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Invista nos mercados emergentes através de multinacionais

Agora que Portugal está prestes a voltar a ser um mercado emergente, aposte em empresas de nações desenvolvidas mas que ganham com o crescimento das economias mais aceleradas.

Invista nos mercados emergentes através de multinacionais
29 de Dezembro de 2010 às 09:00
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Não deve faltar muito para Portugal voltar a ser classificado pelos investidores internacionais como um mercado emergente. Embora as regras não sejam uniformes, o produto interno bruto per capita é um indicador frequente na separação entre as economias mais avançadas e os mercados emergentes. Usando essa bitola, os portugueses já se encontram abaixo de países como a Coreia do Sul, que a MSCI, um dos principais agentes calculadores de índices bolsista, lança no grupo dos mercados emergentes. De qualquer maneira, até 2015, Portugal deverá voltar a esse grupo, que a MSCI diz que abandonou em Novembro de 1997. A economia lusa deverá descer algumas posições na lista dos estados com maior produto per capita, segundo o Fundo Monetário Internacional, devido ao terceiro pior crescimento do mundo nos próximos cinco anos.

A despromoção de Portugal poderia ser vista como positiva para os investidores bolsista se fosse verdade a crença habitual que diz que os mercados emergentes rendem mais do que os desenvolvidos. "A sua rendibilidade de longo prazo tem sido menos espectacular do que muitos imaginam", explicam Elroy Dimson, Paul Marsh e Mike Staunton, investigadores da London Business School. A tripla é conhecida por ter o mais longo estudo de desempenho de acções, que abarca mais de um século de história bolsista. "E embora eles [emergentes] tenham superado os mercados desenvolvidos em 10 por cento por ano na última década, é imprudente esperar que isso persistirá", avisam. Os investigadores estimam que o sobredesempenho seja próximo de 1,5 por cento por ano no futuro, "o que reflecte uma compensação pela risco mais elevado".

Uma alternativa de menor risco para obter uma exposição aos mercados emergentes é adquirir acções de empresas com sede nos mercados desenvolvidos mas que tenham uma significante fonte de receitas fora deles. O Negócios foi à procura das maiores multinacionais mais populares entre os analistas com forte presença nos mercados emergentes.





Cinco empresas que vão dar ganhos 2011


Apple: Crescimento de três dígitos
Os produtos da Apple, que vão desde o minúsculo reprodutor de música iPod shufle aos computadores Mac, vendem-se em todo o mundo. Aliás, o sucesso internacional do iPod levou a Commonwealth Securities a criar um índice sobre o produto para testar quais as divisas que estão sobre e subavaliadas. Em Outubro, na última revisão do índice (que copia a ideia original da revista "The Economist" que usa hambúrgueres da McDonald's), o euro estava sobrevalorizado face ao dólar norte-americano.

A vendas do iPhone e do mais recente iPad (lançado em Abril) são um sucesso em todo o planeta, mas o maior crescimento tem o epicentro na China e na Coreia do Sul. A facturação do grupo na região da Ásia-Pacífico aumentou 160 por cento nos 12 meses até ao final de Setembro, mostra o relatório anual da Apple. Por enquanto, a Ásia-Pacífico representa 7 por cento da vendas do grupo, mas é tendência é para aumentar.





Coca-Cola: À venda em 200 países
É provável que possa beber uma Coca-Cola em qualquer país do mundo. A companhia homónima afirma que a bebida é vendida em mais de 200 países e territórios. Embora a América do Norte e a Europa sejam os consumidores mais ávidos de Coca-Colas e de outras bebidas do grupo (Sprite, Fanta, Powerade, etc.), os últimos números mostram que 44 por cento do volume de negócios da Coca-Cola é realizado fora dessas regiões. No terceiro trimestre do ano foi nos mercados menos desenvolvidos que se registou as maiores subidas. Rússia (onde a firma facturou mais 30 por cento), Brasil, China, Coreia do Sul e Filipinas são alguns dos maiores mercados que aumentaram o volume de vendas em mais de 10 por cento no trimestre.

O sucesso da Coca-Cola permite investir nos mercados emergentes e continuar gozar a reputação de melhor pagadora de dividendos do mundo. A companhia nunca falhou um pagamento de dividendos desde 1893, um ano depois de Asa Candler a fundar, e há 48 anos que aumenta o pagamento anual.





