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Petróleo à espera do cartel, com vírus a atirá-lo aos ursos

Os preços do crude caíram para mínimos de mais de um ano e a OPEP prepara-se para entrar em ação. O cartel e a aliada Rússia vão realizar uma reunião técnica de dois dias, que começa hoje, para analisarem a queda dos preços do petróleo decorrente da epidemia de coronavírus. E que já colocou em Brent em "bear market".

Lucy Nicholson/Reuters
04 de Fevereiro de 2020 às 00:33
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Os preços do petróleo continuam a ser fortemente penalizados pela queda da procura, devido ao coronavírus com origem na China – onde a procura por esta matéria-prima já caiu 20% desde o início desta crise.

 

Nos Estados Unidos o crude de referência (WTI) quebrou esta segunda-feira os 50 dólares por barril, e em Londres o Brent do Mar do Norte já caiu 17% desde que os mercados financeiros se aperceberam da dimensão desta epidemia – seguindo ambas as referências em mínimos de janeiro do ano passado.

 

Ao início desta noite, o Brent já cedia 20% face ao seu último máximo, entrando assim em "mercado urso" (mas não em valores de fecho da sessão).

 

A agência de 'rating' Fitch considera que este surto de coronavírus pode conter o crescimento da procura de petróleo, se continuar a expandir-se, e levar a excedentes de produção.

 

Segundo a Ficth, numa nota de análise citada pela Lusa, a justificar o abrandamento da procura de petróleo estará a redução nas viagens aéreas e no transporte rodoviário e a interrupção das atividades industriais, sobretudo na China, que é responsável por cerca de 15% do consumo global de petróleo e o principal motor do crescimento da procura global.

 

Já o nível do excedente dependerá da duração do surto de coronavírus e da capacidade de os países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) ajustarem os seus níveis de produção.

 

A OPEP e a Rússia (que é aliada do cartel no corte da oferta mundial que vigora desde 2017) vão realizar uma reunião técnica de dois dias, que começa esta terça-feira, para analisarem esta queda do preço do petróleo decorrente do coronavírus.

 

Segundo indicou à agência AFP uma fonte próxima da organização, o comité técnico misto vai reunir-se em Viena.

O próximo encontro ministerial do grupo OPEP+ deverá decorrer a 14 e 15 de fevereiro, numa antecipação face à data inicial de 5 e 6 de março. O cartel e seus aliados estão a ponderar um corte adicional de 500 mil barris por dia para conter o impacto do vírus, avançaram algumas fontes à Reuters.

 

Recorde-se que os 14 membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e os seus 10 aliados – o chamado grupo OPEP+, onde se inclui a Rússia – juntaram-se em 2017 para reduzir a disponibilidade de crude no mercado, num contexto de excesso de oferta, muito à conta da maior produção dos EUA por via do petróleo de xisto.

 

Esta iniciativa tem prosseguido, e no passado dia 5 de dezembro a OPEP+ decidiu não só prolongar os cortes de produção até ao fim de março de 2020 como também reforçar a dimensão da retirada de crude do mercado.

 

Agora, na provável reunião extraordinária de fevereiro, esses esforços poderão ser adicionalmente intensificados.

 

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