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Juros periféricos disparam e alemães afundam com procura por refúgio
Os investidores estão a mostrar algum receio sobre o que se está a passar na Grécia. Estão a afastar-se da dívida de países como Portugal e Espanha e procuram obrigações alemães e francesas.
Na semana passada, as taxas de juro associadas à dívida alemã aumentaram enquanto as "yields" implícitas das dívidas de países como Espanha e Portugal deslizaram. Esperava-se um acordo na Grécia. O entendimento não veio e houve, mesmo, durante o fim-de-semana, uma intensificação das dúvidas, com a necessidade de impor um limite à saída de capitais da Grécia. A tensão está a afastar os investidores de activos mais arriscados, como a dívida dos periféricos, e a empurrá-los para outros considerados como refúgio, caso da dívida alemã.
No caso das obrigações alemãs, as taxas de juro estão a cair em praticamente todos os prazos e numa magnitude pouco usual. A "yield" das obrigações a dez anos está a perder 21,4 pontos base para os 0,709%. As rendibilidades descem quando o preço sobe e, neste caso, o comportamento de subida do preço deve-se à forte procura por um investimento de refúgio – também a moeda japonesa iene está a ganhar como reflexo desse movimento. A dívida alemã é sempre vista como um activo de refúgio, dada a sua segurança enquanto maior economia da Zona Euro.
No mercado secundário, as descidas são acima de 10 pontos base (0,1 pontos percentuais) em grande parte das maturidades da dívida germânica, segundo as taxas genéricas da Bloomberg.
Entre as principais economias da Zona Euro, apenas a França verifica também uma descida das "yields", ainda que de menor dimensão que no caso de Frankfurt.
Já a dívida dos países periféricos está a sofrer com o fecho dos bancos por uma semana, com a imposição de controlo de capitais e com as incertezas trazidas por um referendo a realizar no dia 5 de Julho na Grécia.
O caso português é disso prova: as taxas de juro associadas à dívida portuguesa a dez anos estão a disparar 42,3 pontos base para 3,142%. Tinham fechado, na sexta-feira, em 2,718%.
As subidas são superiores a 30 pontos base nas maturidades mais longas. A cinco anos, a "yield" ganha 29,3 pontos base para 1,744% enquanto a dois anos o ganho é mais ligeiro, de 4,1 pontos base para 0,555%.
Itália e Espanha também experienciam uma exigência de rendibilidades mais elevadas para que os investidores aceitem adquirir as suas obrigações: pedem mais 30 pontos base esta segunda-feira do que no final da semana passada.
A subida das "yields" reflecte uma perda de confiança dos investidores, pelo que pedem preços para elevados para a negociação dos títulos de dívida.