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Declarações da Arábia Saudita levam petróleo a perder mais de 3% em poucos minutos
O petróleo passou de 54 para 52 dólares em poucos minutos depois do ministro da Arábia Saudita ter afirmado que prolongar os cortes de produção na OPEP por nove meses é suficiente.
Foi sugerido um corte mais acentuado na produção de petróleo, alguns membros da OPEP indicaram flexibilidade para tal, mas "pensamos que não é necessário". Esta declaração do ministro da energia da Arábia Saudita, Khalid Al-Falih, provocou uma descida abrupta na cotação do petróleo esta manhã, que está a ser marcado pela forte volatilidade.
Os preços da matéria-prima estavam a negociar em alta no início da sessão, com o mercado a incorporar a decisão da OPEP, que está reunida em Viena e deverá aprovar o prolongamento por nove meses dos níveis de produção definidos até final de Junho.
O ministro da Arábia Saudita, em declarações aos jornalistas citadas pela Bloomberg, afirmou ser "altamente provável" ser mesmo essa a decisão do cartel, mas fez mais comentários que provocaram uma reacção muito acentuada nas cotações, no espaço de poucos minutos.
O Brent, que negoceia em Londres, atingiu um máximo da sessão nos 54,67 dólares e depois dos comentários de Khalid Al-Falih recuou quase dois dólares para 52,80 dólares. Uma descida de mais de 3% num curto espaço de tempo.
Os preços recuperaram depois e seguem agora apenas em queda ligeira face ao fecho de ontem, com o mercado a absorver as várias declarações dos delegados da OPEP em Viena.
O ministro da Arábia Saudita explicou que prolongar o corte por nove meses é uma "aposta segura" e suficiente para equilibrar o mercado. Khalid Al-Falih adiantou que os cortes decididos em Novembro do ano passado estão a dar resultado, perspectivando uma descida dos "stocks" no terceiro trimestre.
Analistas citados pela Bloomberg explicam a forte volatilidade nos preços esta manhã com o facto de vários investidores terem ficado decepcionados por esperarem uma acção mais forte por parte da OPEP para impulsionar as cotações.
Ainda assim, os responsáveis da OPEP não deixaram de lado tomar mais medidas para contrariar a queda nas cotações e o excesso de oferta no mercado. "Temos dito que faremos tudo o que for preciso", afirmou Khalid Al-Falih. Os responsáveis da Rússia, externos ao cartel, e da Nigéria admitiram que da reunião de hoje poderá sair um compromisso para manter os cortes por mais três meses além de Março de 2018.
Preços devem estabilizar
Jens Nærvig Pedersen, analista do Danske Bank, realça que "nesta fase, o mercado ficaria provavelmente desapontado se apenas houvesse uma extensão de seis meses e positivamente surpreendido se os cortes fossem estendidos por 12 meses". Partindo do princípio de que não há surpresas, e o cartel aprova um prolongamento do acordo por nove meses, o especialista vê o Brent a cotar em 54/55 dólares.
Mais optimista está Harry Tchilinguirian. O responsável global pela estratégia de matérias-primas do BNP Paribas vê a matéria-prima a transaccionar num intervalo entre 55 e 60 dólares por barril, no mercado londrino, no terceiro trimestre. O prolongamento dos cortes, associado a um efeito de sazonalidade e à quebra dos inventários russos, deverá sustentar as cotações nestes níveis, explica.
Para o especialista do BNP Paribas, os cortes "são no melhor interesse dos produtores", cujas receitas foram afectadas no último ano pela queda das cotações. Daí que, "nesta fase, nenhum país está a questionar o estatuto especial do Irão, Líbia, ou Nigéria".
Apesar do aumento da produção nos EUA nos últimos meses, segundo dados da AIE, o controlo na produção permitiu aos membros da OPEP ganhar mais 75 milhões de dólares por dia no primeiro trimestre de 2017, face a 2016.