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Banco Mundial prevê queda mais acentuada dos preços das "commodities" desde a pandemia

O Banco Mundial prevê uma queda de 21% nos preços das matérias-primas face ao ano anterior. Ainda assim, os preços das principais "commodities" devem manter-se muito acima dos valores médios observados entre 2015 e 2019.

Com ou sem superciclo, a subida dos preços da generalidade das matérias-primas será uma constante ao longo deste ano.
Yves Herman/Reuters
27 de Abril de 2023 às 14:30
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Os preços das "commodities" vão cair ao ritmo mais rápido desde o surgimento da pandemia da Covid-19 este ano. A previsão consta de um relatório do Banco Mundial sobre o mercado das matérias-primas, que refere que isto deverá obscurecer as perspetivas de crescimento de quase dois terços das economias em desenvolvimento que estão dependentes das exportações de "commodities".

O banco prevê uma queda global dos preços das "commodities" de 21% face ao ano anterior. Mas mesmo com esta descida, os preços das principais matérias-primas deverão manter-se muito acima dos valores médios observados entre 2015 e 2019.

Dentro das matérias-primas, os preços da energia deverão recuar 26%, com o preço do Brent do Mar do Norte a negociar na fasquia dos 84 dólares - uma queda de 16% face à média do ano passado. Já os preços do gás natural, tanto na Europa como nos Estados Unidos, deverão cair para metade, enquanto os preços do carvão recuam 42%. 

No caso dos fertilizantes, o Banco Mundial prevê uma queda de 37% este ano, o que, a concretizar-se, será a maior em 12 meses desde 1974. "Contudo, os preços dos fertilizantes estão ainda perto do seu valor mais alto, visto pela última vez durante a crise de 2008-2009", alerta a instituição.

E uma queda de preços é também esperada para os metais, que no início do ano valorizaram ligeiramente. O recuo deverá ser de 8% face ao ano anterior, "devendo-se, sobretudo, a uma procura global mais fraca e uma oferta melhorada", justifica a economista Valerie Mercer-Blackman. "A longo prazo, contudo, a transação energética poderá aumentar significativamente a procura por alguns metais, como o lítio, o cobre e o níquel", acrescenta.

A queda dos preços não deverá, contudo, trazer um alívio significativo às milhões de pessoas alvo de insegurança alimentar. "Apesar de ser esperado que os preços recuem 8% em 2023, estarão no segundo nível mais alto desde 1975", alerta a instituição financeira, que apela aos governos que evitem restrições de exportações. 

"Os governos devem proteger os cidadãos com programas de apoio direcionados em vez de [optarem pelo] controlo de preços", refere o Banco Mundial, que diz em que os preços dos alimentos vão manter-se num dos valores mais altos das últimas cinco décadas. Em fevereiro deste ano, a inflação nos alimentos era de 20% a nível mundial, diz.

Ayhan Kose, chefe-economista da instituição, alerta que apesar da queda dos preços das "commodities" ao longo de 2022 ter ajudado a reduzir a inflação a nível global, há uma série de fatores que ameaçam dar gás às pressões inflacionistas.

"Os bancos centrais têm de manter-se vigilantes à medida que um conjunto de fatores, incluindo uma menor oferta do que o esperado de petróleo, uma recuperação mais intensa na China, uma intensificação de tensões geopolíticas e condições atmosféricas desfavoráveis, podem elevar mais os preços e reiniciar as pressões inflacionistas", afirma.
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