Notícia
Lisboa contraria maré vemelha na Europa. Ouro e petróleo em alta
Acompanhe aqui minuto a minuto o dia nos mercados e as informações mais relevantes na situação geopolítica e económica mundial.
Menos apetite pelo risco alivia juros na Europa
A dívida soberana dos países do euro está a revelar mais atratividade aos olhos dos investidores, que estão menos propensos a ativos de maior risco, como as ações, e privilegiam ativos mais seguros, como é o caso das obrigações soberanas – e a maior aposta na dívida faz descer os juros.
Os juros da dívida portuguesa a 10 anos seguem a recuar 6,2 ponto base para 2,433%.
Em Itália, na mesma maturidade, os juros afundam 12,5 pontos base para 3,278%, ao passo que em Espanha cedem 7,5 pontos base para 2,391%.
As "yields" das Bunds alemãs a 10 anos, referência para a Europa, seguem a mesma tendência, a perderem 3 pontos base base para 1,287%.
Lisboa brilha numa Europa pintada de vermelho
A Europa encerrou a sessão pintada predominantemente de vermelho com apenas Lisboa e Madrid em contraciclo, numa altura em que o apetite pelo risco diminui devido à expectativa do possibilidade de um abrandamento económico e ao advento de uma política monetária "falcão".
O Stoxx 600 terminou a sessão a perder 0,28% para 442,88 pontos, ainda que durante a tarde uma queda dos juros da dívida norte-americana a dez anos tenha trazido de volta os compradores, atenuando as perdas. Tecnologia e retalho comandaram as quedas, enquanto energia e mineração registaram as maiores subidas.
O "benchmark" europeu registou perdas em quatro dos cinco meses deste ano atraindo os "dip buyers", no entanto a inflação e a agressividade dos bancos centrais na condução de uma política monetária restritiva mantiveram o apetite moderado pelo risco.
Nas restantes praças europeias, Frankfurt perdeu 0,66%, Paris desvalorizou 0,74%, Londres derrapou 0,12%, Amesterdão caiu 0,38% e Milão recuou 0,81%. Já Lisboa renovou máximos de quase oito anos, tendo encerrado a sessão a somar 1,21%, enquanto Madrid fechou na linha d’água (0,06%).
"A questão chave [agora] para os mercados é saber se Chrstine Lagarde irá manter a porta aberta para um possível aumento das taxas de juro em 50 pontos base", comentou Laura Cooper, estratega sénior da BlackRock, citada pela Bloomberg. O Banco Central Europeu reúne-se esta quinta-feira.
Dólar e euro negoceiam na linha d' água
No mercado cambial, o índice do dólar da Bloomberg – que mede a força do "green cash" contra dez divisas rivais – negoceia na linha d’ água (-0,05%) para 102,384 pontos, depois de ter negociado no verde pelo terceiro dia consecutivo, à medida que os investidores procuram a moeda norte-americana como ativo refúgio, numa altura em que tem diminuído o apetite pelo mercado de risco.
Por sua vez, o euro negoceia também na linha d’água (0,048%) para 1,0696 dólares, numa altura em que o mercado se prepara para a reunião do Banco Central Europeu que decorre esta quinta-feira, e durante a qual a autoridade monetária irá indicar se sobe já as taxas de juro diretoras pela primeira vez desde 2011.
No Reino Unido, a libra cai 0,3% para 1,2493 dólares, um dia depois de os deputados do Partido Conservador críticos de Boris Johnson não terem reunido votos suficientes para aprovar uma moção de censura conta o primeiro-ministro britânico.
Estagflação aponta ouro para novo "rally" até aos dois mil dólares, antecipam especialistas
O ouro segue a valorizar numa altura em que os analistas antecipam a possibilidade de um novo "rally" devido à possibilidade de um cenário de estagflação.
O metal amarelo soma 0,78% para 1.851,73 dólares por onça. Desde que alcançou um pico em meados de março, o "rei" dos metais já caiu cerca de 10%. Os analistas antecipam que um cenário de estagflação pode levar o ouro a atingir a fasquia dos 2 mil dólares por onça.
"Estamos a caminho de um período de estagflação e neste tipo de cenário os ativos refúgio por excelência são a prata e o ouro", defende Gregor Gregersen, fundador da Silver Bullion, citado pela Bloomberg.
Gregor Gregersen antecipa que o metal amarelo pode alcançar os 2.000 dólares a onça já este ano e pode ir para além deste patamar se se verificar um fenómeno de "cisne negro", um evento inesperado que penalize ainda mais a economia. Já a prata deve, na ótica do especialista, tocar nos 26 dólares por onça até ao final do ano.
