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Fitch alerta REN para risco de investimento adicional de 400 milhões até 2021

A Fitch sublinha que um investimento adicional de 400 milhões de euros, previsto no plano estratégico da REN até 2021, pode levar a uma descida do rating, se não for acompanhado por medidas de compensação deste esforço financeiro.

O pagamento de dividendos é um dos factores que mais atrai investidores ao capital da REN. Desde que entrou em bolsa que a energética ocupa quase sempre os lugares cimeiros do “ranking” da rendibilidade dos dividendos na bolsa portuguesa e este ano não é excepção. Apesar do aumento de capital efectuado no ano passado, a empresa liderada por Rodrigo Costa manteve o dividendo de 17,1 cêntimos por acção, pelo que a remuneração total sobe 6,1% para 114 milhões de euros.
04 de Junho de 2018 às 20:38
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Em comunicado, a agência de notação financeira considera que o adicional de 400 milhões de euros de investimento - além do intervalo previsto de entre 480 e 580 milhões de euros, segundo o plano estratégico até 2021 - pode provocar uma descida de um nível no grau de classificação do IDR (rating de probabilidade de incumprimento do emissor – no original, Issuer Default Rating) da REN, actualmente em 'BBB', que corresponde a dois níveis acima de lixo.

 

A Fitch pode então decidir cortar a notação do IDR da REN para ‘BBB-’, se o adicional de investimento não for acompanhado por medidas de compensação deste esforço financeiro.

 

"Não estamos a baixar já o ‘rating’, atendendo ao forte compromisso da administração da empresa no sentido de manter a actual classificação e também devido ao histórico positivo das medidas para alavancar o investimento", sublinha no relatório publicado esta segunda-feira.

 

"Esperamos que investimentos adicionais, quando se realizarem, sejam acompanhados de acções para compensar a alavancagem, como no passado com a venda da participação na Enagas e, mais recentemente, o aumento de capital de 250 milhões de euros, feito ao mesmo tempo que investimentos avultados", lê-se no comunicado.

 

A agência ressalva, contudo, que isso não terá impacto no 'rating' da dívida sénior não garantida ('senior unsecured rating', que também é de 'BBB'), tendo em conta "a elevada percentagem de receitas reguladas e a perspectiva de retorno.

 

Com efeito, a Fitch diz que poderá baixar a classificação do IDR, mas "sem impacto previsto no rating da dívida sénior não garantida, que poderá ficar classificada um nível acima do IDR devido à elevada percentagem de receitas reguladas e à nossa perspectiva de reembolsos acima da média (desde que o rating soberano de Portugal se mantenha em ‘BBB’).

 

Em Maio, a administração da REN anunciou uma margem de até 400 milhões de euros para investir em novas oportunidades até 2021, além do intervalo previsto de entre 480 e 580 milhões de euros até 2021.

 

"Temos um intervalo médio ano a ano durante os próximos três a quatro anos [entre 120 e 145 milhões de euros]. Os 400 milhões são uma disponibilidade natural para investir fora desse CAPEX [investimento] normal e inclusive estamos a dizer que pode ser aplicado em Portugal ou na zona da América latina onde já estamos hoje [Chile]", explicou Rodrigo Costa, quando questionado sobre a referência no plano estratégico deste montante para investir "em novas oportunidades de crescimento".

 

À margem do evento de divulgação do plano, o gestor explicou que não se trata de "um montante muito grande na indústria" e que pode servir para um projecto em Portugal, dando como exemplo a extensão da infra-estrutura ferroviária [a Espanha], que, "a concretizar-se, precisa de [ligação eléctrica de] alta tensão".

 

Mas podem também servir para reforçar a rede eléctrica no Alentejo, onde o licenciamento de um elevado número de centrais solares exige projectos para recepção de nova produção fotovoltaica, referiu.

 

Em declarações aos jornalistas, explicou que a definição dessa verba "foi mais para partilhar que o mundo não é um quadrado com dimensões pré-definidas". "Temos que ter flexibilidade. Se houver mais investimento em Portugal, vamos ter menos recursos para investir fora e também menos necessidade de o fazer. Em Portugal temos projectos que podem ser oportunidades que se podem concretizar", adiantou.

 

 

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