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Subida das taxas de juro intensifica febre obrigacionista no arranque do ano

O mercado de dívida explodiu nos primeiros dias do ano. Além de países e empresas estarem a financiar-se para a atividade corrente, a esperada subida das taxas de juro está a levar a maior agitação.

A BlackRock antecipa a primeira subida de juros nos EUA em 2023.
EPA
11 de Janeiro de 2022 às 19:00
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As empresas de todo o mundo captaram mais de 100 mil milhões de dólares em obrigações na primeira semana deste ano, num esforço para emitir mais dívida já e evitar enquanto é possível o agravamento das taxas de juro.

Até à passada sexta-feira foram emitidos 101 mil milhões de dólares em dívida, sendo que o mercado obrigacionista norte-americano foi o responsável pela maior fatia. O montante ficou apenas atrás dos 118 mil milhões de dólares contabilizados em igual período do ano passado, um recorde de 19 anos de história, de acordo com os dados compilados pela Refinitiv e citados pelo Financial Times.

O funcionamento normal do mercado obrigacionista é habitualmente mais ativo em emissões de dívida no início do ano, após um período mais calmo em dezembro. A razão para este movimento prende-se com as necessidades de financiamento dos emitentes, mas também com a organização das carteiras dos grandes investidores.

Segundo o Financial Times, estas operações têm sido dominadas sobretudo por instituições estrangeiras que angariam fundos nos mercados dos EUA. Uma série de nomes "blue-chip", como a seguradora MetLife e a fabricante de maquinaria pesada Caterpillar, emitiram nova dívida.

Mas nem só de obrigações com elevada classificação é feito o mercado. Na semana passada, a empresa de cruzeiros Royal Caribbean estreou-se nas "junk bonds" (obrigações com rating especulativo) com uma emissão de 1.000 milhões de dólares. A plataforma Reddit também já declarou a intenção de testar o apetite dos investidores por dívidas mais arriscadas.

No entanto, banqueiros e analistas temem o que possa vir a acontecer com o decorrer do ano. Os mercados de dívida e de capitais próprios têm vivido uma onda de volatilidade exacerbada pelos sinais da Reserva Federal dos EUA (Fed) de que poderá subir taxas de juro mais cedo e mais depressa do que os investidores  esperavam.

Em reação, as "yields" das obrigações do Tesouro dos EUA a 10 anos dispararam para máximos de dois anos. "Tem sido um início de ano sólido, mas tudo indica que em 2022 o ambiente de financiamento será mais difícil do que no ano passado", comentou Jonny Fine, responsável pelo departamento de emissões empresariais do Goldman Sachs, ao FT.

O aumento das "yields" do Tesouro norte-americano deverá traduzir-se num aumento do custo de gestão da dívida das empresas. Já este ano, a taxa de juro média das obrigações de empresas subiu para 2,55% (de 2,36%), de acordo com os cálculos da Ice Data Services.

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