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Swaps: Santander está a ganhar 3-1 às empresas no Supremo
O Santander teve até ao momento quatro decisões proferidas pelo Supremo Tribunal de Justiça relativos a "swaps" com empresas privadas: soma três vitórias e uma derrota. Há ainda uma decisão desfavorável ao BBVA.
Ainda não há jurisprudência sobre contratos de "swaps" em Portugal. Enquanto grande parte das situações com empresas privadas vão sendo resolvidas por acordo entre as partes, continua a sair dos tribunais decisões contraditórias – da primeira instância, da Relação e até do Supremo Tribunal de Justiça (STJ).
O Supremo proferiu até ao momento cinco decisões sobre estes produtos, três delas favoráveis ao Santander e duas contra (uma desfavorável ao Santander e outra ao BBVA).
A última decisão do STJ, datada de 26 de Janeiro passado, confirmou o acórdão da Relação de Lisboa e declarou válido o contrato de "swap" celebrado em Julho de 2008 entre o Santander Totta e a empresa de papel Dogel, de Ermesinde, referente a um empréstimo de dois milhões de euros.
De acordo com o acórdão, o contrato de gestão de risco financeiro, ainda que meramente especulativo, é um contrato válido, pelo que não é atendida a pretensão da Dogel no sentido da declaração da sua nulidade.
Para o Supremo, não se justifica terminar o contrato com base no argumento de alteração anormal das circunstâncias, uma vez que as crises económicas são inerentes aos sistemas capitalistas e apenas situações de gravidade extrema, como uma guerra, podem conferir um factor de exterioridade a uma crise do sistema. Em síntese: segundo este acórdão, os contratos de "swap" são realizados para serem executados num sistema com risco.
Santander ganha mais dois e perde um
Cerca de um mês antes, a 13 de Janeiro, o mesmo Supremo rejeitou um recurso extraordinário à decisão que havia condenado o Santander a pagar 2,2 milhões de euros à Fábrica de Papéis dos Cunhas, de Lousada, com a qual tinha celebrado três contratos de "swaps", no início de 2005, considerado nulo.
"Verifica-se que inexiste a oposição de julgados que fundamenta o presente recurso extraordinário, o que, como se disse, conduz inelutavelmente à conclusão de que o mesmo deve ser liminarmente rejeitado", lê-se no acórdão, confirmando uma decisão contrária à tomada pela Relação, que tinha considerado esses contratos nulos.
Entretanto, a Papéis da Cunha, que tinha mudado de denominação para Sweatbusiness, faliu.
Contrariando o veredicto das instâncias anteriores, um outro acórdão do Supremo, datado de 19 de Junho do ano passado, deu razão ao Santander contra a Turismadeira, uma empresa de promoção e exploração de empreendimentos turísticos.
O STJ declarou então nula a liquidação efectuada pelo banco de 1,1 milhões de euros em 2010, considerando que a instituição financeira prestou as informações e esclarecimentos que lhe eram exigíveis.
Meia dúzia de meses antes, já o Supremo tinha vindo confirmar as decisões da primeira instância e da Relação, tendo dado razão ao Santander, num caso em que envolvia a Cardoso & Costa, uma pequena empresa de construção civil de Gondomar.
Neste caso, o Supremo concluiu que o "’swap’ é um acordo contratual entre duas partes que aceitam trocar, ao longo do tempo e segundo regras predeterminadas, uma série de pagamentos correspondentes a um valor nocional (hipotético) de capital entre elas negociadas".
Peúgas de Barcelos ganham ao BBVA
Em Outubro de 2013, naquele que foi o primeiro acórdão do STJ sobre contratos de "swaps", o Supremo anulou um contrato do BBVA, fundamento a decisão na "alteração relevante de circunstâncias" gerada pela queda abrupta das taxas de juro.
"Perante o desequilíbrio supervenientemente ocorrido, a exigência do cumprimento do contrato revelar-se-ia manifestamente abusiva…", lê-se no acórdão. No caso, o BBVA foi condenado a restituir 44,7 mil euros à fabricante de peúgas Faria da Costa, de Barcelos.