Opinião
Pela minha rica sardinha
Esta semana, esbelto leitor, hesitei entre uma crónica sobre a sardinha ou voltar aos amarelos das escolas.
Como falar dos amarelos é publicidade de borla, e eles adoram borlas, optei pelas sardinhas. Estão com apetite? Ainda bem.
Não sei se o leitor é como eu, mas eu dou muita importância àquilo que como. Por exemplo, quando me falam de perca do Nilo, eu digo: não obrigado. Já lá estive, no Nilo. O que eu conheço do Nilo é cocó com bambu à volta. Um peixe que sobrevive naquela água é porque aprendeu a não respirar. Pode estar a fazer-se de morto só para me atacar quando o for cozinhar. Vem isto muito pouco a propósito da sardinha. Muita sardinha devora uma pessoa nesta altura. Se as sardinhas tivessem uma indústria cinematográfica, debaixo de água, o clássico do terror delas era o 13 de Junho. No meu caso, o que me aterroriza é o preço da meia dúzia.
Os limites à captura de sardinha fazem com que as transacções em lota deste peixe sejam cada vez mais baixas, o que leva ao aumento do preço. A sardinha teve um aumento de preço médio de 10,2% ao ano de - 0,31€/kg em 1995 para 2,19€/kg em 2015. Pumba! Senhores analistas financeiros, etc., que desde 1995 investiram no BCP, BES, PT, BPI, vejam como, afinal, o melhor investimento era o cabaz da sardinha. Mil vezes a lota do que a banca. A sardinha é que devia estar no PSI-20. Mas, infelizmente, tal como na banca, estamos sujeitos à invasão espanhola.
Cerca de dois terços da sardinha que comemos é pescada por "nuestros hermanos". Uma pena, porque quase todos os motivos do concurso das sardinhas pintadas da Câmara Municipal de Lisboa são portugueses. O que fazia sentido não eram umas quinas e uma guitarra portuguesa, mas sim umas castanholas e um touro Miura. Em relação a este assunto, remeto para uma velha crónica que escrevi em tempos aqui: www.jornaldenegocios.pt/opiniao/detalhe/paris_telheiras.html.
Mas, afinal, a sardinha, que peixe é este? A sardinhas são peixes da família Clupeidae, aparentados com os arenques, mas não gostam que se diga. Dão-se mal. Caracterizam-se por possuírem apenas uma barbatana dorsal sem espinhos, caudal bifurcada e boca sem dentes e de maxila curta… Isto são eufemismos para dizer que é um peixe que tem um grande bedum, que ainda por cima não sai da roupa. Nem dos cabelos. O cheiro de sardinha não sai nem que andemos à luta com todos os empregados de um McDonald's. Eu sei porque já experimentei.
Isto que eu vou contar é verdade, pelo menos é verdade a partir de agora. Conheci um senhor que assava sardinhas debaixo da ponte de Portimão que, meses depois de morrer, ainda tinha a campa cheia de gatos. E fiquem sabendo que ainda hoje não construíram nada nos terrenos da feira popular porque cheira muito a sardinhas.
Vá, vão lá dar cabo delas, porque daqui por mais vinte anos, com uma dose de sardinhas, compram uma ilha. Bom apetite.
Nota: eu sei que a perca do Nilo é da Etiópia, mas não me parece que fiquemos mais confortáveis com isso.
Não sei se o leitor é como eu, mas eu dou muita importância àquilo que como. Por exemplo, quando me falam de perca do Nilo, eu digo: não obrigado. Já lá estive, no Nilo. O que eu conheço do Nilo é cocó com bambu à volta. Um peixe que sobrevive naquela água é porque aprendeu a não respirar. Pode estar a fazer-se de morto só para me atacar quando o for cozinhar. Vem isto muito pouco a propósito da sardinha. Muita sardinha devora uma pessoa nesta altura. Se as sardinhas tivessem uma indústria cinematográfica, debaixo de água, o clássico do terror delas era o 13 de Junho. No meu caso, o que me aterroriza é o preço da meia dúzia.
Cerca de dois terços da sardinha que comemos é pescada por "nuestros hermanos". Uma pena, porque quase todos os motivos do concurso das sardinhas pintadas da Câmara Municipal de Lisboa são portugueses. O que fazia sentido não eram umas quinas e uma guitarra portuguesa, mas sim umas castanholas e um touro Miura. Em relação a este assunto, remeto para uma velha crónica que escrevi em tempos aqui: www.jornaldenegocios.pt/opiniao/detalhe/paris_telheiras.html.
Mas, afinal, a sardinha, que peixe é este? A sardinhas são peixes da família Clupeidae, aparentados com os arenques, mas não gostam que se diga. Dão-se mal. Caracterizam-se por possuírem apenas uma barbatana dorsal sem espinhos, caudal bifurcada e boca sem dentes e de maxila curta… Isto são eufemismos para dizer que é um peixe que tem um grande bedum, que ainda por cima não sai da roupa. Nem dos cabelos. O cheiro de sardinha não sai nem que andemos à luta com todos os empregados de um McDonald's. Eu sei porque já experimentei.
Isto que eu vou contar é verdade, pelo menos é verdade a partir de agora. Conheci um senhor que assava sardinhas debaixo da ponte de Portimão que, meses depois de morrer, ainda tinha a campa cheia de gatos. E fiquem sabendo que ainda hoje não construíram nada nos terrenos da feira popular porque cheira muito a sardinhas.
Vá, vão lá dar cabo delas, porque daqui por mais vinte anos, com uma dose de sardinhas, compram uma ilha. Bom apetite.
Nota: eu sei que a perca do Nilo é da Etiópia, mas não me parece que fiquemos mais confortáveis com isso.
top 5 Doses de salada 1. "Os 7 conselhos de Passos Coelho a António Costa" - cuidado, Costa! Porque, em média, por cada 7 conselhos de Passos, 4 são inconstitucionais.
2. "Abrunhosa recicla música para hino da Selecção" o hino da Selecção é um "déjà vu" - não sei se isso é bom.
3. "Dois alunos da pior escola pública de 2015 venceram concurso de matemática" - grande coisa... dois alunos da melhor escola privada venceram prova de "dressage".
4. Cartaz da JSD descreve Catarina, Costa e Jerónimo como "angry birds" - vamos lá analisar isto. Se a esquerda são os "angry birds", isso faz do PSD/CDS os porcos que roubaram ovos.
5. "Acabou a greve dos estivadores" - PSD já não está preocupado que possa haver alguém na Madeira a não receber a tempo a cura da hepatite C.
2. "Abrunhosa recicla música para hino da Selecção" o hino da Selecção é um "déjà vu" - não sei se isso é bom.
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