Opinião
A arma eleitoral do IRS no orçamento
É a continuação de um padrão já verificado nos anteriores orçamentos do Governo de Costa: o anúncio de medidas populares para ganhar eleições.
Tudo indica que o próximo orçamento de António Costa siga a matriz dos anteriores, verdadeiras bombas de "doping" eleitoral. Depois da eliminação dos cortes aos funcionários públicos e pensionistas, da redução do IVA para restauração e fim da sobretaxa, o Orçamento do Estado a apresentar em Outubro promete o alívio no IRS para 1,6 milhões de famílias.
Tendo em conta que o dinheiro em carteira é um factor determinante na hora de votar, a política de distribuição de rendimentos é uma grande arma eleitoral, que até pode queimar os próprios aliados da geringonça. Bloco e PCP têm feito grande força nas mexidas dos escalões do IRS e nos rendimentos para os pensionistas, mas podem correr o risco de na hora das eleições, os beneficiários destas medidas premiarem o partido do Governo.
Se nada estranho acontecer, Costa pode mesmo sonhar com a maioria absoluta. Como se viu no recente aumento extraordinário de pensões, este Governo sabe usar a cenoura para caçar votos.
E como a memória do ajustamento do período de intervenção da troika ainda é recente e traumática, a generosidade financeira do Governo socialista para um grande conjunto de pessoas, desde funcionários públicos a pensionistas e contribuintes com maior alívio fiscal, marca um contraste evidente, que conta a favor do actual Executivo.
É óbvio que o contexto é diferente e mesmo que fosse Costa a gerir o país no período de resgate, as medidas adoptadas não seriam substancialmente diferentes das aplicadas por Passos.
António Costa tem sorte de gerir o país no tempo de menos pressão. Mas no essencial do Estado tudo continua na mesma e esta ilusão de crescimento é muito frágil. Basta que haja uma inversão na política monetária do BCE e alguma subida de juros para a pressão do Estado, cada vez mais endividado, voltar a asfixiar a economia.
E se há 1,6 milhões de contribuintes que vão ganhar com a redução de IRS, há muitos outros que vão manter uma carga fiscal que ronda o padrão do confisco.
Quem está no poder tem como principal objectivo manter o lugar e já vimos que António Costa é mestre nessa gestão. Por isso a prioridade política é sempre o ciclo eleitoral. Ninguém pensa no futuro, porque se isso acontecesse, estes períodos de alguma folga económica até deveriam ser aproveitados para verdadeiras reformas do Estado, que aligeirassem o peso da máquina pública. Mas quem fizer pode ganhar o país a prazo, mas arriscaria perder as próximas eleições. Este é um dos dramas da nossa democracia.
Saldo positivo: grande Agosto no turismo
Terminou Agosto e com ele findaram as férias de milhões de pessoas. E o saldo para quem está no negócio, desde a hotelaria no litoral, restauração, estabelecimentos de diversão, investidores em alojamento local, é altamente positivo. Provavelmente foi o melhor Agosto de sempre e o turismo está provar que é a melhor galinha de ovos de ouro da economia portuguesa. E se não acontecer nenhuma tragédia global, tudo indica que o "boom" vai continuar.
Saldo negativo: guerra política na AutoEuropa
A entrevista do histórico sindicalista da Autoeuropa, António Chora, ao Jornal de Negócios revela que a empresa que mais conta para o PIB português está a ser usada em guerras político-sindicais. Chora, militante do Bloco, acusa o PCP de instrumentalizar os protestos dos trabalhadores da fábrica de Palmela. A greve é um direito sagrado e inalienável dos trabalhadores. Mas numa empresa tão importante para o país, da qual dependem milhares de empregos, quer na Autoeuropa quer nos fornecedores, é preciso ter cuidado.
Algo completamente diferente
No mundo do futebol, os negócios de milhões e o enriquecimento dos agentes envolvidos nestas operações já nem são novidade. Impressionante é a inflação galopante. Se há meia dúzia de anos negócios de 20 milhões eram para jogadores de excepção, hoje esse valor banalizou-se. Até dois jovens do Sporting de Braga, Pedro Neto e Jordão, foram vendidos aos italianos da Lazio por 26 milhões de euros. Outro caso extraordinário é Renato Sanches, a promessa do ano passado que não rendeu na Baviera e que continua a gerar milhões em negócios.