Também Rhona O’Connell, responsável pelo departamento de "research" para o mercado asiático do StoneX Group, prevê em declarações à Bloomberg que se o ouro ultrapassar a linha de resistência dos 1.930 dólares pode chegar aos 2.000 dólares. "Os fundamentos económicos e geopolíticos são favoráveis ao ouro", justifica.
Petróleo sobe com recuo do dólar
Os preços do "ouro negro" seguem em terreno positivo, animados pela inversão dos ganhos da nota verde.
O facto de o dólar estar agora a desvalorizar, ainda que marginalmente, ajuda à tendência de subida da matéria-prima, uma vez que os ativos denominados na nota verde, como é o caso do petróleo, ficam mais atrativos para quem negoceia com outras moedas.
Em Londres, o contrato de agosto do Brent do Mar do Norte, que é a referência para as importações europeias, segue a somar 0,71% para 120,36 dólares por barril.
Já o West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, cede 0,69% para 119,32 dólares por barril.
Apetite pelo risco diminui. Wall Street arranca no vermelho
Wall Street arrancou a sessão em território negativo, numa altura em que a atração do mercado pelo risco diminui, numa altura em que os investidores temem que a política monetária "falcão" possa abrandar a economia norte-americana.
O industrial Dow Jones derrapa 0,62% para 32.717,08 pontos, enquanto o "benchmark" mundial por excelência S&P 500 desvaloriza 0,63% para 4.095,51 pontos. Por sua vez, o tecnológico Nasdaq Composite perde 0,84% para 11.962,74 pontos.
Entre os principais movimentos de mercado destaca-se o tombo de 5,70% das ações da Target Corp, depois de a retalhista ter voltado a cortar, em menos de três semanas, as previsões de lucros para este ano e ter sido revelado que a companhia está a cortar nas encomendas aos fornecedores, devido a uma redução da procura. Em maio a empresa já tinha dado conta que o lucro tinha mergulhado 52% em termos homólogos.
Os investidores temem que a política monetária restritiva da Reserva Federal norte-americana trave o crescimento económico. "A conjugação de abrandamento económico, subida contínua das taxas de juro e o declínio da liquidez é muito má para as ações", alerta James Athey, diretor de investimentos da abrdn.
Paralelamente, o Goldman Sachs alerta numa nota de "research" citada pela Bloomberg, que além da incerteza perante a possibilidade de abrandamento económico, o aumento dos juros da dívida norte-americana a dez anos está a virar os investidores para o mercado obrigacionista. Os juros das obrigações dos EUA a dez anos negoceiam acima da fasquia dos 3%, três dias antes de ser divulgado o índice de preços no consumidor em maio.
Com olhos postos na reunião do BCE, Europa tinge-se de vermelho
As principais bolsas europeias estão a negociar no vermelho, à espera da reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que vai decorrer esta quinta-feira.
O índice de referência para o continente europeu, o Stoxx 600, tem registado perdas nos quatro dos cinco meses deste ano, o que torna o mercado mais atrativo devido à diminuição do preço das ações. No entanto, num ano marcado pelo aumento da inflação e receios de uma recessão económica, os investidores não estão a querer correr riscos.
O Stoxx 600 perde 0,48% para 442 pontos. A liderar as perdas está o setor dos media, com as telecomunicações e a tecnologia a sustentarem o índice em terreno negativo. Do outro lado da barricada, estão apenas o setor dos recursos básicos e o petróleo e gás que vão registando ganhos pouco significativos, cerca de meio por cento.
Nas principais praças do Velho Continente, o alemão DAX é o que mais perde e regista um decréscimo de 0,82%, seguido do índice de Milão, FTSEMIB, a desvalorizar 0,75% e o AEX, em Amesterdão, a ceder 0,74%. Já o francês CAC-40 perde 0,67% e o espanhol IBEX subtrai 0,17%. A negociar na linha de água está o índice londrino FTSE 100 que perde 0,01%.
Em contraciclo com a Europa, está Lisboa, com o PSI a ganhar 0,15%.
Juros aliviam. "Yield" portuguesa a 10 anos bate os 2,5%
Os juros das dívidas soberanas a dez anos na zona euro estão em tendência decrescente. Apesar disso, a "yield" da dívida portuguesa chegou a atingir esta manhã 2,5%, mas está agora a aliviar 3 pontos base para 2,465%.
As bunds alemãs a dez anos – "benchmark" para o mercado europeu — recuam 1,9 pontos base para 1,297%. Há mais de um mês que os juros da dívida germânica a dez anos estão acima de 1%. Em França, os juros da dívida abrandam 2,5 pontos base para 1,811%.
Os juros da dívida italiana são os que mais recuam, 6,8 pontos base para 3,334%, o alívio mais expressivo entre os 19 estados. Já a yield das obrigações espanholas subtrai 4 pontos base para 2,426%.
