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Opinião
07 de Março de 2014 às 09:35

Entre a parede e a parede

A situação na Ucrânia continua tensa e confusa. Cada vez mais ouvimos falar da Rússia, dos Estados Unidos, da Alemanha, da União Europeia, etc, e já quase não se ouvem os ucranianos.

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A situação na Ucrânia continua tensa e confusa. Cada vez mais ouvimos falar da Rússia, dos Estados Unidos, da Alemanha, da União Europeia, etc, e já quase não se ouvem os ucranianos.


A posição da União Europeia tem sido particularmente estranha, o que acaba por não ser estranho. No início da crise, Merkel dizia que "os manifestantes pró-europeus deviam ser ouvidos" e a UE pedia que o presidente anunciasse eleições antecipadas. Ou seja, os mesmos que ameaçaram os gregos de mil e um males caso fizessem um referendo, e que arranjaram um fantoche, não eleito, para os italianos não irem a votos, pediam eleições na Ucrânia para dar voz ao povo ucraniano e às suas aspirações.


A Alemanha tem tido um papel especialmente activo nesta crise - tanto a provocá-la, como a querer acabar com ela - porque a Ucrânia fica no sul e eles não resistem. Por outro lado, os EUA sabem que têm a Alemanha do lado deles porque escutaram todas as conversas da Merkel. Por isso, eu defendo que devia ser o Snowden a intermediar esta crise. Ele sabe tudo, de todos, e podia fazer como a minha vizinha do sétimo que, devido à canalização e a uma existência desprovida de interesse, sabe tudo o que se passa na casa dos outros, o que lhe permite conduzir as reuniões de condóminos como lhe aprouver: "o senhor Putin vai retirar aquele escadote da entrada porque não quer que se saiba que a lingerie da sua mulher está larga porque o senhor a veste todas as sextas a seguir ao jantar de cozido". Snowden podia aproveitar esta crise para fazer uma parceria com o Putin para acabar com a tensão na região, e aquele que ganhasse o Nobel da Paz dividia a massa com o outro.


Confesso que já tive uma certa inveja dos ucranianos - e não é por causa das ucranianas, porque cá também se arranja - porque o Vitali Klitschko, líder da Aliança Democrática para a Reforma e principal rosto da oposição ao anterior governo, é um antigo campeão profissional de boxe, e é do tamanho do apartamento do António José Seguro. Se o PS tivesse um líder destes, os guarda-costas do Governo andavam com guarda-costas. O Vitali é capaz de matar o Marco António Costa com um suspiro. Era disto que nós precisávamos. Um líder da oposição capaz de esmagar um secretário de Estado com o mindinho. Infelizmente, é mais difícil imaginar Seguro com a postura do Vitali do que com o penteado da Iulia Timochenko.


Para terminar, não quero ser desmancha- -prazeres mas, visto daqui, parece um bocado triste os ucranianos andarem a lutar - entre outras coisas - para pertencerem - ou vir a pertencer - à União Europeia. É um bocado estúpido, para não dizer parvo. É como ver um povo a lutar para poder ter direito a aceder aos "vouchers" da Vida é Bela. Não se metam nisso, o Putin em tronco nu não é metade do macho que é a Merkel de casaco curto e saia pelo peito. Fujam enquanto é tempo.

 

 

 

TOP 5

Da Crimeia


 1  Alberto João Jardim foi convidado por Passos Coelho para ser número dois na lista do PSD às europeias - mas recusou porque não pagam que chegue.


 2  Os deputados do BE abandonaram o debate quinzenal após Pedro Passos Coelho ter recusado responder a uma pergunta da coordenadora do partido - não quero ser chato para o BE, mas chamar mentiroso ao primeiro-mentiroso é um piropo.


 3  O Vaticano é o estado do mundo onde se consome mais vinho, concluiu um estudo do Wine Institute - o que vale é que eles têm um segredo ancestral para tirar nódoas de tinto da roupa branca.


 4  Fernando Ruas ocupa o 2.º lugar da lista da coligação PSD/CDS-PP às eleições europeias - depois do convite a Alberto João jardim, Fernando Ruas é número dois. Por pouco a Europa já não via uma dupla assim desde o Barbas e o Máximo. O Fernando Ruas ficava melhor em Tijuana do que em Bruxelas.


 5  Gaspar vai ser director do departamento de Assuntos Orçamentais do FMI - o convite a Gaspar percebe-se porque, desde que eles tiveram problemas com o Strauss-Kahn, não querem lá ninguém muito vivo.

 

 

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