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IGCP emite dívida de curto prazo com taxas ainda mais negativas
Portugal colocou 1.250 milhões de euros, tendo conseguido baixar os custos de financiamento ao pagar juros negativos recorde.
A Agência da Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública realizou esta quarta-feira, 19 de Abril, um duplo leilão de dívida de curto prazo, conseguindo colocar os títulos com taxas de juro ainda mais baixas.
O IGCP colocou 300 milhões de euros em bilhetes do Tesouro com maturidade em Julho (três meses), com uma "yield" de -0,266%, que compara com a taxa de -0,219% do leilão de Fevereiro.
Emitiu ainda 950 milhões de euros em bilhetes do Tesouro com maturidade em Março de 2018 (11 meses), com uma "yield" de -0,135%, que compara com a taxa de -0,096% do leilão de Fevereiro. Em Março o IGCP tinha colocado títulos a 12 meses com uma taxa de -0,112%.
O instituto liderado por Cristina Casalinho consegue assim taxas cada vez mais reduzidas nos leilões de dívida de curto prazo, o que tem sido uma tendência este ano. Aconteceu nos leilões de Março, Fevereiro e Janeiro.
Ainda assim, comparando com o leilão de Fevereiro, a procura desceu. Nos bilhetes do Tesouro a três meses a procura de 750 milhões de euros superou a oferta em 2,5 vezes, contra 4,08 vezes em Fevereiro. Nos bilhetes a 11 meses, a procura superou a oferta em 1,41 vezes, contra 1,92 vezes em Fevereiro.
O montante colocado ficou no limite máximo do intervalo pré-definido pelo IGCP na sexta-feira.
"A descida do prémio de risco em toda a Zona Euro justifica estas taxas negativas nos dois prazos, ainda mais negativas que as emissões anteriores. É um movimento que vimos sentido nas últimas semanas, e especialmente na última semana, o da queda das taxas", refere Filipe Silva, director da gestão de activos do Banco Carregosa.
O mesmo responsável nota que "na dívida portuguesa a 10 anos que há um mês estava nos 4,2% hoje está nos 3,76%, numa descida considerável para um curto espaço de tempo. A própria dívida alemã viu as taxas descerem na última semana. Terá sido esta a principal razão para o sucesso desta emissão, em que as taxas saíram a níveis de mínimos históricos."
A "yield" das obrigações a 10 anos, no mercado secundário, atingiu esta quarta-feira mínimos de quase 3 meses.
José Lagarto, gestor de activos da Orey iTrade, salienta que "apesar de algum sentimento de risco nos mercados financeiros, que levou o uma subida na volatilidade do spread da divida soberana entre os países do sul para a alemã, Portugal acabou por se financiar a níveis mais favoráveis, o que não deixa de ser um sinal positivo para o sentimento em torno do país, a dias da reavaliação do rating de Portugal por parte da DBRS".
(Notícia actualizada às 11:37 com gráfico)