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António Moita - Jurista 26 de Novembro de 2017 às 19:30

Perder? Nem a feijões

Farto que deve estar dos seus exigentes e teimosos parceiros de coligação, António Costa já percebeu que a campanha eleitoral para as legislativas de 2019 começou agora. Bloco de Esquerda e PCP só pensam nisso e ele não quer deixar o PS ficar para trás.

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Não tenho nenhum problema de princípio com a deslocação do Infarmed ou de outro serviço do Estado para o Porto ou para qualquer outra cidade portuguesa. Penso até que a reforma do Estado que nunca mais chega deveria considerar este tipo de medidas valorizando outras cidades que não Lisboa e permitindo que esta liberte espaços para outras valências.

 

A forma como o Governo anunciou uma decisão que envolve diretamente centenas de pessoas é bem o sinal da única preocupação que faz mover António Costa: a comunicação. Este primeiro-ministro nunca perde e, qual Lavoisier, tudo consegue transformar.

 

No dia em que a Agência Europeia do Medicamento decide escolher outro destino, coisa que toda a gente ligada ao processo sabia perfeitamente que iria acontecer, Costa aparece logo a dar um prémio de consolação não fosse alguém dizer que o Governo não tinha feito tudo pela candidatura do Porto.

 

Farto que deve estar dos seus exigentes e teimosos parceiros de coligação, António Costa já percebeu que a campanha eleitoral para as legislativas de 2019 começou agora. Bloco de Esquerda e PCP só pensam nisso e ele não quer deixar o PS ficar para trás.

 

Mais importante do que apurar a justeza e a necessidade das medidas que toma, o que interessa é saber quantos votos elas irão render. Que importa o que pensam os funcionários do Infarmed se a grande maioria dos portuenses acha que finalmente alguém os ouviu e se preocupou com eles?

 

E nem quando diz que não é possível dar tudo a todos António Costa deixa de pensar na aritmética eleitoral. O que houver para distribuir, que certamente não será muito, estará destinado a quem souber retribuir a atenção. Desenganem-se os fiéis seguidores de Catarina e Jerónimo. Não será para eles que vai o bocado. Este, como diz o povo, está guardado para quem o há de comer. Tal como aconteceu no dia 4 de outubro de 2015, dia da sua derrota eleitoral, António Costa já mostrou que nem mesmo a feijões aceita perder.

 

Jurista

 

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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