Opinião
Donald Trump: o 45.º Presidente dos EUA?
A possibilidade de Donald Trump se tornar o próximo Presidente dos EUA é ainda elevada. Entre acontecimentos recentes e outros fatores a que se tem dado menos atenção é ainda possível o prato da balança pender para o seu lado no último momento.
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Os escândalos de natureza sexual e outras idiossincrasias têm comprometido a candidatura de Trump. As análises aos debates que ocorreram entre os dois candidatos indicam que Hillary Clinton ganhou fôlego, chegando mesmo a alcançar alguma margem nas sondagens. As particularidades do sistema eleitoral norte-americano também parecem favorecer Clinton.
O estado da economia tem historicamente sido importante para as eleições presidenciais. Considerando taxas anualizadas, o PIB cresceu no primeiro e segundo trimestres deste ano a taxas de 0,8% e 1,4%, respetivamente, o que é muito pouco. Os dados do terceiro trimestre, divulgados a 28 de outubro, mostram uma aceleração do crescimento para 2,9%, que é o maior valor desde o terceiro trimestre de 2014. Não obstante, o consumo privado cresceu menos nesse trimestre do que no anterior, 2,1% versus 4,3%, e o investimento fixo diminuiu pelo segundo trimestre consecutivo, -1,1% e -0,6%, liderado pelas quebras no investimento residencial e em equipamento o que revela, apesar de tudo, algumas fragilidades na economia. E é pouco provável que essa taxa de crescimento do PIB se mantenha no último trimestre do ano, porque 0,8 pontos percentuais dos 2,9% resultaram das exportações líquidas por causa de um aumento das exportações de 10%, comparado com um aumento de 1,8% no segundo trimestre e uma quebra de 0,7% no primeiro. E 0,61 pontos percentuais resultaram de um aumento dos stocks.
Com este crescimento, a criação média mensal de emprego de janeiro até setembro 2016, inclusive, foi de 178.000 postos de trabalho líquidos. No mês de setembro foi apenas de 156.000. Não são números muito elevados mas, ainda assim, a taxa de desemprego é 5% e o salário médio por hora cresceu este ano 2,6%. E pelo que se prevê relativamente a dados de outubro, o importante "Employment Report", divulgado dia 4 de novembro não deverá ter influência para o dia 8, a menos que ocorra uma surpresa negativa. Nesse caso, alguns eleitores poderão vacilar num último momento, e considerar que Trump pode criar melhores condições do que Clinton para a economia crescer bem acima de 3% ao ano.
Pior é que a 28 de outubro, muito perto da eleição, e através de declarações pelo atual diretor do FBI, surgiram mais suspeitas de comportamentos incorretos e graves por parte de Hillary Clinton em relação à forma como lidou com informação "classificada", enquanto secretária de Estado, no chamado "caso dos e-mails", levando à reabertura do processo. O tema não é novo, mas surge reforçado. O efeito desta informação relativamente à sua credibilidade e preparação para o cargo a que se candidata pode ser significativo, e bem maior do que os escândalos de Trump. O seu efeito dependerá também da forma como ambas as candidaturas irão gerir o assunto até dia 8.
Não menos importante, a História revela que os eleitores gostam de alternância. Não gostam muito que um mesmo partido esteja na Casa Branca mais do que dois mandatos consecutivos. A única exceção desde o fim da segunda Grande Guerra foi a eleição de George Bush (pai), que cumpriu mandato de 1989 a 1993, no seguimento dos dois mandatos de Ronald Reagan, entre 1981 e 1989, o ano da queda do Muro de Berlim. E foram poucas as exceções desde a criação da função em 1789!
Professor universitário
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