O ambiente de baixas taxas de juro está a ajudar a economia europeia a recuperar. O Banco Central Europeu (BCE) considera que as condições de financiamento mais favoráveis estão a impulsionar a recuperação do sector privado não financeiro. A concessão de crédito por parte da banca ainda não está a fluir como seria desejável pelo BCE, mas continua a aumentar.

A conjuntura favorável ao nível das condições de financiamento está a contribuir para melhorar as condições de empresas e famílias. E a expectativa é que os riscos sobre os lucros e o rendimento "continuem a  diminuir gradualmente", antecipa o Relatório de Estabilidade Financeira do BCE divulgado esta terça-feira, 24 de Maio.

Além das melhorias nas condições financeiras das famílias, que deverão continuar a beneficiar com a recuperação do mercado laboral, o relatório sublinha ainda que "o número de insolvências continuou a diminuir na Zona Euro ainda que seja ainda mais elevado que na anterior crise financeira global, particularmente nos países do euro mais afectados pela crise". Também os lucros continuam em níveis baixos, mas "a rentabilidade é expectável que aumente".

Ainda que as condições de financiamento sejam mais favoráveis, o BCE alerta para a necessidade de se continuar a reduzir o endividamento, sobretudo nas regiões onde a dívida é mais elevada. "O endividamento das famílias na Zona Euro situou-se em 60% do PIB" no último ano, um nível que permanece elevado, lembra o mesmo documento.

O relatório nota ainda que dadas as preocupações em relação à recuperação da economia global e a elevada incerteza política, as companhias continuam a manter níveis de liquidez elevados no balanço .

Financiamento barato

Apesar das operações de refinanciamento anunciadas pelo BCE e os esforços desenvolvidos pela instituição para que os bancos aumentem a concessão de financiamento à economia, o crédito continua a crescer a um ritmo lento. Mas, a expectativa é que, face às condições actuais, a concessão de crédito continue a recuperar, com as empresas a beneficiarem de condições de financiamento favoráveis.

E não deverá ser só através da banca que as empresas não financeiras irão conseguir financiamento com boas condições. Segundo o relatório, o financiamento fora da banca, através de emissões de dívida, continuou a aumentar na segunda metade de 2015 e no primeiro trimestre de 2015, com as empresas a tentarem beneficiar com as baixas taxas de juro no mercado.

"As condições financeiras de empresas não financeiras permanece favorável e continua a apoiar o financiamento do investimento", refere o documento. A melhoria das condições, os apoios ao crédito do BCE, como as operações de refinanciamento de longo prazo e os programas de compra de obrigações, bem como outras medidas de estímulo na região, deverão "promover a recuperação do crédito bancário, bem como baixar os custos de financiamento" das empresas.

Perspectivas optimistas que não devem, porém, descurar a elevada incerteza política na região, que tem aumentado a volatilidade no mercado accionista e obrigacionista e que, segundo o relatório, pode reduzir os efeitos positivos das medidas de estímulo do BCE.