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Ambientes híbridos são os preferidos

A "cloud" híbrida é amplamente cobiçada, no entanto, os gastos com a "cloud" privada continuam a aumentar.

Negócios 29 de Setembro de 2016 às 11:00
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Embora a adopção se divida de forma relativamente uniforme entre "cloud" pública e privada (52% e 54% respectivamente), cerca de 73% das organizações apostam numa estratégia híbrida, o que inclui uma subscrição de vários fornecedores "cloud" externos e a utilização de uma combinação de recursos na "cloud" e de TI dedicados. De acordo com a IDC, o termo serviços de "cloud" híbrida é utilizado para descrever a "coordenação/gestão consolidada de múltiplos serviços de 'cloud'. Os serviços de 'cloud' híbrida integram combinações como público/público, público/privado e privado/privado."

É este o conceito que está a abanar a transformação digital nas empresas e a seduzir os gestores que preferem ganhar vantagem competitiva e agilidade, combinando o melhor de dois mundos. Os especialistas dão conta de um aumento exponencial de intenções de projecto na área da "cloud" híbrida.

"A maioria dos clientes, por razões de arquitectura, localização dos dados, customização ou 'compliance', tem ambientes híbridos", confirma António Miguel Ferreira, "managing director" na Claranet Portugal. Mas embora a nuvem híbrida seja uma aposta de todos como modelo dominante no futuro, a Gartner assinala que os desafios nesta área são ainda grandes, incluindo as questões de integração com sistemas antigos, incompatibilidade entre aplicações, falta de ferramentas de gestão em alguns casos, API e o fraco suporte dos fornecedores.


Os desafios nesta área são grandes, incluindo a integração com sistemas antigos, aplicações não compatíveis e a falta de algumas ferramentas de gestão. 


Para que as organizações possam ter a garantia de uma "cloud" híbrida é fundamental dominar as capacidades deste modelo de "cloud", porque só desta forma pode ser assegurada a rapidez, o domínio e a previsibilidade do serviço que resulta de um alargamento das fronteiras da organização. Quando se fala de "clouds" híbridas, não se trata apenas de ligar uma "cloud" aos sistemas "on-premises", trata-se, de ligar "clouds" entre si dado que alguns dos processos e aplicações correrão transversalmente em distintos ambientes de "cloud".

Gonçalo Costa Andrade, director de "cloud" da IBM Portugal, explica que se podem encontrar frequentemente seis pontos de ligação, que podem constituir desafios importantes a ter em conta.

Nuvem desafiante

O primeiro é a integração. Qual a facilidade de desenvolvimento de aplicações que precisam de dados que existem em diferentes sistemas ou de serviços que estão a correr noutra "cloud"? O segundo ponto engloba a visibilidade e o controlo. Há que conhecer o que se passa. É necessário tirar partido de ferramentas de automatização e de instrumentalização, uma vez que as interacções que ocorrem podem criar dados valiosos que se podem transformar em informação para melhorar ainda mais os processos de negócio. Sem esquecer a monitorização, não só ao nível da infra-estrutura, mas do processo em si. E ainda a segurança, o tema mais questionado de todos. Os ambientes de "cloud" são geralmente mais seguros do que a infra-estrutura tradicional existente, porque assim foram desenhados. É necessária uma visão completa da segurança em cada ponto de interacção. Um impulso adicional é o tema de DevOps. O mundo está em constante mutação. As exigências de automação, de actualização, de novas "features" e de novas aplicações são crescentes. Os "developers" têm de dispor de ferramentas que suportem este novo mundo. Outro desafio apontado por este responsável é a portabilidade. Segundo ele, nem todas as "clouds" são criadas de forma igual e, por isso, devemos trabalhar sobre "standards" abertos de forma a poder ter a liberdade de movimentar os "workloads" de acordo com a produtividade e onde tragam mais valor. Por último, a localização dos dados e a sua gestão. "Quando lidamos com volumes de dados significativos criados pelas aplicações que já existem temos de ter a capacidade de os gerir e de os movimentar", sustenta o director de "cloud" da IBM Portugal.

Gerir a complexidade

De acordo com a Cisco, até ao final de 2017, quase 50% das empresas terão um ambiente de "cloud" híbrido implementado. Mas essa expansão é ainda limitada no controlo desse mesmo ambiente, no tipo de aplicações e "workloads" que podem ser portados entre as "clouds" privadas e públicas, na segurança e na conformidade com normas empresariais.

A utilização de "cloud" híbrida contempla mais do que apenas dois ecossistemas (a visão tradicional entre "cloud" privada e pública), originando um cenário complexo com múltiplas opções de diversos fornecedores nos modelos privado/público e ainda nos modelos de serviço IaaS/PaaS/SaaS. Neste contexto será necessário adoptar processos e ferramentas que, ao serem integrados com várias plataformas de "cloud", proporcionem uma visibilidade e orquestração abrangentes, criando um nível de abstracção que simplifique a gestão da complexidade.

Com efeito, apesar da estandardização proporcionada pela "cloud", a crescente aplicabilidade das TI às necessidades das organizações leva a um crescimento da complexidade associada a novos sistemas e soluções, que precisam de ser geridos tanto a um nível maior de abstracção, como a uma industrialização da gestão do serviço.

Outra problemática que o director de "cloud" da IBM Portugal recomenda salvaguardar é a interoperabilidade, evitando-se os "lock-in" dos fornecedores e adoptando-se "standards" de mercado, como o OpenStack para o modelo de serviço IaaS, e a CloudFoundry para o modelo de serviço PaaS.

"Há necessidade de oferecer aos clientes um nível de orquestração e automação semelhante, qualquer que seja a infra-estrutura em que correm as suas aplicações", justifica o "managing director" na Claranet Portugal.

Prós e os contras da oferta e da procura  Perante este cenário, os fabricantes de hardware e os distribuidores têm um desafio acrescido, que ainda não venceram, que é o de lutarem contra a redução do seu mercado natural. Os especialistas na implementação e gestão de serviços em "cloud" são os fornecedores de que as empresas hoje em dia necessitam.

Quanto às empresas/clientes, estas têm menos investimento à cabeça, pagando o que realmente consomem e não um novo equipamento que, no modelo tradicional, é normalmente dimensionado com uma capacidade para, pelo menos, três anos de vida útil. 


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