Depois de ouvir o discurso de Cavaco Silva, no domingo passado, cheguei à conclusão que, afinal, tudo isto foi só para pôr as Selvagens no mapa. Ou isso, ou o Aníbal quis testar uma cena que tinha resultado no Farmville.

O discurso do presidente foi apenas uma tentativa de tentar dar alguma dignidade a uma ideia estapafúrdia. Foi uma declaração para o PR não ficar mal visto. Só faltou o "vamos repetir a tomada de posse de Maria Luís Albuquerque e seguimos a partir daí." Cavaco não tinha grande escolha, ou agradecia aos partidos, e falava em sementes, ou tinha que aparecer a dizer: "A culpa não é minha, a culpa é do Carlos Costa que me meteu na cabeça que isto era uma grande ideia. Que saudades dos conselhos do Dias Loureiro".

Vamos lá ver, o PR só pode achar que as negociações foram dignas, e proveitosas, porque não estava cá. Estava nas Selvagens de polo azul a apanhar sol e a falar da urgência do país - saía mais barato fazer o discurso do Aquashow. Cavaco falava aos portugueses diretamente das Selvagens: "um pequeno passo para o homem, uma grande palhaçada para a humanidade." Foram dias estranhos, ao ponto de Aníbal ter declarado que, quando chegasse à reforma, não iria tecer comentários sobre o país; eu pensava que ele estava a receber reforma. Agora, felizmente, regressou a normalidade e o PR regressou ao continente, e as centenas de habitantes das Selvagens voltaram a sair dos esconderijos.

Como todos percebemos, a Salvação Nacional não passou de uma bela bambochata. Estou convencido que, se em vez de Salvação Nacional, se chamasse Projecto Mariani, o Seguro já não se sentia obrigado a alinhar. O raio do nome é que tramou tudo. As pessoas ouvem falar em interesse nacional - e salvação nacional - e ficam com o hino de Portugal a atazanar-lhes a cabeça. Sentem-se obrigadas a ir. Mesmo assim, apesar de a ideia ser estapafúrdia, todos os partidos mandaram alguém para ter a certeza que corria mal. Não dava para arriscar.

O plano de Salvação Nacional foi previamente estabelecido e era o seguinte:
Dia1 - Corre bem /Almoço
Dia2 - Corre melhor/Jantar
Dia3- Almoço
Dia4- Tremido/Lanche
Dia5 -Não dá/ Jantar em casa.

Ainda vamos descobrir que aquela gente da salvação nacional andava a fazer um guia dos melhores restaurantes de Lisboa - Então, salvaste a nação, Mota? - Não. Mas descobri um restaurante que faz umas iscas, ali ao pé do Rato, que tens que conhecer.

O que eu vi foram pessoas de carro, e uma de moto, de uma sede partidária para a outra. Ao menos podiam ter aproveitado para fazer um concurso para escolher a mais bela sede partidária: - "Isso não é aceitável, Mota! Tens a certeza que eles têm mais tapeçarias que nós?!

O que mais me impressionou foi o final das negociações. O PSD enviou uma carta ao PS propondo continuar diálogo… Como é que o PSD ainda não está farto de cartas?!!

Conclusão final. Quem votou Passos Coelho tem agora Cavaco a anunciar uma moção de confiança e Portas como PM.

Estou convencido que a direita apanhou um susto, e que agora vão tentar portar-se bem. Pelo menos até ao fim de Agosto enquanto vão a banhos.

Quanto ao governo, voltámos à casa de partida. Neste momento o líder do PP está de novo à procura de uma sede digna de um vice-primeiro-ministro. O discurso de Portas vai ser: "Ficarei mais perto do centro. Ficarei mais perto do mar. Quero ter um armário enorme, ou então vou para aquele 1º andar…"

Top dissimulado

1. PS desconfia de escutas na sede - Seguro está desconfiado porque as pessoas parece que antecipam o que ele vai fazer.

2. Passos Coelho: "as pessoas gastaram menos do que previmos" - exceto a Maria Luís em moedas.

3. "José Gomes Ferreira, após falhanço nas negociações: "os portugueses não vão perdoar Seguro". Desde que lhe passámos procuração anda maluco.

4. Papa Francisco em visita ao Brasil - aposto que o Bento XVI aproveita esta viagem do Papa Francisco para dormir na antiga cama e usar o LCD gigante.

5. Poiares Maduro antecipa regresso ao crescimento económico no 2.º trimestre" - e uma barba a Demis Roussos.