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Subsídio para carro de 25 mil euros

A atribuição do rendimento mínimo, mais tarde rebaptizado com a designação de rendimento social de inserção (RSI) , é uma boa ideia que impede que um cidadão vítima de circunstâncias adversas fique na mais completa miséria.

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É uma questão de dignidade humana. Esta prestação até já produziu alguns resultados positivos: há menos crianças a escapar ao ensino básico e a receber os devidos cuidados médicos.

 

Mas como em todos os subsídios públicos há a tentação de fraude, mesmo estando em causa poucas centenas de euros por família.

 

Cabe ao Estado entregar este subsídio a quem efectivamente precisa, mas a última alteração das regras que permitem que quem tenha um carro de 25 mil euros continue com acesso a esta prestação é uma má ideia.

 

O RSI deve ser o último recurso, não pode ser uma fonte de rendimento por usucapião, até porque é pago com o dinheiro dos impostos cobrados a centenas de milhares de contribuintes que têm dificuldade em esticar os seus rendimentos até ao fim do mês e mesmo assim não escapam ao esbulho fiscal.

 

Alguém que não tenha rendimentos, mas tenha um automóvel com valor de 25 mil euros ou superior, deve em primeiro lugar vender a viatura para pagar as suas contas. É o que dita o bom senso.

 

E por incrível que pareça há gente nestas condições. Andam num carro caro e recebem o cheque do RSI. Até se pode argumentar que estatisticamente estes casos são muito pontuais. Mas existem e pior é que, com esta alteração de regras, o Estado dá uma mensagem errada.

 

O RSI deve ser para pessoas em efectiva situação de pobreza. Quem tem um carro de 25 mil euros tem um património que é muito superior ao salário médio anual deste país, de pessoas a quem o Estado cobra uma importante parte do seu rendimento.

 

Esta questão está a ser usada numa aparente divisão ideológica entre esquerda e direita, mas quando um político de esquerda está a dizer que não faz mal alguém com um património em bens móveis de 25 mil euros receber uma prestação social para os pobres está a esquecer que quem paga impostos para sustentar esse subsídio são maioritariamente pensionistas e trabalhadores, que dificilmente terão meios para ter um carro com um valor tão alto.

 

O dinheiro das prestações sociais não é elástico e subsidiar quem efectivamente não precisa é um erro. O Estado deve ser solidário, mas não pode desbaratar o dinheiro dos contribuintes.

 

Saldo Positivo: Neymar

É o protagonista do maior negócio de sempre no futebol. A cláusula de rescisão do contrato com o Barcelona vale mais do que várias empresas cotadas na praça portuguesa. Há quem discuta sobre a obscenidade de 222 milhões por um jogador, mas se há quem pague, é porque vale. Hoje o futebol é cada vez mais um negócio global, que conquista novos mercados e novos mecenas, o que leva a uma incrível inflação. Maradona, o melhor de sempre deste desporto, foi vendido, em 1984, por 37 vezes menos do que Neymar.

 

Saldo Negativo: Augusto Santos Silva

Portugal não pode deitar mais gasolina no fogo da Venezuela, até porque há uma vasta diáspora portuguesa naquele país. Mas na prática, à sombra desse argumento, a diplomacia portuguesa está a ser o maior avalista na Europa de um regime que tenta fazer um golpe de Estado constitucional. Além do desastre económico e social que caiu sobre este gigante da produção petrolífera, os atentados à liberdade e aos direitos fundamentais realizados pelo regime liderado por Maduro merecem censura internacional.

 

Algo completamente diferente

 

Bastava Camões e Pessoa para considerar este país abençoado pela musa da poesia. Mas há mais poetas geniais que enriqueceram a nossa língua. Entre eles encontra-se Ruy Belo, que desapareceu precocemente, com apenas 45 anos, a 8 de Agosto de 1978.

 

Poeta maior e eterno, a leitura de alguns poemas remete-nos estranhamente para o Portugal 2017: "Morre-se a ocidente como o sol à tarde, Cai a sirene sob o sol a pino, da inspecção do rosto o próprio olhar nos arde,

 

Nesta orla costeira qual de nós foi um dia menino?"

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