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Portugal ainda tem um longo caminho para evoluir na nuvem

O mercado nacional de "cloud computing" parece estar maduro em matéria de aceitação, no entanto, os principais "players" consideram que há ainda muito espaço para crescer ao nível da utilização destes serviços.

Negócios 29 de Setembro de 2016 às 11:10
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Em 2020, as categorias de serviços de "cloud computing" irão representar mais de 40% do orçamento corporativo nas médias e grandes organizações portuguesas. António Maia, director de Professional Services da ITEN, garante que a "cloud" é uma oportunidade para todas as organizações que querem responder de forma rápida ao negócio e dar uma resposta sustentada aos desafios que se impõem, implementando rapidamente soluções escaláveis, flexíveis, e, claro, com segurança.

A IDC reconhece que estamos perante duas fases na adopção dos serviços de "cloud computing" em Portugal. Teremos, por um lado, as organizações que já iniciaram o caminho de consolidação e de normalização há cerca de cinco ou seis anos e hoje "já estão perto das fases finais da maturidade dos serviços de 'cloud computing'" começando, por isso, "a obter ganhos significativos para o negócio". Por outro lado, temos as organizações "que iniciaram este caminho há cerca de um ou dois anos" e que, sendo assim, "estão ainda nas fases iniciais deste modelo".

A verdade é que, na opinião do director de Professional Services da ITEN, o crescimento da utilização de "cloud" presenciado em Portugal deve-se à "velocidade e à competição que cada modelo de negócio traduz, viciando todo o ecossistema do mercado, para obtermos resultados extraordinários de uma forma inovadora e com uma rápida aceitação".

Na generalidade dos estudos feitos pela IDC Portugal é possível perceber que a implementação de ambientes "cloud" é um caminho e não um simples projecto de TI, embora a maioria das organizações inicie este caminho com investimentos "ad hoc" ou oportunistas desenhados com o objectivo de testar ou comprovar o valor destes serviços e para acelerar o aprovisionamento e melhorar a produtividade de determinados grupos de utilizadores. "Qualquer modelo de negócio não pode existir aos dias de hoje sem equacionar a adopção de componentes digitais. Em qualquer que seja o mercado, banca, saúde, imobiliário ou retalho, existe a oportunidade de melhorar a experiência dos colaboradores, clientes ou parceiros, com recurso a soluções digitais", sustenta António Maia.

Melhorar a utilização

De acordo com Wesley Gentine, "virtustream big data architect" da Dell EMC, as empresas compreendem que as soluções de "cloud computing" são "essenciais" para atender os requisitos do seu negócio com a agilidade que o mercado requer.

"Qualquer entidade, quando tem de tomar uma decisão de investimento em tecnologia, pondera as opções existentes em modelo 'cloud'", confirma Gonçalo Costa Andrade, director da Divisão de Cloud da IBM Portugal. De acordo com este responsável é notória a existência de dois domínios distintos, o das organizações que surgem com a "cloud", sobretudo start-ups, em que a sua adopção é a regra, e o das restantes que ao longo dos últimos anos se têm vindo a adaptar e progressivamente a adoptar soluções "cloud", na sequência, por exemplo, dos ciclos naturais de renovação tecnológica, mas essencialmente no âmbito de novos projectos e iniciativas. Actualmente, os desafios ainda por ultrapassar surgem na maior parte dos casos em organizações que, quer pelos investimentos feitos no passado ("legacy") ou por algum conservadorismo, se mantêm renitentes na adopção de "cloud", embora estes casos sejam cada vez mais raros. Gonçalo Costa Andrade garante que é cada vez mais comum encontrar já alguns "workloads" específicos na "cloud", designadamente para o e-mail ou para ambientes de desenvolvimento e teste.


9%
das empresas nacionais têm uma estratégia "cloud first".


70%
avaliam em circunstâncias idênticas serviços "cloud" e "on-premise".


80%
das organizações portuguesas já colocaram mais de 10% das cargas em "cloud computing".


22%
do orçamento de TI das organizações nacionais é despesa com serviçosde "cloud".


Nos próximos três a cinco anos, a maioria das grandes organizações vai ter mais dados na "cloud" do que nos seus centros de dados, prevê a IDC, sustentando este cenário com o facto de todas as organizações se posicionarem para ser um fornecedor de serviços "cloud computing" nos mercados em que operam. "Percebemos que as empresas ainda não estão a investir em normalização, automatização e orquestração para tirar o proveito potencial da tecnologia", assume Wesley Gentine.

Por sua vez Manuel Piló, "business development - cloud and managed services" na Cisco Portugal, considera que as empresas portuguesas já vão integrando a "cloud" nas suas estratégias de negócio, mas enfrentam ainda o desafio de implementar, por si só, uma estratégia de "cloud" madura e avançada. A Cisco estima que, numa escala global, o tráfego de "cloud" vai quadruplicar entre 2014 e 2019 com mais de 275 milhões de aplicações e "workloads" alojados na "cloud" no fim desse período. E a verdade é que este crescimento anual de 27% é potenciado pela transformação digital.

Luís Carvalho, director da Unidade de Cloud e Enterprise na Microsoft Portugal, explica que um dos exemplos mais comuns de projectos que estão a surgir prendem-se com tecnologias de recuperação de desastres que até aqui estavam longe da maioria dos clientes por razões económicas e de tempo de implementação. "Hoje em dia um plano de recuperação de desastres pode ser implementado para dezenas ou centenas de servidores em menos de uma semana e isso só é possível com a escala da 'cloud'", sustenta o responsável.

Seguros, mas não muito

Vantagens e ganhos à parte, a verdade é que a insegurança ainda paira sobre os gestores, muito embora os fornecedores tenham investido muito na consciencialização do mercado para a importância da segurança neste tipo de ambientes, que em muitos casos supera largamente as defesas que muitas empresas têm "in house" e que pensam ser intransponíveis.

Questões imediatas relacionadas com segurança, controlo, acesso à informação das organizações, questões de performance e tempos de resposta devido a latência ou quebra de comunicações são apenas algumas que se levantam. Laila Ferreira, "helion & hybrid IT sales executive" na HPE, explica que estas não são questões únicas e que existem também factores relacionados com a falta de visibilidade sobre possíveis custos não previstos antecipadamente, ou mesmo mecânicas de "financial asset management". Sem esta visibilidade, esta especialista reconhece que os reais benefícios de externalização de serviços e plataforma de Sistemas de Informação (SI) versus manter estruturas tradicionais ou de adoptar "clouds" privadas não são quantificáveis. Também a questão da qualidade do serviço entregue e a gestão de SLA, muitas vezes difíceis de medir e monitorizar, traduzem-se, no entender de Laila Ferreira, em questões legais e contratuais complexas, ou de difícil gestão nos processos de "governance" e "compliance". "Tendo em consideração estes desafios muitas vezes desmobilizadores ou inibidores da adopção de uma estratégia de TI orientada ao serviço, a aproximação deverá passar pela adopção de soluções de 'cloud' híbridas", sustenta a "Helion & hybrid IT sales executive" na HPE.

Também António Miguel Ferreira, "managing director" da Claranet Portugal, acredita que as questões relacionadas com a segurança têm o seu peso, apesar de se terem vindo a esbater ao longo dos últimos anos. "A protecção do 'modus operandi' de fazer TI é também um dos factores que impedem uma mudança mais rápida", considera este responsável, mas segundo ele, "é falso que a 'cloud' seja mais insegura do que outras formas de utilizar as TI".






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