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Homem de Wall Street desiste da Fed e mercados aplaudem

Abandono de Larry Summers ajudou ao alívio dos juros da dívida portuguesa.

16 de Setembro de 2013 às 22:45
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O anúncio de que Larry Summers desistiu da corrida à presidência da Reserva Federal foi festejado pelos investidores, que correram a comprar acções e obrigações. Uma ironia, tendo em conta que o antigo secretário do Tesouro de Clinton e assessor de Obama é considerado um aliado de Wall Street. A perspectiva de a Reserva Federal vir a ser liderada pela actual vice-presidente, Janet Yellen, dá mais garantias de que a retirada dos estímulos monetários será feita com a máxima prudência. Até os juros de Portugal aliviaram.

As críticas públicas ao programa de expansão monetária da Reserva Federal ajudaram a criar a imagem de que Larry Summers conduziria uma política mais agressiva, retirando mais cedo e depressa o plano de estímulos que vigora desde 2009. O fim da liquidez barata preocupa os investidores, que celebraram o anúncio com ordens de compra para os activos de risco.

"Numa semana em que a Reserva Federal irá provavelmente começar a diminuir os estímulos monetários, o mercado irá olhar para esta retirada como um sinal de que a política heterodoxa poderá durar mais tempo", comenta Jim Reid, do Deutsche Bank, citado pelo "Wall Street Journal". "O abandono de Summers vai impulsionar os activos de risco e baixar os juros das obrigações", diz Mitul Kotecha, do Crédit Agricole.

As acções europeias renovaram segunda-feira máximos de cinco anos, com o índice alemão Dax a atingir um novo recorde. As bolsas emergentes atingiram o nível mais alto em três meses, com as divisas a recuperarem face ao dólar. A notícia ajudou também a baixar os juros da dívida pública nos EUA e na Europa, com as taxas de Portugal a recuarem em todos os prazos.

Larry Summers, claramente o favorito de Barack Obama, parecia bem encaminhado para se tornar o 15.º presidente da Reserva Federal. O "site" de apostas britânico Paddy Power atribuía, na sexta-feira, uma probabilidade de 85% à escolha do antigo secretário do Tesouro de Bill Clinton. No mesmo dia, o diário japonês "Nikkei" garantia que o presidente americano anunciaria o nome de Summers até ao final da semana.

O antigo director do Conselho de Política Económica da Casa Branca entre Janeiro de 2009 e Novembro de 2010, tinha a seu favor a proximidade com o presidente, cimentada na coordenação da resposta à crise nos primeiros anos do mandato de Obama. Contra ele estavam vários senadores do partido Democrata, que viam na nomeação de Summers uma ameaça à estabilidade financeira. Como membro da equipa de Clinton no Tesouro americano, Summers participou na desregulação dos mercados e da banca na década de 90 que, entre outros, levou ao fim da separação entre banca de investimento e comercial. O antigo presidente da Universidade de Harvard é consultor de vários bancos, entre eles o Citigroup.

De acordo com a Bloomberg, vários senadores democratas montaram uma campanha sustentada de lóbi contra Summers. Ao ponto de ameaçar a nomeação, que tem se ser ratificada pelo Senado. "Qualquer processo de confirmação seria uma acrimónia e não serviria os interesses da Reserva Federal, do governo, ou, em última instância, da recuperação da economia", afirma o desistente numa carta a Barack Obama. O presidente agradeceu "o incansável trabalho e serviço prestado ao país".

 
Vice lidera corrida à presidência da Reserva Federal

Com a saída de cena de Larry Summers, reabre-se a disputa pela presidência da Reserva Federal. Janet Yellen, actual vice-presidente da Fed, aparece agora como a candidata mais provável, numa luta que se fará apenas a dois, tendo em conta os nomes referidos por Obama. O outro candidato é Donald Khon, antigo vice-presidente da Fed, que com a desistência de Summers está a ganhar atenção mediática.

Uma sondagem realizada pela CNBC na quinta e sexta-feira dava a vitória a Summers, ainda que uma larga maioria dos inquiridos preferisse Yellen, vista como um solução de continuidade da política de Ben Bernanke. E alguém que só perante sinais muito evidentes de solidez da economia irá promover uma retirada total dos estímulos à economia.  

 

 


 

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