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Investidores portugueses quase duplicam peso na emissão da CGD

O Reino Unido continua a ser o principal mercado de origem dos compradores da dívida emitida pela CGD, mas Portugal aproxima-se. A Caixa paga juro de 5,75% nos primeiros cinco anos, nos restantes é ditado pelo mercado.

21 de Junho de 2018 às 17:13
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Os investidores de origem portuguesa quase duplicaram o peso na emissão de dívida da Caixa Geral de Depósitos concluída esta quinta-feira, 21 de Junho, em relação à colocação feita há um ano. O banco público emitiu obrigações com prazo a dez anos, por 500 milhões de euros, assumido uma taxa de juro de 5,75% nos primeiros cinco anos.

 

"Na distribuição geográfica do montante final alocado aos investidores desta emissão destacaram-se o Reino Unido (33%), Portugal (26%), Espanha (8%), França (8%) e Suíça (7%)", assinala a instituição presidida por Paulo Macedo em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Em causa está a emissão de 500 milhões de euros em instrumentos de dívida representativos de fundos próprios de nível 2 (Tier 2).

 

Esta emissão foi a segunda que a CGD teve de fazer no âmbito do plano de capitalização acordado com a Comissão Europeia. A primeira operação foi de colocação de dívida perpétua, representativa de fundos próprios adicionais de nível 1 (AT1), mais arriscada por ser o primeiro tipo de dívida a absorver perdas em eventuais problemas.

 

Nessa emissão, em que foram colocados igualmente 500 milhões, os investidores portugueses tiveram uma presença menos expressiva. Em termos de distribuição geográfica, os britânicos tiveram a predominância: Reino Unido (59%), Portugal (14%), Suíça (8%), Espanha (6%) e França (5%).

 

"Hedge funds" perdem força

Já no que diz respeito ao tipo de investidores, a CGD sublinha que os gestores de activos foram aqueles que estiveram em destaque na operação de 2018, por tomarem "cerca de 76% do total da emissão". Quer isto dizer que os fundos de cobertura de risco tiveram de ter, obrigatoriamente, um peso bastante inferior ao do ano passado.

 

Na emissão de 2017, as gestoras de activos tinham dividido com os fundos de cobertura de risco a grande maioria dos títulos: "O montante final alocado aos investidores institucionais nesta emissão da CGD foi distribuído por gestoras de activos (49%), ‘hedge funds’ (41%) e seguradoras (5%)".

Este ano, é certo que a percentagem que ficou nas mãos daqueles fundos de cobertura de risco, que procuram elevado retorno, ficou abaixo de 24%. Isto porque o retorno dos títulos é também inferior ao do ano passado, dado ao tipo de instrumento que foi colocado. 

A emissão ocorreu apesar de gestoras de activos como a BlackRock e a Pimco terem optado por não subscrever títulos, por conta do diferendo que mantêm com o Banco de Portugal devido à dívida do BES. 

 

Juro de 5,75% até 2023, depois altera com evolução do mercado

Tal como a Bloomberg tinha avançado, "a emissão tem um prazo de 10 anos, com opção de reembolso antecipado pela CGD no final do 5.º ano, com uma taxa de juro de 5,75% durante os primeiros 5 anos", confirma o banco.

 

A partir do quinto ano, a taxa associada será a taxa "mid-swap" a cinco anos somada de 550 pontos base, ou seja, estará dependente do mercado. Nessa altura, a Caixa poderá escolher qual a melhor alternativa em termos de custos: se recomprar os títulos, se pagar os juros aos investidores. 

 

CGD considera que plano ajudou a baixar juro

"Esta taxa de juro, inferior em 5 pontos à obtida na emissão de fundos próprios adicionais de nível 1 (AT1) realizada em 2017, reflecte a diferente natureza dos títulos em questão e o seu nível de subordinação, no seguimento do acordo obtido junto da Direcção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia", justifica o banco público.

 

À partida, esta segunda emissão do plano de capitalização também deveria ser em dívida perpétua enquadrada no capital Additional Tier 1. Contudo, a CGD conseguiu negociar com a Comissão Europeia e baixar o risco para Tier 2. O que iria logo reduzir o custo de financiamento. O que se efectivou. 

 

Mas o banco presidido por Paulo Macedo considera que a evolução do plano também ajudou a baixar o preço. A taxa de juro, sublinha a Caixa, explica-se, também, pela " evolução positiva registada pela CGD na implementação do seu plano estratégico, nomeadamente em termos de rentabilidade, eficiência e solvabilidade".

 
(Notícia actualizada às 17:20 com mais informações)

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