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OPEP+ adia planos de abrir torneira do petróleo. Preços reagem em alta
Os investidores estão a aplaudir a notícia, com as cotações do "ouro negro" a somarem mais de 1,5% nos principais mercados internacionais.
Os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (o chamado grupo OPEP+, que reúne 22 países) vão adiar o plano de começarem a colocar mais crude no mercado a partir de outubro, avançaram à Reuters algumas fontes próximas do processo. A decisão foi tomada depois de os preços terem ontem caído para mínimos de nove meses. O mercado está a aplaudir a decisão, com as cotações a reagirem em alta.
O West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, segue a somar 1,94% para 70,59 dólares por barril. Já o Brent do mar do Norte, crude negociado em Londres e referência para as importações europeias, está a valorizar 1,72% para 74,03 dólares.
Recorde-se que, na reunião de 2 de junho, a OPEP+ anunciou uma manutenção dos cortes de oferta que tem em vigor, mas disse também que a partir do quarto trimestre deste ano poderia começar a colocar gradualmente mais crude no mercado. Os investidores reagiram com algum pessimismo, mas o cartel e os seus parceiros apressaram-se a deixar o "recado" de que só começariam de facto aumentar a oferta se as condições de mercado assim o permitissem. E o facto é que, dadas as recentes quedas, não se justifica agora colocar mais "ouro negro" no mercado.
Na terça-feira, 3 de setembro, o Brent quebrou a fasquia dos 75 dólares, eclipsando assim os ganhos de 2024. Ontem voltou a negociar em baixa, mas hoje, com esta notícia sobre a OPEP+, está a recuperar algum do terreno perdido.
O que estava planeado pela OPEP+ era, a partir de outubro, aumentar a oferta em 180.000 barris por dia, como parte do desfazer gradual do corte de 5,86 milhões de barris por dia que vigora atualmente – e que corresponde a 5,7% da procura mundial.
Na semana passada, este plano estava ainda de pé, mas, nos últimos dias, já se falava na possibilidade de o cartel e seus aliados poderem adiar esta pretensão devido à fragilidade do sentimento do mercado – dado que, além do abrir de torneiras da OPEP+, também a Líbia parece estar prestes a retomar as exportações, depois de uma disputa interna que retirou o seu crude do mercado. Este cenário, aliado à perspectiva de uma menor procura – sobretudo por parte da China, maior importador mundial, cuja economia tem revelado debilidades –, tem sido o motor das quedas do petróleo.
A OPEP+ tem em vigor dois acordos de retirada de crude do mercado, que ascendem no total a 5,86 milhões de barris diários.
Um dos acordos implica um corte de produção voluntário, de 2,2 milhões de barris por dia, por parte de oito países – e eram esses membros da OPEP+ que iriam começar a libertar faseadamente o crude retido (entre outubro desde ano e setembro do próximo). Foi em novembro passado que se anunciou este corte adicional e voluntário de 2,2 milhões de barris por dia por parte da Arábia Saudita, Rússia, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Koweit, Cazaquistão, Argélia e Omã. Era suposto ser muito temporário e terminar em junho de 2024, mas decidiu-se entretanto que iria vigorar até setembro, para depois começar a ser gradualmente abandonado a partir de outubro - o que já não irá acontecer.
Há ainda um acordo de corte da oferta de 3,66 milhões de barris diários, definido em 2022 e 2023, e que se manterá em vigor pelo menos até ao final de 2025. Este acordo foi firmado na tentativa de travar a menor procura (também decorrente da pandemia e da invasão da Ucrânia – que reforçou as pressões inflacionistas e levou os bancos centrais a subirem os juros diretores), tendo sido decidido no ano passado que iria vigorarar também ao longo deste ano. E agora vai pelo menos até ao final de 2025.
(notícia atualizada às 16:39)