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Juros da dívida portuguesa deslizam em todos os prazos
Investidores estarão a comprar títulos de dívida de países periféricos, à espera de um maior retorno no próximo ano. Juro das obrigações portuguesas a dez anos cai mas mantém-se acima de 6%.
Portugal está a verificar um alívio no mercado de dívida. Os investidores estão a pedir custos mais baixos para adquirirem títulos de dívida nacional, à semelhança do que acontece noutras economias periféricas da Zona Euro, como Espanha e Itália.
A taxa de juro associada às obrigações portuguesas a dez anos perde 1,3 pontos base para se situar nos 6,03%, descendo pelo segundo dia consecutivo mas mantendo-se, contudo, acima da barreira dos 6%, superada na semana passada.
A tendência do mercado nacional é de perdas em todas as maturidades. A dois anos, a “yield” resvala 5,8 pontos base para os 3,21% enquanto que, no prazo a cinco anos, o deslize é de 2,6 pontos base, colocando a taxa de juro implícita nos 4,94%.
O recuo das taxas de juro reflecte um avanço do preço das obrigações, o que mostra que os investidores estão a valorizar as obrigações portuguesas - uma tendência que é, aliás, europeia.
No caso nacional, Portugal aproxima-se da data marcada para o final do programa de ajustamento económico e financeiro: Junho de 2014. O presidente da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), João Moreira Rato, acredita que as taxas de juro da dívida pública portuguesa venham a cair ainda mais até essa altura. Moreira Rato espera apenas que seja “removida” alguma incerteza que se encontra em volta de Portugal, tendo já falado anteriormente nas dúvidas quanto a eventuais chumbos de normas constantes no Orçamento do Estado para 2014.
Depois da operação da semana passada que permitiu aliviar o valor de dívida a pagar em 2014 e 2014, o IGCP planeia emitir dívida em prazos mais longos (por exemplo, cinco e dez anos) já no início do próximo ano.
Entretanto, o banco alemão Commerzbank recomendou aos seus clientes a compra de obrigações portuguesas porque acredita que irão apresentar o melhor desempenho da Zona Euro no próximo ano.
Esta quarta-feira, Portugal verifica uma diminuição dos juros pedidos pelos investidores mas esta é inferior à verificada em Itália e Espanha. As “yields” espanholas estão em forte queda, caindo no prazo a cinco anos para um mínimo de oito anos, nos 2,55%.
“Alguns gestores de activos e investidores locais estão a reorganizar as suas carteiras antes do final do ano e acreditam que as obrigações periféricas são atractivas. A situação na Zona Euro estabilizou e a perspectiva para o crédito e Espanha e Itália melhorou”, justificou à agência Bloomberg o analistas do Danske Bank, Owen Callan.