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Grécia limita levantamentos de dinheiro a 60 euros por dia e bancos só reabrem dia 7
O primeiro-ministro grego anunciou o encerramento dos bancos e a imposição de controlo de capitais. Tsipras garantiu que os depósitos estão salvaguardados e diz aos gregos que podem permanecer calmos. Anunciou também ter pedido novamente uma extensão do programa grego. O Ministério das Finanças já revelou que os levantamentos estão limitados a 60 euros por dia.
Numa curta declaração televisiva feita ao povo grego este domingo, 28 de Junho, já perto das 19h em Lisboa, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, anunciou que os bancos gregos irão encerrar e decretou a imposição de controlo de capitais.
O também líder do Syriza revelou ter aceitado a recomendação que o banco central grego se viu "forçado" a apresentar ao Governo helénico depois de novo bloqueio nas negociações. Tudo se precipitou após Tsipras ter anunciado, na última sexta-feira, a convocatória de um referendo popular sobre a proposta apresentada pelos credores à Grécia, o que levou posteriormente, ao longo deste fim-de-semana, a um grande acréscimo de levantamentos de dinheiro nas caixas multibanco. O receio sobre o que poderia acontecer ao sistema financeiro grego no início desta segunda-feira levou o banco central a alertar a equipa governamental liderada por Tsipras que de pronto se reuniu num conselho de ministros extraordinário.
O primeiro-ministro grego não adiantou qual o período de tempo em que irá vigorar o encerramento dos bancos nem a partir de que montantes será imposto o controlo de capitais. Mas entretanto o Ministério das Finanças revelou mais pormenores sobre este assunto. "O Ministério das Finanças anunciou que os bancos vão permanecer fechados até 7 de Julho" e o controlo de capitais imposto limita a 60 euros o montante máximo de levantamentos por dia, revela uma jornalista citada pelo Guardian.
Aquando da crise do sistema financeiro cipriota em 2013, as medidas de controlo de capitais impostas impediam o levantamento de quantias superiores a 300 euros diários e proibiam as transferências de dinheiro ou a ida para o estrangeiro na posse de valores superiores a 3 mil euros.
Apesar deste anúncio, Tsipras fez questão de transmitir que os gregos devem permanecer "calmos", assegurando ainda que os "depósitos estão salvaguardados". O governante acrescentou ainda que o pagamento de salários e pensões não está em perigo. Entretanto, em várias mensagens publicadas no Twitter, Tsipras pediu aos gregos que nos próximos dias mantenham a "paciência e a serenidade".
O chefe do governo grego também revelou que as autoridades helénicas solicitaram novamente, junto das instituições credoras, uma extensão do actual programa de assistência grego que termina na próxima terça-feira, 30 de Junho, dia em que vence a devolução de quase 1,6 mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Esta proposta já havia sido apresentada este sábado, na reunião extraordinária do Eurogrupo, pelo ministro grego Yanis Varoufakis, e prontamente rejeitada pelos restantes ministros das Finanças da Zona Euro.
Alexis Tsipras explicou ao povo grego que se os credores aceitassem prolongar o actual programa de assistência isso permitira ao Banco Central Europeu mantém aberta a linha de liquidez de emergência para a banca grega para lá do dia 30 de Junho. O político grego criticou o BCE, bem como as restantes instituições, de tentarem impedir a realização do referendo popular, o que classifica como um "insulto" para as democracias europeias.
Ainda no Twitter, numa tirada contra os credores, Alexis Tsipras assegura que "eles não vão vencer", sublinhando ainda que a decisão de não prolongar o actual memorando tem apenas um objectivo: "o de reprimir a vontade do povo grego". Numa espécie de comentário aos últimos acontecimentos, Tsipras conclui que "nestas horas difíceis, temos de ter presente que a única coisa a temer é o próprio medo".
(Notícia actualizada às 20h26, pela segunda vez, com mais informação sobre o controlo de capitais)