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Morgan Stanley recomenda cautela com dívida portuguesa
O banco de investimento assinala que o mercado de obrigações soberanas em Portugal está sob "stress severo" e que a subida recente dos juros foi "exagerada". No mercado secundário os juros estão em forte queda.
O Morgan Stanley veio esta segunda-feira juntar-se à lista de bancos de investimento que estão a recomendar aos clientes que tenham uma posição defensiva na aposta na dívida portuguesa.
Numa nota citada pela Bloomberg, o banco norte-americano recomenda aos clientes que permaneçam com cautela nas obrigações do Tesouro, citando, entre outros factores, preocupações em torno do "rating" de Portugal, a elevada volatilidade e a fraca liquidez no mercado português.
Apesar de notar que o agravamento das "yields" das obrigações portuguesas na smana passada foi "exagerado", o banco de investimento nota que o mercado português está sob um "stress" severo, superior ao dos restantes periféricos, devido à aversão global ao risco e aos desafios internos.
Numa nota assinada pela analista Daniele Antonucci, o Morgan Stanley acrescenta que a economia portuguesa está a crescer a um ritmo deprimido, as reformas implementadas estão a ter algum efeito, apesar de permanecer o problema do elevado valor da dívida e do fraco potencial de crescimento da economia. A dívida pública de Portugal está em redor de 130% do PIB e a economia cresceu 1,5% no ano passado, em linha com a média da Zona Euro.
O banco assinala que o Orçamento do Estado está em linha com as exigências europeias, embora permaneçam os riscos de derrapagens e seja incerto até quando os partidos de esquerda vão continuar a apoiar o Governo PS.
Como factores de incerteza no mercado português, o Morgan Stanley cita ainda a forma "pouco ortodoxa" como foram transferidas várias linhas de obrigações do Novo Banco para o BES.
Quanto à liquidez do Tesouro, o Morgan refere que as necessidades de financiamento são geríveis, a posição de liquidez é "relativamente forte" e os reembolsos para 2017 diminutos.
Os juros da dívida pública de Portugal atingiram um máximo de Março de 2014 acima dos 4,5%, tendo depois aliviado na sessão seguinte. Uma tendência que se prolonga esta segunda-feira, com a "yield" das obrigações a 10 anos a ceder 21 pontos base para 3,52%.