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Subida dos juros da dívida enerva Wall Street. Inflação centra atenções
Os principais índices bolsistas norte-americanos encerraram em terreno negativo, com exceção do Nasdaq, pressionados sobretudo pelas tecnológicas em novo dia de subida dos juros das obrigações do Tesouro.
O índice industrial Dow Jones fechou a sessão desta segunda-feira a ceder 0,45% para 36.068,87 pontos. No passado dia 5 de janeiro tocou num nível nunca antes atingido, nos 36.952,65 pontos.
Já o Standard & Poor’s 500 recuou 0,14% para 4.670,29 pontos. Na negociação intradiária de 4 de janeiro atingiu o valor mais alto de sempre, nos 4.818,62 pontos.
Por seu lado, o tecnológico Nasdaq Composite conseguiu recuperar fôlego na reta final da sessão e terminou com um ganho marginal de 0,05% para se fixar nos 14.942,83 pontos. No passado dia 22 de novembro, recorde-se, atingiu um máximo histórico nos 16.212,23 pontos.
A queda desta segunda-feira segue-se a uma semana negativa na abertura de 2022, depois de a Fed sinalizar que endurecerá mais depressa do que o previsto a sua política monetária de modo a conter a subida da inflação. Para o S&P 500, que recuou 1,9% no cômputo dos cinco dias, foi o pior arranque de ano desde 2016.
Com esta perspetiva, os juros da dívida soberana dos EUA têm estado a subir e hoje dispararam para 1,8080%, no vencimento a 10 anos, um nível que não era visto desde janeiro de 2020. Na semana passada aumentaram 25 pontos base, o maior aumento semanal desde finais de 2019.
Os investidores aguardam agora com expectativa pelos dados da inflação dos EUA relativos a dezembro, que serão divulgados no dia 12 de janeiro. As estimativas dos analistas auscultados pela Reuters são de que o IPC tenha disparado para máximos das últimas décadas, nos 5,4% (contra 4,9% em novembro).
Os sinais da Fed
Na quarta-feira passada, houve mais um sinal de que a Fed poderá agir de forma mais agressiva se a inflação permanecer elevada, o que contribuiu para a prudência adicional nos mercados.
Com efeito, as atas da última reunião da Reserva Federal norte-americana revelaram que os membros do banco central colocam a possibilidade de começar a subir os juros diretores mais cedo do que se esperava e de forma mais acelerada. O primeiro aumento poderá ser já em março.
Além disso, os membros da Fed mostraram-se favoráveis a reduzir o seu balanço mais cedo do que o previsto.
Este endurecimento da política monetária do banco central fez disparar os juros da dívida, o que tem penalizado essencialmente as cotadas de maior risco, desde as tecnológicas – que negoceiam em preços elevados – até às recém entradas em bolsa (que têm um registo limitado do seu desempenho).
Na sessão desta segunda-feira, as tecnológicas voltaram a ser castigadas em bolsa – depois de terem disparado nos últimos dois anos, muito graças às baixas taxas de juro –, com os investidores a preferirem comprar cotadas com uma avaliação mais baixa, como as da energia e setor financeiro, mas na última meia hora de negociaçãop conseguiram dar a volta por cima e fechar em alta.
Hoje, o Goldman Sachs já veio dizer que aponta para que os juros diretores da Fed possam subir quatro vezes este ano.