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26 de Dezembro de 2018 às 20:20

A economia social e o novo ciclo eleitoral

Aproxima-se novo ciclo eleitoral em Portugal, e com ele a habitual produção de programas eleitorais pelos partidos políticos concorrentes, as comparações analíticas mais ou menos aprofundadas, os debates e os monólogos por chefes partidários, ministros ou porta-vozes eleitorais.

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Para os dirigentes da economia social portuguesa, e por maioria de razão para os da novel CESP

 

– Confederação da Economia Social Portuguesa, uma vez mais se lerão textos e ouvirão discursos na esperança de que este ou aquele partido, este ou aquele político de topo, se refiram à realidade cooperativa, mutualista e associativa com a atenção que julgam que ela deve merecer.

 

Mais tarde virão proclamar que pouco ou nada foi dito, escrito ou sequer pensado, que uma nova oportunidade se perdeu, que outros interesses foram mais fortes, que a população vasta que a economia social representa foi posta de parte - população que se diz ser 1 em 4 cidadãos, mesmo sabendo que há duplas filiações, mas também que dos restantes 3 em 4 muitos serão jovens que ainda não votam. Isto é, no remanso do sofá aguardam, em vez de partir para a luta.

 

O que se defende aqui nada tem de inovador. De há muito que as cooperativas brasileiras apresentam programas reivindicativos que submetem à assinatura de deputados nacionais e regionais, parlamentares que são acompanhados ao longo do ano para verificar se os compromissos que assumiram são efetivamente concretizados e, se o não forem, publicamente referidos como não suscetíveis de voltar a gozar do apoio das cooperativas na eleição seguinte.

 

Também nos últimos anos na Europa se sucedem manifestos eleitorais saídos das estruturas representativas da economia social europeia ou nacionais, sobretudo quando estão em jogo eleições para o Parlamento Europeu. Por exemplo, a "Social Economy Europe" (SEE) está a preparar o seu caderno reivindicativo para as eleições europeias de 2019. Na SEE participam direta ou indiretamente algumas das principais entidades portuguesas do setor cooperativo e social.

 

Haverá, pois, que dar prioridade a iniciativas internas tendentes a levar as forças políticas a equacionarem a economia social nos seus programas eleitorais, na justa medida do que ela vale e representa, não se pedindo mais. Mas não se aceitando menos, isto é, não se podendo levar o eleitor a acreditar que apenas há um modelo de organização da sociedade civil, em volta do capital e do seu endeusamento, deixando de lado as pessoas e a sua vontade associativa e participativa.

 

Fica o apelo à CESP, às estruturas por família – cooperativa, mutualista, associativa e fundacional, às estruturas de base regional e outras que representem o setor (por exemplo, as educativas ou de investigação) e que estejam dotadas da representatividade suficiente. Mas, como se não pode passar da fome à fartura, que a CESP sinalize as restantes sobre se tenciona colocar o seu peso em semelhante iniciativa, obviamente consultando para as suas representadas sobre o que deve o manifesto inserir.

 

Avançada a iniciativa, fica depois capital para pedir responsabilidades a quem não deu continuidade ao solicitado. Queremos crer, porém, que desta vez todos os partidos se não esquecerão da economia social. É que não basta votar por unanimidade esta ou aquela iniciativa que "cai" no Parlamento. Há que acompanhar a economia social, ao longo da legislatura, como ela merece ser acompanhada.

 

As 100 maiores cooperativas portuguesas

 

Está disponível no sítio da CASES, a edição digital "As cem maiores cooperativas", um trabalho realizado pela CASES, onde se divulgam dados estatísticos de 2017, relativos às 100 maiores cooperativas portuguesas ordenadas pelo volume de vendas, às 20 maiores cooperativas de crédito agrícola ordenadas pelo total do ativo e às 5 maiores cooperativas por ramo ordenadas pelo volume de vendas. De acordo com a CASES, a análise e interpretação daquela informação, ainda em fase de atualização, será feita numa conferência acerca do setor cooperativo em Portugal, a ocorrer no primeiro quadrimestre de 2019.

 

Para a história do movimento cooperativo

 

A CASES editou o livro "Enquadramento Histórico-Social do Movimento Cooperativo", de João Salazar Leite. O livro fala dos primórdios da cooperação, das primeiras cooperativas, do seu progressivo inter-relacionamento até que foi criada a Aliança Cooperativa Internacional, dos princípios que esta tabelou e que são, ainda hoje o guia para as cooperativas verdadeiras, dos que teorizaram o cooperativismo e, sobretudo, fala dos tempos modernos que o autor acompanhou enquanto representante do INSCOOP e da CASES nos diferentes palcos internacionais em que o cooperativismo e a economia social foi discutida.

 

Cooperativista. Administrador da ‘Social Economy Europe’, em representação da CASES

 

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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