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Sem recuo na inflação, Powell pede “paciência” com juros elevados
“O primeiro trimestre nos EUA foi notável pela falta de progressos adicionais na inflação”, afirmou o presidente da Reserva Federal, que mantém a política restritiva "durante o tempo que for apropriado". A economia do outro lado do Atlântico segue resiliente, mas Powell afasta nova subida das taxas de juro.
Os resultados do primeiro trimestre da economia dos Estados Unidos defraudaram as expectativas da Reserva Federal, que não vê progressos na inflação, o que não deixa alternativa ao banco central se não prolongar as taxas de juro elevadas até algum sinal de alívio.
Até lá, o presidente da Fed, Jerome Powell, pede "paciência". Num encontro internacional de banqueiros em Amesterdão, esta terça-feira, o número um do banco admitiu que não esperava que este fosse "um caminho tranquilo", mas que os dados da inflação até agora "foram mais altos do que o que alguém esperava".
"O primeiro trimestre nos Estados Unidos foi notável pela falta de progressos adicionais na inflação. O que isso nos diz é que precisamos de ser pacientes e deixar que as políticas restritivas façam o seu trabalho", indicou.
A esperança é que a inflação caia mensalmente, mas só o tempo dirá se a política adotada é "suficientemente restritiva" para baixar a inflação aos 2%.
Ainda assim, Powell descansou os investidores ao garantir que uma nova subida dos juros diretores não está em cima da mesa e que, caso a inflação prossiga elevada e a economia norte-americana a ela resiliente, prefere manter a taxa "durante o tempo que for apropriado" no nível atual - entre 5,25% a 5,50%, o valor máximo de 23 anos.
No entanto, em contracorrente seguem os dados atualizados dos números da inflação no produtor nos EUA, que não favorecem o cenário de flexibilização. Em abril, o indicador acelerou 0,5%, o que compara com uma estimativa de 0,3% dos analistas ouvidos pela Reuters. Em termos homólogos, a taxa subiu 2,2%, depois de no mês anterior ter sido de 1,8%.
"Misto". Esta foi a descrição de Powell sobre o relatório divulgado esta terça-feira, um dia antes de ser atualizado um dos indicadores mais importantes para a Fed avaliar a política monetária do país: o índice de preços no consumidor, ou IPC, na sigla em inglês.
Os economistas consultados pela Bloomberg estimam que os preços subiram 3,4% face ao ano anterior, o que pode retirar força à onda de apostas dos investidores num primeiro corte das taxas de juro em setembro.