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Caos será inevitável nos primeiros dias depois de Brexit

Os britânicos vão às urnas votar se ficam ou se abandonam a União Europeia. E, se o resultado da votação for a favor da saída, os primeiros 100 dias serão de caos e de tentativa de limitação de danos.

14 de Junho de 2016 às 12:10
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Nove dias. É o período temporal que nos afasta da votação que irá decidir se os britânicos ficam ou não na União Europeia. Mas o que acontecerá se votarem a favor do Brexit? Não há ainda nenhum cenário traçado para esta possibilidade, mas os primeiros 100 dias serão de caos e controlo de danos.

Ao contrário do que se previa há alguns meses, a possibilidade do Reino Unido votar a saída da UE começa a ganhar força, com quatro sondagens a colocarem o Brexit à frente. Apesar da campanha a favor da saída, Bruxelas continua sem elaborar cenários com os procedimentos a seguir caso se confirme este resultado, para evitar alarmismos, segundo fontes oficiais citadas pela Bloomberg.

Os tratados iniciais da UE nem sequer concebiam a possibilidade de um Estado-Membro abandonar a União. Apenas foi admitida esta possibilidade numa nova legislação realizada em 2009, pelo que a saída de um país será uma novidade. A Bloomberg traçou aquilo que poderá acontecer nos primeiros 100 dias após a votação.

As primeiras 24 horas

Se os britânicos votarem a saída, a primeira reacção da União Europeia deverá ser convocar uma reunião de emergência para traçar um plano de acção, de modo a controlar os riscos de um Brexit. Segundo os cenários traçados pela Bloomberg, os responsáveis deverão ter em especial atenção a instabilidade nos mercados financeiros, a desvalorização acentuada da libra, numa primeira reacção ao referendo, bem como intervenções mais agressivas do banco central suíço para travar a subida do franco.

A reacção mais forte deverá ser sentida no mercado cambial, com a moeda britânica a afundar. Os analistas consultados pela Bloomberg estimam que, no dia seguinte ao referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia, a libra possa descer para o nível mais baixo em mais de três décadas face ao dólar em caso de vitória do "sim".

Face a este cenário, os países com maior tradição na União poderão tentar ganhar iniciativa. Alemanha e França poderão, assim, tentar elaborar um compromisso para aprofundar a integração e reforçar os princípios da UE, logo no dia 24 de Junho.

"A União Europeia vai precisar de ter uma estratégia credível", defendeu Guntram Wolff. O director do Bruegel, o mais influente "think tank" de Bruxelas, refere que "para evitar a desintegração gradual da UE, os líderes políticos vão precisar de fortalecer a atractividade da UE e especialmente a aliança franco-alemã".

A primeira semana

Mas, esta será a resposta imediata ao referendo. Nos dias seguintes à votação, os restantes países da UE deverão demonstrar a sua reacção ao Brexit, sendo que poderão surgir movimentos nacionalistas noutras regiões.

Segundo a Bloomberg, poderá ser convocado um encontro de emergência para o fim-de-semana, 25 de Junho, sem a presença do Reino Unido, para discutir o futuro e dar um sinal de união um dia antes das eleições em Espanha, agendadas para 26 de Junho.

A saída do Reino Unido poderá acelerar divisões no seio da União, com países como a Hungria, Polónia e Suécia a oporem-se ao domínio franco-alemão. Além disso, países que não fazem parte do euro irão perder o seu principal parceiro comercial.

Os primeiros 100 dias

Com a passagem do tempo, outros países poderão manifestar a intenção de levar a referendo a continuidade na União. No entanto, com eleições marcadas para a Holanda, França e Alemanha no próximo ano, os líderes europeus poderão tentar adiar estas votações.

Pressões sobre os países da periferia para cumprir metas orçamentais e implementar reformas estruturais poderão passar para um segundo plano, com os países da UE empenhados em manter a coesão do grupo. Outras questões como a crise dos refugiados ou a instabilidade na Ucrânia também deverão deixar de estar no centro das atenções.

Nesta fase, o Reino Unido poderá já ter um novo primeiro-ministro. E o próprio país poderá estar a braços com um novo referendo, para votar a independência da Escócia.

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