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DBRS sobe rating de Portugal para nível mais elevado em oito anos
A DBRS volta a ser a agência de notação financeira que tem a classificação mais elevada para a dívida portuguesa. Está agora no terceiro nível acima de "lixo".
A Dominion Bond Rating Service (DBRS) anunciou, esta sexta-feira, que elevou a notação financeira da dívida portuguesa, citando a evolução da consolidação orçamental e a trajetória de descida do endividamento público.
O "rating" passou de "BBB" para "BBB Alto", ou seja, passou do segundo nível acima da classificação de "lixo" (investimento especulativo) para o terceiro. A perspetiva do "rating" passou de "positiva" para "estável" e fica agora apenas a um patamar de atingir a classificação A.
A melhoria da DBRS acontece a apenas dois dias das eleições legislativas, o que não impediu a agência de notação financeira do Canadá de se tornar novamente na instituição que melhor nota atribui à dívida portuguesa. A S&P e a Fitch colocaram a dívida de Portugal no penúltimo nível da categoria de investimento de qualidade, enquanto a Moody’s mantém Portugal no primeiro nível acima de "lixo".
No passado dia 5 de abril, a DBRS tinha elevado a perspetiva para a evolução da dívida Portugal de estável para positiva, o que já indiciava que agora poderia subir o "rating". Ainda assim, alguns analistas esperavam que esse "upgrade" fosse adiado devido às eleições legislativas deste domingo.
Com a subida do "rating" para "BBB Alto", a DBRS atribui agora a Portugal um "rating" igual ao praticado em abril de 2011, ou seja, no nível mais alto em oito anos. No dia 24 desse mês de abril (em que Portugal pediu assistência financeira externa) a DBRS reduziu o "rating" de Portugal de "A Baixo" para "BBB Alto", sendo que em outubro desse ano voltou a baixar (para BBB). Voltou depois a cortar, em janeiro de 2012, para "BBB Baixo".
A DBRS manteve sempre esta classificação de um nível acima de lixo à dívida portuguesa (em 2018 voltou a subir para BBB). Tal foi fundamental para Portugal continuar a aceder ao programa de compra de dívida do Banco Central Europeu (BCE), uma vez que DBRS era a única das quatro principais agências a classificar a dívida portuguesa acima de "lixo".
O rating da DBRS tem agora menos relevância, uma vez que as três maiores agências já há vários anos têm o "rating" de Portugal fora do nível de "lixo". A 13 de setembro, a S&P elevou o "outlook" (perspetiva) da dívida portuguesa de ‘estável’ para ‘positivo’, indiciando que, em breve, também poderá colocar a notação financeira no terceiro nível acima de "lixo".
Descida do défice e da dívida justifica melhoria
Na nota onde justifica a subida do "rating", a DBRS assinala que o "upgrade" reflete "a melhoria continuada em vários indicadores relevantes da economia portuguesa". Destaca que o saldo orçamental está "praticamente equilibrado" e que o rácio da dívida pública está a "baixar a um ritmo saudável".
Além das contas públicas, a agência assinala que os fundamentais da banca portuguesa "também se reforçaram", o que fica evidente na "melhoria da qualidade dos ativos". Acrescenta ainda "as alterações estruturais positivas da economia portuguesa", que devem suportar um "crescimento económico mais equilibrado".
No que diz respeito às eleições legislativas deste domingo, a DBRS assinala que "independentemente dos resultados", o país "deverá "continuar comprometido com uma política orçamental prudente".
A agência do Canadá assinala ainda como desenvolvimentos positivos "a diminuição do endividamento das empresas não financeiras; a redução muito significativa do rácio de crédito malparado; e a melhoria da rendibilidade dos bancos e o aumento dos seus rácios de capital".
Ainda no que diz respeito ao crescimento económico, a DBRS espera que continue "equilibrado", mas a um ritmo "mais moderado do que no passado recente em virtude de uma desaceleração da procura externa".
O que a DBRS destaca na subida do rating de Portugal
- Melhoria das contas públicas fundamental para subida do "rating"
- Elevado endividamento é uma vulnerabilidade, mas os rácios estão a descer a um ritmo célere
- O crescimento económico deverá moderar em linha com a procura externa
- Independentemente dos resultados das eleições, a DBRS continua a esperar um forte compromisso com regras europeias
A poucos dias de terminar a legislatura, o ministro das Finanças recebe mais uma boa notícia por parte das agências de "rating". Na nota enviada à imprensa, o gabinete de Mário Centeno assinala que "esta revisão em alta é mais um passo fundamental que traduz a política de credibilização de Portugal, a qual é essencial para prosseguir a estratégia de crescimento inclusivo com estabilidade política, económica e social".
(notícia atualizada às 21:28 com mais informação)