP). Além das oito organizações signatárias da Carta Compromisso, prevê-se que no ato da fundação da CESP participem mais organizações, nomeadamente a Associação Portuguesa de Mutualidades (APM - RedeMut) que representa 80% dos mutualistas portugueses e integra o Montepio Geral.

 

Definição do âmbito da economia social

 

Está acesa a discussão na Europa a propósito da definição do perímetro da economia social. Confrontam-se uma visão redutora de origem norte-americana que pretende excluir grande parte das cooperativas e das mutualidades e a visão europeia alargada que integra todas estas entidades, assim como fundações e associações com fins altruísticos. Esse tema é discutido hoje mesmo em Gotemburgo numa reunião dos ministros da União Europeia que tutelam a economia social, perspetivando-se a tomada de posição favorável à visão alargada que coincide com a que é defendida pelo ministro português.

 

Presidente do CIRIEC Portugal e vice-presidente do CIRIEC Internacional

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