Já o Reino Unido segue a tendência europeia, mas é o país que regista o menor recuo do velho continente depois do primeiro-ministro, Boris Johnson, ter ganho uma moção de censura, mas continua a ser contestado por membros do próprio partido. A yield das obrigações britânicas recua apenas 0,4 pontos base para 2,241%.
Apesar da venda rápida de ações no mercado bolsista, a "yield gap" entre ações e obrigações é uma das mais baixas desde 2008. Ou seja, para acautelar os riscos existentes no mercado bolsista as ações vão precisar de ter ganhos mais elevados, adianta à Bloomberg um analista do Goldman Sachs, Christian Mueller-Glissmann.
Esta semana é esperado que o BCE valide o fim do programa de compra de ativos, já no início de julho, e que a primeira subida de juros aconteça também nesse mês.
Dólar regista maior valorização face ao yuan em 20 anos. Ouro sobe
O ouro está a valorizar nos mercados internacionais, ao mesmo tempo que o dólar se mantém firme depois de ter registado a maior valorização face ao yuan em vinte anos. O mercado tem vindo a acompanhar de perto os dados da inflação nos EUA e a política monetária da Fed.
O ouro continua a ser o ativo refúgio dos investidores por excelência e deverá também valorizar. Numa conferência sobre o ativo em Singapura, foram deixados alertas sobre a incerteza económica que poderá levar o preço do metal precioso acima dos dois mil dólares por onça.
"Os fundamentos da economia e da geopolítica apoiam mais o ouro em alta do que em baixa", indica à Bloomberg, a analista do StoneX Group, Rhona O’Connell.
O metal amarelo valoriza 0,22% para 1.845,44 dólares por onça. Nos outros metais o paládio sobe 0,82%, ao passo que a platina cai 0,99%.
Já o dólar segue a ganhar contra o yuan (0,59%), mas a depreciar-se face ao euro (-0,05%). Em relação à libra esterlina a divisa norte-americana ganha força (0,13%), isto depois do primeiro-ministro britânico ter conseguido ganhar uma moção de censura no parlamento.
Face ao franco suíço, o dólar valoriza 0,3%.
Reabertura da China continua a provocar subida do preço do petróleo
O petróleo está a valorizar esta terça-feira seguindo a reabertura da economia chinesa que deverá aumentar a procura desta matéria-prima nos próximos dias.
"Podemos ver um aumento na procura de petróleo com os carros que vão estar de volta nas maiores cidades e os portos que gradualmente regressam às operações normais", disse a analista do CMC Markets, Tina Teng, sobre a segunda maior economia mundial.
Apesar de ter sido aprovado um aumento da produção por parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) continuam a existir dúvidas sobre a possibilidade real desse incremento, já que muitos países não têm capacidade de produzir mais.
O West Texas Intermediate – negociado em Nova Iorque – sobe 0,51% para 119,11 dólares por barril. Já o Brent do Mar do Norte, referência para as importações europeias, valoriza 0,66% para 120,14 dólares por barril, seguindo acima dos 120 dólares por barril.
Ainda hoje, o American Petroleum Institute (API) divulga os números relativos aos stocks de petróleo no país na semana que terminou a 3 de junho. Na semana que encerrou a 27 de maio, os Estados Unidos registaram uma queda de 1.181 milhões de barris de ouro negro.
Europa aponta para abertura a vermelho. Banco central da Austrália derruba praças asiáticas
Na Ásia, os mercados terminaram o dia maioritariamente em queda depois do anúncio de um aumento das taxas de juro em 50 pontos base por parte do banco central australiano - o maior em 22 anos.
A decisão reacendeu o receio dos investidores em relação a uma recessão, com os mercados atentos agora aos dados da inflação e à reunião do Banco Central Europeu (BCE).
Na Europa, os futuros do Stoxx 50 caem 0,7%. Pela Ásia, no Japão, o Nikkei terminou a sessão a ganhar 0,10%, enquanto o Topix subiu 0,41%. Em Hong Kong, o Han Seng caiu 0,9%. A bolsa de Xangai desceu 0,21%. Já o Kospi, na Coreia do Sul, desvalorizou 1,64%.
Esta semana o BCE deve iniciar uma nova fase de política monetária no Velho Continente, à medida que a inflação continua a aumentar. Os decisores políticos vão contar com dados atualizados da economia e devem assim considerar um aumento das taxas de juro em julho.
Em cima da mesa estão não só os preços do consumidor que viram um aumento de 8%, mas também a inflação que, ao que indica a Bloomberg, não deve diminuir abaixo do "target" de 2% até 2024.