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Fed deve começar a abrandar cortes no balanço "muito em breve" e admite manter juros elevados

A Reserva Federal (Fed) norte-americana já começou, na reunião que terminou esta quarta-feira, a discutir o abrandamento do ritmo de redução de dívida contida no balanço. Quanto a potenciais cortes de juros, Powell mantém o discurso de que tudo dependerá dos dados económicos e de que estas decisões são tomadas "reunião a reunião" do banco central.

Após a primeira reunião da Fed de 2024, o presidente, Jerome Powell, deverá anunciar que as taxas diretoras se mantêm entre 5,25% e 5,5%.
Evelyn Hockstein/Reuters
Fábio Carvalho da Silva fabiosilva@negocios.pt 20 de Março de 2024 às 19:37

A Reserva Federal (Fed) norte-americana já começou, na reunião que terminou esta quarta-feira, a discutir o abrandamento do ritmo de redução de dívida contida no balanço, uma tarefa que o banco central espera que comece "muito em breve", revelou o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, durante a conferência de imprensa após este encontro de dois dias.

"Discutimos, nesta reunião, questões relacionadas com o abrandamento do ritmo de redução do balanço, mas não tomámos qualquer decisão sobre o tema", revelou o presidente da Fed. Ainda assim, uma coisa é certa. Os participantes do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC) esperam que comece "muito em breve" o abrandamento do "quantitative tightening" (QT - aperto quantitativo, por oposição ao anterior programa de flexibilização quantitativa, que consistiu numa política monetária agressiva através da qual a Fed comprava grandes quantidades de ativos financeiros, na tentativa de estimular a economia pela injeção direta de dinheiro no mercado. Na fase de QT, o banco central tem vendido gradualmente esses ativos para os reduzir no seu balanço).

Powell explicou que, ao tomar esta medida, o banco central vai permitir que se chegue ao fim do QT "de forma gradual", "ajudando a garantir uma transição suave e reduzindo uma situação de ‘stress’ nos mercados monetários".

Powell não especificou o que quis dizer com "muito em breve", já que a data para começar a abrandar os cortes no balanço está dependente de uma análise aos mercados monetários.

"Vamos monitorizar cuidadosamente as condições do mercado monetário e ver o que nos dizem sobre as reservas bancárias, que neste momento caracterizaríamos como abundantes, porque o que pretendemos é que sejam amplas", acrescentou o líder da Fed. 

Depois deste passo, o banco central entrará noutro período, em que vai eliminar o passivo não relacionado com as reservas bancárias.

Por fim, numa terceira fase, "haverá outro período em que manteremos o balanço constante", uma situação que na ótica de Powell levará a uma "aterragem fácil e suave" da economia.

Atualmente, a Fed tem vindo a reduzir o seu balanço, permitindo que vençam todos os meses até 95 mil milhões de dólares em dívida, 60 mil milhões em obrigações do Tesouro e 35 mil milhões em "mortgage-backed securities" – títulos garantidos por hipotecas. De acordo com Powell, o banco central já deixou expirar cerca de 1,5 biliões de dólares em dívida do balanço.

Esta discussão da Fed já era esperada por vários analistas e antecipada pelas atas da última reunião do banco central, que expressavam a vontade do FOMC de discutir o tema.

Já no que diz respeito a potenciais cortes de juros, Powell manteve o discurso de que será necessário que o FOMC esteja mais confiante quanto à queda da inflação e, para isso, serão necessários mais dados, pelo que não fecha a porta a que os juros diretores se mantenham elevados enquanto for "apropriado".

"Estamos preparados para manter o nível atual intervalo da taxa dos fundos federais durante mais tempo, se for apropriado", frisou Powell, que recordou que o banco central precisa de "ganhar mais confiança sobre a queda sustentável da inflação para a meta dos 2%".

O líder da Fed salientou que "um alívio demasiado rápido ou excessivo da política [monetária restritiva] poderá levar a um retrocesso do que tem sido registado em matéria de inflação, e por outro lado, uma política demasiado restritiva pode enfraquecer a economia", pelo que o banco central terá em conta os dados, tomando este tipo de decisões "reunião a reunião". 

Nesta reunião, o banco central decidiu manter a taxa dos fundos federais inalterada entre os 5,25% e os 5,5%. 


(Notícia atualizada às 19:52 horas).

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