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Sinatra cantava "If I can make it there, I’m gonna make it anywhere". Falava de Nova Iorque mas poderia alargar o sentimento aos Estados Unidos da América (EUA). Chamam-lhe a terra das oportunidades. Os portugueses confirmam. O país representa já 5% das exportações lusas, valendo 3,5 mil milhões de euros.
O sector farmacêutico tem contribuído para este balanço, à boleia da forte actividade desenvolvida em Coimbra. Com o fim dos prazos de patentes de vários medicamentos – e perante as preocupações quanto à propriedade industrial – abre-se margem para investir. No país estão sediadas algumas das principais farmacêuticas e estão já estabelecidas parcerias entre Portugal e importantes universidades americanas como o MIT ou Harvard. Se estas portas não funcionarem, tente a comunidade de portugueses.
Os bens de consumo (como cerâmicas decorativas ou mobiliário), os produtos agro-alimentares, os têxteis e os equipamentos tecnológicos são também boas áreas para chegar a terras do Tio Sam. Se o sistema regulatório é complexo e a pressão sobre os preços se faz sentir, a verdade é que os baixos custos de entrada podem compensar o investimento inicial. Esteja consciente da forte concorrência e do potencial de terceirização ("sourcing") que vigora. Portugal parte em vantagem pela localização geográfica estratégica e pela boa relação preço-qualidade. Não estranhe o pragmatismo e esteja preparado para ser flexível.
Promova o seu negócio e abrace a mudança. Nova Iorque (e os EUA) não dorme. Não tente sequer semicerrar os olhos.
A marca portuguesa é valorizada nos EUA?
Os americanos são muito abertos à inovação e ao "marketing" assertivo. Enquanto o consumidor final ainda tem uma ideia difusa de Portugal, os profissionais das Life Sciences [ciências da vida] conhecem a qualidade dos hospitais e da investigação e desenvolvimento (I&D) médica, da competitividade dos testes clínicos, da melhoria exponencial do capital humano e de alguns centros de excelência.
Quais as principais barreiras ao investimento?
O processo de aprovação farmacêutica/biotecnológica está sujeito a regulamentação da FDA [Food and Drug Administration] independentemente de semelhantes aprovações europeias. Esperamos que a situação venha a beneficiar das negociações em curso da Parceira Transatlântica do Comércio e Investimento.
O retorno é imediato?
Apesar de os custos de contexto serem muito mais baixos que noutras geografias de expansão das exportações portuguesas, é um mercado muito competitivo e sofisticado e, portanto, não é de retorno imediato. Sobretudo no sector das Life Sciences em que a I&D tem um ciclo de investimento longo e oneroso e há uma competitividade acrescida, sendo o maior mercado mundial de toda a cadeia de valor.
De que forma Portugal – e em especial Coimbra – poderá sair beneficiado desta troca comercial?
Os EUA constituem a maior fonte de inovação a nível mundial e portanto é muito importante aumentar a exposição, ou diria mesmo a inserção, do talento e oferta portuguesas, a este ecossistema. Coimbra tem provas dadas de ser uma região muito favorável ao empreendedorismo e à inovação, tendo hoje em dia um "cluster" farmacêutico e de biotecnologia relevante. No entanto, existem ainda muitas oportunidades por aprofundar.