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Um porco mealheiro rosa apresenta-se à entrada do escritório. Quem "falha", de alguma maneira, tem de colocar uma moeda no bicho. O erro tem custos: é a materialização da filosofia da ISA - Intelligent Sensing Anywhere. Neste caso, beneficiará uma instituição de solidariedade social. Nos negócios em geral, ganha a concorrência.
São precisamente os adversários que preocupam esta tecnológica de Coimbra dedicada à monitorização remota de tanques de combustível e de gás. Na prática, a empresa instala um dispositivo nestes espaços, reenviando dados em tempo real para uma base. Com essa informação, será possível adoptar medidas de poupança aplicáveis a todo o processo. A redução pode chegar aos 25%.
O pioneirismo na década de 1990, e consequente liderança, levou a então start-up aos radares internacionais das empresas de energia. Passo a passo, a internacionalização foi-se fazendo. "Os processos de internacionalização nunca são fáceis. Há uma necessidade de culturização das empresas nas geografias em que estão a intervir. São economias maduras onde o erro é muito mais penalizado. Nestes mercados só há uma possibilidade de erro: a primeira", conta o administrador João Vasco Ribeiro.
um olhar para as empresas de Coimbra como um parceiro estratégico do desenvolvimento.
Administrador da ISA
Agora, esse trabalho faz-se por um reforço da gama de serviços oferecidos pela ISA aos seus clientes. Não é pelo preço que se conquista: é pela inovação. Sempre com uma meta definida: "o nosso objectivo é voltar a ter liderança".
"Acho que estamos nos sítios certos. Ainda reclamamos alguns custos de contexto", reflecte sobre os mercados onde a tecnológica já está presente. O foco está virado para a América do Norte.
Em meados de 2014, a ISA decidiu fazer uma cisão e criar uma "spin-off" dedicada ao segmento da poupança de energia eléctrica. "Tínhamos dois negócios com maturidades diferentes e desajustadas. Separámos as águas. É uma questão de foco nos negócios", conta ao Negócios.
Nos dois projectos – a funcionar a partir de Coimbra na aceleradora do Instituto Pedro Nunes – colaboram cerca de 90 pessoas.
No escritório, algumas das cadeiras vermelhas estão vazias, porque grande parte do trabalho se faz no terreno. O lado menos urbano da cidade não desmotiva o investimento. "Antigamente a lógica mais importante era a da acessibilidade e da logística. Hoje não: é estar num ecossistema de inovação", considera Ribeiro.
É esse ambiente que a ISA quer cultivar, em parcerias com outras tecnológicas e com a própria universidade que a viu nascer. Apesar disso, há consciência de que nem sempre o esforço é reconhecido. "Não há um olhar para as empresas de Coimbra como um parceiro estratégico do desenvolvimento", confessa.
Onde falta esse carinho e apoio, abunda a vontade de chegar mais longe: ao mundo.
Principais clientes
A lista é extensa e conta com algumas das maiores empresas de energia do mundo. BP, Repsol, Shell ou Galp Energia estão entre os clientes da ISA. Noutras áreas também há interessados na tecnologia: a ANA Aeroportos e a própria Câmara Municipal de Coimbra já adoptaram o sistema de poupança. Nesta fase, todo o negócio é feito com empresas. "Montar um processo directamente ao cliente exige requisitos e um esforço financeiro acentuado", conta João Vasco Ribeiro.
Mercados centrais
O mercado da Europa Ocidental tem sido o foco da ISA. Reino Unido, França e Espanha representam uma fatia acentuada. A diferenciação não tem sido feita pelo preço. "Os mercados maduros são um pouco conservadores neste contexto e preferem uma coisa segura, consistente, que lhes mostre essa lógica da inovação mesmo pagando mais", explica o administrador. Nos Estados Unidos da América foi preciso arranjar uma parceria com uma empresa local para conseguir os primeiros frutos. Actualmente, o país representa 5% das vendas da ISA. O vizinho Canadá também está na mira da tecnológica de Coimbra. No Brasil, a vantagem surge pela possibilidade de chegar a países envolventes, já que no país-irmão o gestor encontra "ciclos mais longos de retorno do investimento". A ISA também chegou ao Médio Oriente, tendo estado sediada no Cairo. "Essa foi com o vento, porque a Primavera Árabe a levou", lamenta.
Contas e futuro
Em 2013, a empresa fechou com um resultado líquido negativo de 1,3 milhões de euros. "Os projectos europeus obrigam-nos a muitas amortizações e depreciações", explica Ribeiro. No último ano, o investimento em inovação foi também acentuado. A meta é regressar a terreno positivo já em 2014. Os rendimentos totais ascenderam aos 8,8 milhões de euros.