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OPEP aumenta quota de produção. Petróleo afunda

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), reunida esta sexta-feira em Viena, decidiu-se por um novo plafond de produção, que passa de 30 para 31,5 milhões de barris por dia. A cotação da matéria-prima está a afundar devido a este anúncio que surpreendeu o mercado..

Bloomberg
04 de Dezembro de 2015 às 14:29
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A OPEP concordou em estabelecer um novo tecto para a produção dos seus membros, deixando os mercados surpresos e levando a uma queda dos preços do crude, que estão a negociar abaixo dos 40 dólares por barril no mercado nova-iorquino.

A nova quota de produção será de 31,5 milhões de barris por dia, avançou à Bloomberg um delegado com conhecimento da decisão. Ou seja, o cartel acabou por decidir estabelecer a sua quota no volume actual de produção, uma vez que o tecto actual tem sido excedido pelos membros. Há um ano, a OPEP tinha decidido manter a produção em 30 milhões de barris diários, quando já nessa altura o mercado apontava para a necessidade de um corte devido ao excesso de oferta a nível mundial.

De acordo com a mesma fonte, estes 31,5 milhões de barris diários não incluem a produção da Indonésia, que regressou ao cartel depois de uma "separação" de sete anos. Recorde-se que o grupo tem prevaricado sucessivamente em relação à sua quota e já há muito que produz acima do que está estabelecido. Com efeito, nos últimos 18 meses, segundo os dados da Bloomberg, o cartel produziu acima da meta colectiva de 30 milhões de barris diários (estimando-se que ronda os 31,5 milhões).

A Arábia Saudita, maior produtora da OPEP, tem-se mantido contra um corte na produção do grupo, dizendo que só deverão fazê-lo se também os produtores de fora do cartel o fizerem.


A estratégia que tem sido usada pela OPEP – deixar os preços cair, sem intervir directamente com um corte na produção total do cartel, para que os EUA não consigam suportar os custos da produção a partir do xisto betuminoso – tem funcionado, mas somente até certo ponto.

Com efeito, uma das razões apontadas pela Arábia Saudita para não se cortar o plafond de produção do cartel – apesar de isso também penalizar fortemente as economias mais dependentes desta matéria-prima para as suas receitas – reside precisamente no ímpeto produtor dos norte-americanos.

Segundo os sauditas, se os preços continuarem baixos, não compensará produzir petróleo a partir de xisto betuminoso, visto que são operações com um processamento muito dispendioso. Ora, tal como acontece com o petróleo do pré-sal brasileiro, que é prospeccionado a grandes profundidades, se as cotações do crude não estiverem num determinado patamar, não compensa estar a apostar numa extracção que sai muito dispendiosa. Mas os EUA, apesar de uma queda da produção, têm conseguido manter uma resiliência que não era esperada, muito à conta da melhoria das técnicas de extracção, que permitem custos mais baixos.

E os membros da OPEP, com esta política, têm estado a perder bastante dinheiro, conforme sublinhou hoje, citado pela Bloomberg, o ministro iraniano do Petróleo, Bijan Zanganeh.

As reservas mundiais de crude atingiram entretanto níveis recorde, anunciou a Agência Internacional da Energia (AIE) no passado dia 13 de Novembro. Já o mercado está "sobrecarregado" em dois milhões de barris por dia, o que equivale a cerca de 2% da produção global, salientou Zanganeh.

O petróleo está reagir negativamente à notícia do aumento de plafond da OPEP. Nos Estados Unidos, o crude de referência (West Texas Intermediate) para entrega em Janeiro cai 3,1% para 39,81 dólares por barril, e no mercado londrino o contrato de Janeiro do Brent do Mar do Norte recua 1,23% para 43,29 dólares.



(notícia actualizada às 15:02)

 

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