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Abertura dos mercados: Tensão entre EUA e Irão deixa bolsas no vermelho e petróleo e ouro em máximos  

A morte do principal general do Irão está a provocar uma fuga ao risco por parte dos investidores, o que está a penalizar os mercados acionistas e a beneficiar as obrigações soberanas e o ouro.

Reuters
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Os mercados em números
PSI-20 desce 0,35% para 5.247,51 pontos
Stoxx 600 recua 0,56% para 417,36 pontos
Juros da dívida portuguesa a dez anos descem 4,1 pontos base para os 0,371%
Euro desvaloriza 0,18% para os 1,1152 dólares
Petróleo em Londres avança 3,25% para 68,40 dólares por barril
 

Morte de general iraniano afasta investidores das ações
O sentimento de otimismo que marcou a primeira sessão do ano nos mercados acionistas deu lugar à apreensão, levando os investidores a aproveitarem para realizar mais-valias face aos ganhos acentuados das ações nos últimos tempos.

 

Em causa está a operação norte-americana que vitimou o comandante da força de elite iraniana Al-Quds, Qassem Soleimani, cujo ataque matou oito pessoas, incluindo também o 'número dois' da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, Abu Mehdi al-Muhandis. 

 

O ataque foi ordenado pelo presidente Donald Trump e as autoridades iranianas alertaram para a "escalada extremamente perigosa" e prometeram "vingança terrível". Este aumento da tensão no Médio Oriente afastou os investidores dos ativos de maior risco, como é o caso das ações, embora as quedas não sejam expressivas.

 

As bolsas asiáticas inverteram da tendência positiva e fecharam no vermelho, os índices europeus marcam perdas em torno de 0,5% (o Stoxx600 recua 0,56% para 417,36 pontos) e a evolução dos futuros apontam para uma abertura de Wall Street com quedas em torno de 1%. Ontem os índices norte-americanos fecharam a sessão em máximos históricos.

 

"O agravamento das tensões entre os EUA e o Irão" poderá "motivar diversos investidores (sobretudo os de curto prazo) a realizarem mais-valias", referem os analistas do BPI no diário de bolsa.

 

Os investidores "querem reduzir o risco antes do fim de semana. As ações valorizaram imenso no ultimo mês, pelo que qualquer notícia negativa é razão para realizar mais-valias", comentou à Bloomberg Steven Leung, diretor da corretora UOB Kay Hian, de Hong Kong.

 

Nas bolsas europeias a tendência de quedas é generalizada, com todos os setores no vermelho à exceção do Oil & Gas, que beneficia com a valorização das cotações do petróleo. O mesmo acontece na bolsa portuguesa, onde o PSI-20 desce 0,35% para 5.247,51 pontos numa altura em que a Galp Energia é a única cotada do índice em alta.

 

Juros descem na Europa para mínimos de duas semanas e meia

O tom dos mercados passou de otimista na primeira sessão do ano para cauteloso na segunda sessão depois de os EUA terem matado um general iraniano. Essa mudança reflete-se nos mercados financeiros, principalmente no mercado secundário de obrigações soberanas.

 

Ontem, os juros dos países europeus estavam a subir significativamente no arranque da sessão. Contudo, ao final da tarde já estavam a cair e assim fecharam, intensificando a queda no arranque da sessão de hoje. 

 

Os juros portugueses a dez anos estão a descer 4,1 pontos base para os 0,371%, após ontem terem tocado em máximos de julho de 2019. Os juros nacionais estão em mínimos de duas semanas e meia.

 

Da mesma forma, os juros alemães a dez anos estão a aliviar 4,8 pontos base para os -0,271%, negociando também em mínimos de duas semanas e meia.

 

Euro desce há três sessões face ao dólar 

Após um período de força do euro face ao dólar, que foi justificado pelo fecho de posições no final do ano, a divisa europeia cede pela terceira sessão consecutiva face à divisa norte-americana. O euro está a perder 0,18% para os 1,1152 dólares.

 

Já a divisa japonesa (iene) e a divisa suíça (franco suíço) estão a valorizar dado que são vistos principalmente como ativos de refúgio.   

 

Petróleo atinge máximos de maio em Nova Iorque

O petróleo é o ativo que está sofrer o maior impacto com a notícia da operação que vitimou o general iraniano, já que os investidores temem que a escalada da tensão no Médio Oriente penalize a produção petrolífera nesta região do globo.

 

Jason Bordoff, antigo membro da administração de Obama e professor da Universidade de Columbia, assinala que a espiral de conflitos entre os EUA e Irão está a ficar fora de controlo e antecipa que a resposta de Teerão "será severa e mortal" e certamente incluirá ataques a infraestruturas energéticas.  

 

As cotações do petróleo em Londres estão precisamente no nível mais elevado desde os ataques de setembro às instalações da Aramco, que a Arábia Saudita alegam ter sido perpetrados pelo Irão, embora sem nunca o provar. O Brent sobe 3,25% para 68,40 dólares e esta manhã já valorizou mais de 4% para perto de 70 dólares. Em Nova Iorque o WTI avança 3,04% para 63,04 dólares, tendo já atingido máximos de maio.

 

Ouro em máximos de setembro

Os ativos vistos como mais seguros, como é o caso do ouro, estão a beneficiar na sessão de hoje do aumento da tensão entre os EUA e o Irão. Ao acumular cinco subidas consecutivas, o ouro está em máximos de setembro. 

 

Mas no caso do ouro esta é já uma tendência de quatro semanas em que o metal precioso está a valorizar. Um dos fatores que tem contribuído para essa valorização é a queda do dólar norte-americano, o que beneficia o ouro dado que está cotado em dólares.

 

Independentemente da evolução da relação entre os EUA e o Irão, é expectável que o ouro suba em janeiro. Isto porque, segundo o estratega da Bloomberg Intelligence, Mike McGlone, em termos históricos o primeiro mês do ano é o melhor para o metal precioso. 

 

O ouro está a valorizar 0,99% para os 1.544,2 dólares por onça, caminhando para a maior valorização semanal (2,23%) desde agosto.

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