Google: Afastado da China
Há 2 anos que o número de utilizadores de internet da China ultrapassou o número norte-americano. Estima-se que, actualmente, sejam cerca de 470 milhões de chineses que se ligam à internet. Além de serem muitos, passam muitas horas à frente dos computadores: quase 20 horas por semana, de acordo com a entidade supervisora chinesa do sector. Porém, a Google não é um dos motores de pesquisa preferidos dos chineses. O Baidu, no qual a Google já foi um investidor de referência, absorve 73 por cento de quota de mercado, seguido pelos 25 por cento do motor de pesquisa da companhia americana. A Google passou a redireccionar os visitantes da China Continental para a sua página de Hong Kong, de modo a evitar a censura que o governo chinês impunha.

Embora o crescimento chinês não seja captado na totalidade pela Google, a facturação fora dos Estados Unidos da América já é superior à obtida no país, mostra o último relatório financeiro da firma. A Google ganha dinheiro através da publicidade que mostra nas suas páginas e nos sítios aderentes à sua rede publicitária.





HSBC Holding: Origem no centro da Ásia
"Somos o banco local do mundo" - é assim que se define o HSBC Holding. A sua presença internacional justifica a descrição: tem 8000 balcões e 100 milhões de clientes espalhados por 87 países e territórios. Mas a sua origem prova que é um banco voltado para os mercados emergentes: nasceu em Hong Kong em 1865, quando a região ainda era um território britânico, e avançou posteriormente para Xangai. A sua sede actual é a 10 quilómetros da residência oficial da Monarquia britânica em Londres.

Hoje, o HSBC continua a ser o maior banco de Hong Kong, mas é no Reino Unido onde tem mais agências. Logo atrás surge o Brasil e o México. No primeiro semestre do ano, dois terços do lucro antes de imposto do grupo foi obtido fora da Europa e da América do Norte. A Ásia-Pacífico é responsável por mais de 50 por cento dos resultados, em especial Hong Kong e China continental.

O HSBC Holding é a terceira sociedade mais valiosa da bolsa de Londres. Vale o equivalente a 40 vezes o Banco Espírito Santo.





Vodafone: 80 mil indianos novos por dia
O Vodafone Group, que tem a sua sede localizada a uma centena de quilómetros de Londres, é a maior operadora de telecomunicações móveis e, logo, tem uma forte presença nos mercados emergentes. Actualmente, um terço do volume de negócios do grupo é obtido na Europa Central, África, Ásia, Pacífico e Médio Oriente. É na Índia que a Vodafone tem obtido o maior crescimento: entre Março e Setembro, a facturação nesse país aumentou 14,7 por cento. Nesse intervalo, o número de indianos clientes da empresa subiu 14,7 milhões, o que significa que todos os dias aderiram mais de 80 mil pessoas aos tarifários de telecomunicações do grupo. "Nos mercados emergentes, a Índia ganhou o segunda posição por volume de negócios, a África do Sul reteve o primeiro lugar e a Turquia está agora a gerar um lucrativo crescimento de dois dígitos das receitas", contou Vittorio Colao, o presidente executivo da Vodafone. Depois de abandonar o mercado chinês, o grupo elegeu naturalmente a Índia como principal aposta, a par com África.






Evite a guerra cambial

As nações estão a desvalorizar as suas moedas para a indústria ganhar competitividade. Os investidores podem perder com isso.

Ao cunhar a expressão "guerra cambial", Guido Mantega, o ministro da Fazenda do governo brasileiro de Lula da Silva, descreveu o que muitos já sabiam: vários países competem entre si desvalorizando as suas divisas para tornar as suas indústrias mais competitivas a nível internacional. O Brasil está a tomar medidas defensivas, como o recém-lançado imposto de 6 por cento sobre as aquisições estrangeiras de obrigações nacionais. A China fixou os movimentos do yuan ao dólar norte-americano. A Reserva Federal estado-unidense inunda o mercado de dólares ao comprar milhares de milhões em obrigações dos Estados Unidos da América. O Banco Central Europeu também anda a comprar obrigações soberanas, mas não se percebe se é para combater na guerra cambial ou se é para salvar as nações endividadas, como Portugal, Grécia e Irlanda. Já há algumas baixas nesta guerra: no início do ano, Hugo Chávez teve de desvalorizar o bolívar em 50 por cento e o Zimbabué abandonou completamente a sua divisa depois de ter registado uma inflação de 500 mil milhões por cento em 2009.

Para os investidores globais, a guerra cambial não pode ser uma boa notícia. A qualquer momento pode ocorrer uma batalha que deprima o património internacional dos aforradores. Aqueles que não têm capacidade para se proteger individualmente da flutuação do euro face às outras moedas, só podem socorrer-se junto de fundos de investimento que fazem cobertura cambial. Estes produtos investem noutros mercados, mas não perdem (nem ganham) quando os câmbios mudam.

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