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27 de Fevereiro de 2015 às 09:54

Grécia, último episódio - Maria Luís Uber Alles

Finalmente, chegámos ao último episódio, da primeira série, da Grécia contra o mundo.

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Finalmente, chegámos ao último episódio, da primeira série, da Grécia contra o mundo. No rescaldo da guerra, e enquanto os jornais portugueses e comentadores televisivos estão a verificar, ponto por ponto, se o governo grego cumpriu as promessas que fez aos gregos - um dia têm de fazer o mesmo com o nosso -, o meu destaque, estranhamente, vai para a nossa participação.


Sempre pensei que a nossa presença no festival Eurovisão da Canção fosse o momento máximo de vergonha a que um português pode ser submetido, em termos de visibilidade europeia. Mas não. Mil vezes a participação da Tonicha em Dublin, em 1971, do que a da Maria Luís, em Bruxelas, em 2015.


No pós-refrega, o ministro grego das Finanças prometeu dizer sempre a verdade mas, quando lhe perguntaram sobre a posição de Portugal e Espanha, preferiu dizer que há "uma coisa chamada boas maneiras" que não permitia que se alongasse na resposta. Isto demonstra que se pode ser cavalheiro mesmo não tendo cheta. Varoufakis, que já viu quase tudo, estava pela primeira vez visivelmente incomodado com a Maria Luís. Impressionante. Dá para ver o que temos sofrido. O único problema, aqui, é que o incómodo dele é a minha vergonha.


Maria Luís era vista como alguém que queria ir além da troika e ser mais alemão do que os alemães, e quem melhor do que os alemães para o afirmarem. A edição online do jornal alemão Die Welt não deixava dúvidas e, numa tradução mais fácil do que a de grego, afirmava que "Maria Luís Albuquerque terá pedido, pessoalmente, a Schäuble, para ser duro com os gregos". Ou seja, chegámos ao ponto em que a nossa Maria Luís chamou piegas aos alemães - "ai, se eu estivesse no lugar dessa coração de manteiga da Merkel...". Um dia destes, o síndrome de Estocolmo vai dar lugar ao síndrome de Massamá.


Pela primeira vez, o nosso governo mostrou os dentes ao alemães, mas foi para pedir para ladrar mais alto com os outros. Ainda vamos saber que, afinal, não foi o Schäuble que fez recuar Tsipras, mas que a Grécia recuou devido às ameaças telefónicas do marido da ministra das Finanças.


A nossa presença na UE faz lembrar o tempo da monarquia francesa, quando havia um indivíduo cuja única função era limpar o rabo ao rei, depois de o rei fazer as necessidades. Era um lugar de prestígio, dentro dos mais desprestigiados. Feita a comparação, isto do bom aluno e do exemplo, no fundo, é como se Schäuble dissesse à UE: "Fiquem sabendo que Portugal limpa esfíncteres como poucos".


Infelizmente, tanto passar de pano, de nada serviu. A Comissão Europeia resolveu pôr Portugal sob vigilância. A Comissão Europeia colocou Portugal sob vigilância provavelmente porque acha que ninguém pode ser assim tão bom aluno. Parecendo que não, os professores desconfiam, sempre, de quem engraxa muito. 

 

 

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1 António Costa disse, num encontro com chineses, que Portugal está numa situação "bastante diferente. Para melhor" da que estava há quatro anos - o que Costa quis dizer foi que Portugal estava pior, mas recuperou graças aos 1,8M que, afinal, o SLB, felizmente, vai ter de pagar. Costa cortou a flor no vaso de Costa.


2 Diário Económico - a Grécia e a UE só perderam com o aparecimento do Syriza. A seguir, o Diário Económico, na notícia da cerimónia dos Óscares, vai afirmar que o Iñárritu não ganhou nada com este Óscar e que só deu cabo da carreira com isto.


3 "Birdman" vence Óscar de melhor filme - para mim, que vi a cerimónia, a grande surpresa foi: ainda não é este ano que o Clint Eastwood está velho. Raio do homem.


4 "Comissão Europeia coloca Portugal sob vigilância apertada. Concluímos que cinco países - França, Itália, Croácia, Bulgária e Portugal" apresentam desequilíbrios excessivos - não somos a Grécia, somos a Bulgária.


5 Antigo dirigente do PS, Pedro Adão e Silva, propõe ex-ministra das Finanças do PSD para candidata à Presidência da República - segundo parte do PS, o país está melhor, e ainda podia melhorar mais com Manuela Ferreira Leite a PR. Não admira que o Syriza seja esquerda radical.

 

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