Notícia
Quanto petróleo já consumiu hoje?
Em 2019, cada português consumiu em média 3,9 litros por dia de petróleo, presente em muitos produtos usados no dia a dia.
O petróleo está presente em inúmeros produtos de uso quotidiano, quase sem nos apercebermos, e não apenas no combustível com que atestamos os veículos ou no aquecimento das nossas casas. A equipa de análise de matérias-primas do UBS fez as contas ao petróleo que se consome diariamente em litros.
“Qualquer que seja o número que tem em mente, ele é provavelmente demasiado baixo”, sublinham os autores do relatório, Giovanni Staunovo, estratego do banco suíço, e Dominic Schnider e Wayne Gordon, analistas das subsidiárias do UBS em Hong Kong e Singapura, respetivamente.
Muitos de nós, sublinham, associam o petróleo aos transportes, aquecimento (fuelóleo usado nos fornos para aquecer as casas) e eletricidade (geradores a diesel). “Mas o petróleo é mais ubíquo do que isso. É também usado para fabricar plástico, material sintético, produtos químicos, bens de higiene pessoal e asfalto”, refere o estudo, acrescentando que existe ainda uma variedade de artigos do dia a dia que contêm produtos petrolíferos, como o nylon, poliéster, acrílico, elastano, sabonete, champô, detergente, pasta dentífrica, batom, creme de barbear, aspirina, pastilha elástica, óculos de sol e muito mais.
E em Portugal, quanto petróleo se consome por dia? Segundo as contas do UBS, da lista com os 58 países mais relevantes em termos de dimensão e de perspetiva dos mercados financeiros, Portugal é o 28.º país que mais consome esta matéria-prima: 3,9 litros por dia. “Se incluirmos todos os países, Portugal situa-se em 35.º lugar”, sublinha Giovanni Staunovo ao Negócios, ressalvando os casos especiais de Singapura e do Luxemburgo, cujos dados são enviesados.
“O Luxemburgo e Singapura têm um consumo diário superior a 10 litros, mas excluímo-los da lista devido a fatores especiais: Singapura é o maior porto mundial de abastecimento, pelo que uma vasta maioria é usada enquanto combustível armazenado para as embarcações. E os baixos impostos do Luxemburgo sobre os combustíveis fósseis incentivam os camiões em trânsito e trabalhadores de passagem a abastecerem-se nesse país”, explica.
Os dados são de 2019 e o UBS salienta que, com os confinamentos, houve menos carros a circular e as pessoas que os usavam para ir trabalhar tiveram um menor consumo. Mas, uma vez mais, o petróleo não se destina apenas a carros, aviões e outros veículos. E com o regresso das economias à normalidade, com a gradual reabertura da atividade económica, os valores rapidamente poderão regressar aos níveis observados no estudo. Ou suplantá-los: “A procura por crude deverá continuar a aumentar nos próximos anos, se bem que a um ritmo mais lento do que antes.”
A equipa do UBS constata que os países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e o Médio Oriente têm os consumos diários per capita de petróleo mais elevados. E, no entender dos três estrategos, “a Ásia emergente e o setor petroquímico continuarão a ser os motores da procura”.