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Abertura dos mercados: Acordo EUA-México faz regressar apetite por risco. Bolsas e juros soberanos sobem

Após o acordo comercial entre os EUA e o México, o apetite por risco regressou e está a levar as bolsas europeias para máximos de três semanas. Já os juros das obrigações europeias estão a subir pela primeira vez em várias sessões.

Reuters
10 de Junho de 2019 às 09:40
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Os mercados em números
PSI-20 valoriza 0,36% para os 5.160,63 pontos
Stoxx 600 sobe 0,37% para os 378,87 pontos
Nikkei valorizou 1,2% para 21.134,42 pontos
Juros da dívida portuguesa a dez anos sobem 2,4 pontos base para os 0,642%
Euro desce 0,3% para 1,1303 dólares
Petróleo em Londres sobe 0,44% para os 63,5 dólares por barril

Bolsas europeias em máximos de três semanas
As bolsas europeias estão a negociar em alta pela segunda sessão consecutiva esta segunda-feira, 10 de junho, prosseguindo os ganhos da última semana. O Stoxx 600, o índice que agrega as 600 principais cotadas europeias, valoriza 0,37% para os 378,87 pontos, atingindo um máximo de três semanas. 

A beneficiar as bolsas a nível internacional está a suspensão das tarifas dos EUA ao México que iam entrar em vigor hoje. O anúncio da suspensão foi dado pelo presidente norte-americano na passada sexta-feira já as bolsas europeias estavam fechadas. Donald Trump disse que acordou com o México "medidas sem precedente" para conter o fluxo migratório que afeta os Estados Unidos na fronteira sul com o território mexicano. 

Este acordo acalmou os investidores mais preocupados com a disputa comercial que se agravou em maio quando a China e os EUA não conseguiram firmar um acordo. A escalada das tarifas já dura há mais de um ano e está a ter consequências no crescimento económico mundial. Com este acordo com o México regressa assim o apetite por mais risco e, portanto, por ações, tendo a procura por obrigações, divisas ou ouro diminuído.

Na Europa, o setor da energia e o dos recursos básicos são os que mais valorizam neste início de sessão, mas as subidas são generalizadas. As praças europeias seguem em alta, incluindo o PSI-20 que valoriza 0,36% para os 5.160,63 pontos. A bolsa nacional sobe pela quinta sessão consecutiva, atingindo máximos de um mês. A bolsa alemã está fechada.

Apetite por ativos de refúgio desce e juros das obrigações europeias sobem
Após seis sessões consecutivas em que os juros estiveram em queda para novos mínimos históricos, a "yield" a dez anos de vários países europeus está a subir nesta sessão. É o caso de Portugal em que os juros da dívida a dez anos tinham atingido o nível mais baixo de sempre na passada sexta-feira. 

Para este comportamento das obrigações soberanas no mercado secundário bastou o simples facto de Mario Draghi ter dito na semana passada que os membros do conselho de governadores discutiram um possível regresso do programa de compra de dívida pública. É a primeira vez que tal acontece desde que o programa acabou em dezembro de 2018. Atualmente, o BCE apenas reinveste os montantes de dívida cuja maturidade é atingida a cada momento. 

Mas hoje o apetite por risco voltou em força com o acordo entre os EUA e o México, pelo que as obrigações estão a ficar em segundo plano nas decisões dos investidores. Os juros a dez anos da dívida portuguesa sobem 2,4 pontos base para os 0,642%. Os juros da dívida alemã no mesmo prazo sobem 2,4 pontos base para os -0,234%. Os juros italianos, que tinham caído 13 pontos base na passada sexta-feira, sobem agora 6,9 pontos base para os 2,424%. 

Peso e dólar sobem, euro desce
O anúncio do acordo entre os EUA e o México deu ao peso, a moeda mexicana, a maior subida em quase um ano. Ao mesmo tempo, o dólar também ganhou terreno face às principais moedas, depois de ter registado perdas na sexta-feira devido aos fracos dados do mercado de trabalho norte-americano. Face a esta subida do dólar, o euro perde 0,3% para os 1,1303 dólares no arranque da semana. 

O iéne, a moeda japonesa, também está em baixa na sessão de hoje depois de o governador do Banco do Japão, Haruhiko Kuroda, ter dito que pode haver mais estímulos se necessário. O banco central japonês é já um dos que têm a política monetária mais acomodatícia. 

Já a libra desvaloriza 0,3% para os 1.2701 dólares numa altura em que Boris Johnson, um dos principais candidatos à sucessão de Theresa May enquanto primeiro-ministro do Governo britânico, reforçou a sua retórica anti-União Europeia, alegando que não pagará a "fatura de saída" se os Estados-membros não negociarem um melhor acordo com Londres.

Petróleo sobe para máximos de uma semana
A cotação do barril segue em alta nos principais mercados internacionais, animada pela expectativa de que os cortes de produção anunciados pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e pelos seus aliados (como a Rússia) serão prolongados. Isto depois de uma reunião na semana passada entre sauditas e russos que aponta nesse sentido.

Além disso, as plataformas de produção de petróleo dos EUA atingiram na semana passada um mínimo de 2018, perspetivando-se assim que haja menos oferta norte-americana no futuro, segundo os dados da Baker Hughes. 

Apesar desses sinais, os fundos de investimento continuam a afastar-se do petróleo, de acordo com a Bloomberg, cuja perspetiva de um "rally" do "ouro negro" caiu para o nível mais baixo em 12 semanas.  

O crude, negociado em Nova Iorque, segue a valorizar 0,57% para os 54,3 dólares - depois de já ter desvalorizado quase 18% desde o pico de abril, entrando em "bear market" na passada sexta-feira - ao passo que o Brent, negociado em Londres, que serve de referência para as importações portuguesas, está a subir 0,44% para os 63,5 dólares por barril. Ambos estão em máximos de uma semana. 

Ouro perde brilho com acordo EUA-México
A ameaça de Donald Trump de impor tarifas nas importações mexicanas tinha animado o ouro dada a sua característica de "ativo de refúgio". Contudo, o anúncio de que as tarifas vão ser suspensas está a ter o efeito contrário. O apetite por risco aumentou, penalizando os "ativos mais seguros", como é o caso do ouro. 

Na semana passada, o ouro valorizou 2,7% e atingiu máximos de mais de um ano. Os fundos de investimento não apostavam tanto no "metal precioso" há quase 12 anos também por causa dos sinais de que a política monetária vai manter-se acomodatícia durante mais tempo devido à desaceleração económica. O discurso de Jerome Powell, na passada terça-feira, abriu a porta à descida de juros se necessário e, caso tal se concretize, o ouro torna-se um ativo mais competitivo face a outros ativos que pagam juros.

Na sessão de hoje, o ouro desce 0,9% para os 1.328,39 dólares por onça. 
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