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O que trará 2016 aos preços do petróleo?

Há um ano e meio, o Brent do Mar do Norte, crude de referência para a Europa que é negociado em Londres, negociava acima dos 100 dólares por barril. Estava a apenas algumas semanas do início da queda dos preços. Agora, está a valer 44,40 dólares.

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Oil and Gas Outlook: What's Ahead in 2016?
20 de Novembro de 2015 às 20:32
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Os preços do petróleo nos mercados internacionais estão a negociar dentro de uma tendência baixista há quase um ano e meio, devido sobretudo ao excesso de oferta.

 

Numa semana em que foi divulgado um novo aumento das reservas norte-americanas de crude, o West Texas Intermediate, que é a referência desta matéria-prima nos Estados Unidos, segue a cair perto de 1%, a negociar ligeiramente acima dos 40 dólares, fasquia que chegou a quebrar na quarta-feira, 18 de Novembro. Desde o início do ano, a desvalorização é de 24,5%.

 

Em Londres, o Brent do Mar do Norte, que serve de referência às importações de Portugal, está a valer 44,40 dólares por barril. No acumulado do ano, perde 22,5%.

 

E à medida que nos aproximamos de 2016, que perspectivas há para a evolução do petróleo? Philipp Chladek, da Bloomberg Intelligence, comenta o futuro desta matéria-prima e diz que não vai haver uma grande retoma das cotações do "ouro negro" no próximo ano. E isto devido ao facto de haver muitos factores a pressionarem para a baixa.

 

"Há muita oferta. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) está a produzir o máximo que pode, a Rússia está a produzir o máximo que pode, a Líbia pode voltar, o Irão após as sanções vai tentar produzir ao máximo", comentou o especialista.

 

Por outro lado, acrescenta Chladek, "a procura é boa mas não forte o suficiente para fazer escoar o petróleo rapidamente".

 

O especialista sublinha que os sauditas e os seus parceiros da OPEP no Golfo Pérsico estão convencidos que a estratégia adoptada no ano passado está a funcionar e têm razão [deixarem os preços cair, sem intervirem directamente com um corte na produção total do cartel, para que os EUA não consigam suportar os custos - que são mais elevados - da produção a partir do xisto betuminoso] porque a produção norte-americana do ‘shale oil’ tem diminuído.

 

A questão é durante quanto tempo conseguirão continuar – especialmente a Arábia Saudita – nesse caminho financeira e economicamente, questiona-se.

 

"Os sauditas sofreram com isso [preços mais baixos], mas tal não os impede de prosseguir. Há outros membros da OPEP a sofrer mais com isto, como a Venezuela, Nigéria ou Argélia. E vai demorar mais alguns meses, ou até mesmo um ano, até a Arábia Saudita sentir essa mesma dor e poder pensar em mudar alguma coisa", responde Chladek, destacando que para a Arábia Saudita trata-se de uma situação "lose-lose", já que, se produzir ao máximo mantém os preços em baixa, ao passo que se cortar a produção os preços sobem e há menos procura.

 

Recorde-se que a OPEP tem mantido o plafond de produção dos 12 membros do cartel, com um objectivo de 30 milhões de barris por dia. Ou seja, a OPEP não tem agido como tantas outras vezes, reduzindo a oferta para fazer subir os preços. Porquê? Porque quer ganhar mais quota de mercado. O cartel tem assim apostado em que sejam os EUA e outros produtores a responsabilizarem-se pela redução da oferta excedentária.

 

Uma das razões apontadas pela Arábia Saudita para não se cortar o plafond de produção do cartel reside precisamente no ímpeto produtor dos norte-americanos. Segundo os sauditas, se os preços continuarem baixos, não compensará produzir petróleo a partir de xisto betuminoso, visto que são operações com um processamento muito dispendioso. Ora, tal como acontece com o petróleo do pré-sal brasileiro, que é prospeccionado a grandes profundidades, se as cotações do crude não estiverem num determinado patamar, não compensa estar a apostar numa extracção que sai muito dispendiosa.

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