A Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económicos (OCDE) considera que os fundos de "hedge funds" têm um impacto positivo nos mercados financeiros mundiais e que os riscos que lhe são associados são menores do que se teme.

Em causa está a grande liquidez que levam aos mercados mais pequenos. Pela negativa, chama a atenção para o risco de não se saber como muitos destes fundos vão reagir numa situação adversa de mercado.

No relatório sobre a estabilidade dos mercados financeiros, divulgado esta semana, a organização mundial considera que "os "hedge funds" têm um papel fundamental em providenciar liquidez aos activos subavaliados - através de oportunidades de arbitragem - particularmente quando dão muito volume a mercados pequenos. Esta actividade reduz a volatilidade".

Têm sido vários os países, com destaque para a Alemanha, que têm feito fortes críticas sobre os "hedge funds", principalmente por serem instrumentos que não estão regulados e que, por isso, têm uma liberdade de acção maior que os típicos fundos de investimento. E um dos pontos mais criticados tem sido a possibilidade de alavancar as suas compras em dívida, para maximizar os retornos.

No entanto, a OCDE considera que "este tipo de engenharia financeira não tem risco implícito. Isto porque a alavancagem é utilizada para obter algum retorno por parte de fundos que têm um nível de risco médio/baixo e que não estão dependentes da direcção do mercado."

No entanto, existem alguns riscos. O relatório aconselha a que os investidores neste género de activos tenham prudência pois muitos deles ainda não foram testados em situações de queda de mercado, alturas em que deveriam contrariar, ou minimizar, essas perdas (daí o nome "hedge").

A OCDE estende ainda este aviso para os subscritores de produtos estruturados (como os de capital garantido) que, além de poderem penalizar os seus subscritores, poderão também ter efeitos graves nas contas dos bancos que os gerem.

Valor gerido atinge 1 bilião de euros

O relatório da OCDE revela ainda que os "hedge funds" tinham, em meados de 2006, cerca de 1,4 biliões de dólares ( cerca e 1 bilião de euros) na sua carteira, mas que, devido ao uso de dívida, o valor total dos seus investimentos poderá rondar os 3,8 biliões de dólares (2,8 biliões de euros), quase três vezes mais.

Isto fica, no entanto, muito aquém do valor total de activos sob gestão em fundos de investimento. Na União Europeia, os "hedge funds" gerem 88 mil milhões de euros. "O crescimento nos últimos dois anos tem sido muito forte", remata a OCDE.