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11 de Março de 2016 às 09:42

O Silva da Maria

Sai Cavaco e fica uma alegria semifúnebre, como quando morreu a bêbeda do bairro que aterrorizava os miúdos no Jardim da Estrela e gritava palavrões porno na rua durante a noite.

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Foi um alívio imenso quando recebi a notícia, a de que a bêbeda tinha batido a bota, mas, de certa maneira, já fazia parte do bairro. - "Olha, devem ser três da manhã porque lá está a p... da bêbeda a gritar e a partir garrafas." Já não tenho ninguém para insultar às três da manhã porque "este podia ser um bairro do caraças, não fosse o bêbedo do Aníbal", salvo seja.

Nos tempos iniciais do Contra-Informação, um dos meus colegas baptizou o boneco de Aníbal de Acabado Silva. Estávamos em 1996... Pior do que as ervas daninhas. Se fizer uma busca por Cavaco, na pasta dos meus textos dos últimos quinze anos, aparecem centenas. É o recordista. Por isso, há este misto de alegria e de vazio. Estranhamente, ou não, são nestes momentos em que o poder perde o poder que deixa de ter graça ir chatear. Há um respeito pelo vilão que fez os seus males à sua maneira e que combatemos, sempre que foi possível, mas que agora perde os poderes.

Na noite de despedida de Cavaco, ouvi, várias vezes na TV, dizer que Cavaco foi um homem muito só. Só?! A Maria enche uma casa. Ninguém vê o papel da Maria Cavaco na história do nosso país?!

A Maria nas inaugurações, nas declarações, à porta de feiras, sempre ao lado (para o fim, até nos discursos à nação) a marcar com os olhos a concordância. Olhando para Aníbal, enquanto este discursa, como um homem forte e de confiança, mas, ao mesmo tempo, vai tirando cabelos imaginários do ombro do marido, infantilizando-o, porque é mais forte do que ela. É o que faz lá em casa: compõe o Aníbal. Dá-lhe o empurrão para o acordar.

Tenho a sensação de que grande parte das decisões de Aníbal, que implicaram chatices, foram instigadas pela Maria: - "Vai lá denunciar que o meu pai vive com outra." - "Anda lá fazer a rodagem ao carro." - "Tu nem penses em ir ao enterro do comuna!" Até o BPN é, no pecado original, culpa da Maria: "Olha as casas que tem o teu amigo Dias Loureiro. E é muito mais baixo do que tu. Faz-te homem! Olha os teus netos." A Maria está ali para o ajudar a descair para o que realmente lhes interessa.

Aníbal, casado com uma mulher diferente, que não inflamasse o pior dele, podia não ter feito tanta asneira como fez e o país podia estar muito melhor. Por exemplo, se Cavaco tivesse casado com a Ana Maria Magalhães (co-escritora dos livros "Uma Aventura"), ela tomava conta dele, acalmava-o. Puxava pelo seu lado bucólico, ajudava-o na concordância verbal, e Aníbal teria estado estes dez anos a dar ideias para os livros "Uma Aventura", em vez de escrever Roteiros de raiva. A bem da Nação, Aníbal precisava de outra Maria.

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