Opinião
Google, Apple, Amazon e Facebook vão tomar conta do mundo?
Nas últimas semanas, como é normal no início do ano, várias empresas contactaram-me com os novos planos de 2016. Para muitas a questão é o comércio eletrónico/digital (os termos confundem-se com frequência), que é o futuro, e o que podem fazer neste "novo mundo".
O melhor que a maioria das empresas pode entender neste momento é que realmente têm de integrar o "digital" na sua empresa, e ao mesmo tempo perceber que muitas vezes não têm o "know-how" necessário e procurar ajuda. No entanto, algo que tenho reparado em muitas destas empresas é que depois do entusiasmo inicial, a resistência é muita e ainda não têm a noção da situação atual do mercado e a dimensão do PRESENTE do digital.
Estas conversas trouxeram-me à memória uma conferência de Scott Galloway, o fundador da L2, uma empresa de inteligência de negócios sobre os quatro "cavaleiros": Google, Apple, Facebook e Amazon.
O valor destas quatro empresas combinadas cresceu de ser o PIB per capita de Espanha em 2014 para ser igual ao do Canadá em 2015. A Apple cresceu mais as suas receitas em 2015 do que as principais empresas de luxo (LVMH, Richemont, Hermes, etc.) tiveram de receitas totais em 2014. Se juntarmos a Microsoft, no final de 2015, cinco das dez empresas mais valiosas do mundo são de tecnologia. Provavelmente vamos ter a primeira empresa a valer um trilião (um milhão de milhões) de dólares nos próximos anos. Quando falarmos de impacto... a Igreja Católica tem 1,1 mil milhões de seguidores... o Facebook já tem 3,6 mil milhões.
O Google acaba de ultrapassar a Apple como a empresa mais valiosa do mundo, meses depois de ter mudado de nome para Alphabet. Porquê Alphabet? Porque já está em tantos negócios diferentes (a maioria que provavelmente nunca ouviu falar) que Google ficou só para a parte de motor de busca e os demais já são tantos que precisam de todo o alfabeto. Estas empresas chegaram onde estão de uma forma discreta em indústrias que poucas pessoas lhe davam muita importância: redes sociais, busca, computadores e telefones ou vendas de e-commerce. Neste período foram aprendendo e desenvolvendo grandes marcas e tecnologia. Hoje em dia estão a começar em setores aparentemente não relacionados (transportes, banca, seguros, etc.) e de uma forma muito mais eficiente do que as empresas tradicionais do setor (veja, por exemplo, o Skype em comparação com uma companhia telefónica). E se estas quatro empresas tinham apenas modelos de negócio parecidos no passado, agora são cada vez mais competidores diretos.
Mas o que há de tão especial com estas empresas? Propostas de valor únicas, um grande conhecimento do cliente, marcas fortes, um acesso a capital "barato", combinado com uma capacidade de escalar e internacionalizar as suas operações de um forma muito rápida e eficiente. Para dar uma ideia de números, uma cadeia de comércio tradicional necessita de seis vezes mais empregados para ter a mesma faturação da Amazon.
É normal que novas empresas venham e destronem as grandes empresas atuais. Aconteceu sempre ao longo da história e estamos novamente numa época em que provavelmente muitas das grandes empresas (e pequenas) já não existirão ou terão muito menos importância nos próximos anos. Enquanto umas "morrem" novas surgem como é o caso do Alibaba, Airbnb e Uber.
E nem todas as empresas de tecnologia estão imunes, já que várias não estão a conseguir acompanhar o ritmo da mudança. A Blackberry (RIM) e a Nokia que eram tão famosas e grandes há uns anos são desses casos. Outras empresas mais tradicionais como o Walmart e a Microsoft estão a fazer grandes esforços para se atualizarem com o que parecem ser resultados encorajadores.
Não vão morrer todas as empresas e o mundo não vai ser só destas poucas. Mas se continuarem a ignorar o que está a acontecer e não entenderem a importância do digital, podem passar por um mau bocado.
Partner litsebusiness.com e professor de e-commerce e marketing digital na Nova SBE
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