O que é mais caro, a gasolina ou o gasóleo? Não há dúvidas. É a gasolina. Isso é o que todos os condutores destes automóveis sabem, porque pagam mais por este combustível do que quem tem veículos a "diesel". Mas, agora, a gasolina está mais barata. Depois da queda expressiva registada no arranque desta semana, o litro já custa menos que o gasóleo. Só não está na "bomba".

A gasolina registou uma descida de cerca de cinco cêntimos por litro no arranque desta semana, acompanhando a tendência de queda das cotações nos mercados internacionais na última semana. Caiu mais do que os três cêntimos, em média, de redução registados no valor de venda do "diesel", facto que levou o custo da gasolina para 53,5 cêntimos. Ficou, antes de impostos, 0,7 cêntimos mais barata que o gasóleo.

Desde o início de Julho que tal não acontecia, já que a gasolina disparou ao longo deste Verão em resultado da crescente procura nos EUA. Com o arrefecer das temperaturas, reduzem-se as viagens, reduz-se a pressão sobre este combustível que assim voltou a custar menos que o "diesel" quando se olha para os preços antes de impostos. Com impostos, o gasóleo continua a ser o mais barato.

O preço médio da gasolina baixou, no arranque desta semana, para 1,418 euros, de acordo com os dados da DGEG. O "diesel", por seu lado, está a 1,161 euros, ou seja, 18% mais barato (25,7 cêntimos) que a gasolina. A diferença entre o preço do combustível antes e depois de impostos é grande, sendo reflexo do maior peso do ISP sobre a gasolina. Vale 61,8 cêntimos. No "diesel" é de 40,2 cêntimos.

A fiscalidade é bastante mais acentuada no caso da gasolina. De acordo com cálculos do Negócios, com base nos dados da DGEG, o peso dos impostos no litro da gasolina está, actualmente, em 62,2% do preço que é pago pelos consumidores nos postos de abastecimento. No "diesel" é menor, mas é mais de metade do preço afixado na "bomba": 53,3%.

Imposto histórico

Porque é a gasolina mais taxada que o gasóleo? "É histórico", diz António Comprido. "Tem, efectivamente, uma menor carga fiscal porque o gasóleo era, se recuarmos 20 ou 30 anos, usado no transporte pesado comercial e no ligeiro, nos táxis. Os carros privados usavam gasolina. A explicação é só por isso", contou, recentemente, o secretário-geral da Apetro, em entrevista ao Negócios.

Ou seja, a maior fiscalidade sobre a gasolina é apenas pela utilização do "diesel" para o trabalho. "Não é por ser mais ou menos poluente", remata, acrescentando que, actualmente, já não faz sentido manter esta diferenciação. Há uma proposta de revisão no sentido de haver uma neutralidade na taxação, que a Apetro subscreve. "Aí teríamos a gasolina e o gasóleo taxados ao mesmo nível", nota. E sendo que os preços antes de impostos estão iguais, os valores de venda também o seriam.