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"Sistema financeiro está a ser testado". FMI vê agravamento "significativo" de riscos

A autoridade liderada por Kristalina Georgieva considera que os bancos centrais têm ferramentas suficientes para separar os objetivos de política monetária e de estabilidade financeira, permitindo continuar o combate à inflação.

O Fundo Monetário admite que as regras orçamentais de nada serviram para evitar montanhas de dívida, mas defende que devem existir para credibilizar os Estados.
Yuri Gripas/Reuters
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A queda de bancos regionais nos Estados Unidos e a perda de confiança no Credit Suisse foram uma "poderosa lembrança" dos desafios causados pela interação entre política monetária e condições financeiras mais restritivas e a acumulação de vulnerabilidades. O alerta é feito pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que vê um forte agravamento nos riscos.

"Os riscos à estabilidade financeira aumentaram significativamente à medida que a resiliência do sistema financeiro global enfrentaram uma série de graves testes", refere o FMI, no mais recente Relatório de Estabilidade Financeira Global, divulgado esta terça-feira.

Lembra que, no seguimento da crise financeira global, os mercados aumentaram a exposição a risco de liquidez, duração e crédito para fazer face aos baixos juros, volatilidade limitada e ampla liquidez. Esta estratégia impulsionou os retornos, mas também as vulnerabilidades.

Os riscos consubstanciaram-se na queda do Silicon Valley Bank e do Signature Bank nos EUA, bem como a venda para evitar a falência do Credit Suisse. "Ampliados por novas tecnologias e o rápido alastrar da informação através das redes sociais, o que inicialmente pareciam eventos isolados no setor bancário dos EUA rapidamente alastrou aos mercados financeiros de todo o mundo, causando um 'sell-off' dos ativos de risco", lembra.

O reajustamento das expectativas em relação às taxas de juro dos bancos centrais foi de uma magnitude e escala comparáveis à "Black Monday" em 1987. Em consequência, os decisores políticos tiveram de agir para reduzir a ansiedade no mercado.

"A questão fundamental que confronta participantes de mercado e decisores políticos é se estes recentes eventos são prenúncio de mais stress sistémico que vá testar a resiliência do sistema financeiro global ou simplesmente uma manifestação isolada dos desafios", questiona o FMI.

Apesar da organização afastar dúvidas sobre a eficácia das mudanças regulatórias levadas a cabo após a crise financeira (especialmente em relação aos grandes bancos) em tornar o sistema mais resiliente, "mantém-se preocupações sobre as vulnerabilidades que podem estar escondidas, não só nos bancos, mas também nos intermediários financeiros não bancários" como fundos de investimento, de pensões ou seguradoras.

Segundo o FMI, o sistema financeiro "está a ser testado" por inflação mais elevada e subida das taxas de juro, numa altura em que a evolução dos preços continua acima da meta dos bancos centrais. A emergência de "stress" nos mercados financeiros "está a dificultar a tarefa".

Ainda assim, a autoridade liderada por Kristalina Georgieva considera que a disponibilidade de ferramentas permite aos bancos centrais separarem os objetivos de política monetária dos de estabilidade financeira, permitindo continuar o aperto monetário para fazer face às pressões inflacionistas.

"Se as pressões financeiras se intensificarem significativamente e ameaçarem a saúde do sistema financeiro face à elevada inflação, os decisores políticos devem agir prontamente para prevenir qualquer evento sistémico. Caso tenham de ajustar o posicionamento político, devem comunicar de forma clara a sua contínua estratégia para trazer a inflação de volta à meta à medida que o stress financeiro diminui", acrescenta.
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